Morreu na noite de quinta-feira (15/5) a cantora Maria Lúcia Godoy, uma das grandes vozes do canto lírico no Brasil, aos 100 anos. O corpo da artista será velado nesta sexta-feira (16/5), no foyer do Palácio das Artes, a partir das 10h. O enterro será às 17h no Cemitério do Bonfim. 

Natural do município de Mesquita, na região do Rio Doce, Maria traçou um caminho importante na música brasileira. Em setembro do ano passado, a cantora teve o centenário celebrado em uma Reunião Especial de Plenário na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).  

 Em 2016, Maria Lúcia recebeu o título de doutora Honoris Causa pela UFMG, sendo a 21ª personalidade a receber o honorífico.

Mineira de Mesquita, no Vale do Rio Doce, Maria Lúcia Godoy foi uma das maiores vozes do canto lírico

Arquivo EM/D.A Press

"É um fenômeno desses que só acontecem a cada, sei lá, cem anos; é como Charles Chaplin, Beatles, Walt Disney, essas expressões que marcam a cultura mundial de uma forma muito profunda”, diz o sobrinho da artista, Daniel Godoy, buscando dar a dimensão da grandeza de sua tia.

A artista despontou como solista do coro Madrigal Renascentista, fundado nos anos 1950, e, uma década depois, já ocupava algumas das principais salas de concerto da Europa e dos Estados Unidos, interpretando desde óperas como “La Traviata” até clássicos da música popular brasileira, como “Travessia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

No Brasil, Maria Lúcia também desfrutou de amplo reconhecimento, não só no campo da música, mas em outras áreas da produção artística e na esfera política.

Sua voz chegou a ser comparada a um “pássaro voando” pelo poeta Ferreira Gullar e a “ouro que não se destrói” por Carlos Drummond de Andrade. Juscelino Kubitschek a convidou, ainda nos primeiros anos de sua carreira, para se apresentar na inauguração de Brasília.

Outro grande expoente do canto lírico, a soprano Bidu Sayão a considerava sua “única sucessora” e “a maior intérprete de Heitor Villa-Lobos no mundo”. É de Maria Lúcia a mais célebre gravação da “Bachiana brasileira nº 5”, lançada nos anos 1970.

"O pessoal todo ficava louco com ela, Drummond, Juscelino, Ferreira Gullar, Tancredo Neves, Paulo Mendes Campos, Tom Jobim, de quem era muito amiga, muito próxima”, destaca o sobrinho, que, junto com a família, guarda o acervo da artista.

 

O maestro da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Fábio Mechetti, lamentou a morte da artista e relembrou seu contato com ela, em nova divulgada à imprensa. 

“Lamentamos a morte da grande soprano brasileira Maria Lúcia Godoy, nome emblemático do canto lírico brasileiro. Tive duas graças apenas para trabalhar com ela, mas ambas foram marcantes. A primeira foi em Nova York, quando ainda era estudante, e fui convidado para dirigir um concerto, celebrando o barroco mineiro, numa exposição de arte promovida pelo governo de Minas naquela cidade", lembrou o maestro.

"Na ocasião, apresentei a 'Missa em Mi bemol', de Lobo de Mesquita, na qual ela se ressaltou, como sempre, pelo belo timbre e pela afinação impecável que tinha. Algum tempo depois, no Festival de Campos do Jordão, tive a oportunidade de regê-la numa obra que quase se identificou com a pessoa e artista que era: a 'Bachiana brasileira nº 5', de Villa-Lobos", prosseguiu o regente da Filarmônica.

"A Cultura perde um grande artista, que sempre se impõe pelo talento, pela integridade e pelo amor à música.”

 

Depois de se destacar na cena do rap de BH, a cantora Paige, criada nos bairros Tirol e Califórnia, apostou no pop com o disco 'Esse é o meu mundo', com 11 faixas, lançado em janeiro de 2025. A sonoridade vai do funk e boom bap ao R& B, passando pelo samba. Ela estreou na carreira solo em 2019, mas canta desde os 13, fez parte do coral do Instituto de Educação de MG e também lançou os EPs 'Babygirl' e 'Pretchucka'. Alexandre Stehling/divulgação
Criada em Contagem, na Região Metropolitana de BH, a cantautora Augusta Barna chamou a atenção com o disco de estreia, "Sangria desatada", que lhe rendeu o Prêmio Flávio Henrique em 2023, concedido pelo BDMG Cultural. Elis Regina, Chico Buarque, Tim Maia e Rita Lee são referências para o trabalho dela. Instagram/reprodução
A jovem Iza Sabino tem 10 anos de carreira. Foi criada em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, e chama a atenção na cena do hip-hop. Ela mesma cria as batidas de seu rap, papel exercido muito raramente por mulheres. Em 2024, lançou o segundo álbum solo, "Grande", que contou com a participação de Djonga, o astro mineiro do hip-hop. O disco de Iza foi apresentado ao público durante a Virada Cultural de BH. Coniiin/divulgação
Violinista, guitarrista, compositora e cantora, Nath Rodrigues é de Sabará. Integrante do coletivo Negras Autoras, tem carreira multifacetada, com trabalhos também no teatro. O disco de estreia, "Fractal", tem 11 faixas autorais e participações de Chico Cesar e Maira Baldaia. Em 2024, apresentou-se ao lado da cantora Adriana Araújo e da Sinfônica de Minas Gerais na homenagem da orquestra a Dona Eliza, pioneira da Velha Guarda do Samba de BH. É vencedora do Prêmio Flávio Henrique, concedido pelo BDMG Cultural, e participou várias vezes da Virada Cultural de BH. Carlos Hauck/divulgalçao
Cantora, compositora, instrumentista e arranjadora, Marina Ferraz faz parte do Trio Amaranto, ao lado das irmãs Flávia e Lúcia, desde 1998. Ano passado, Marina assumiu a face autoral e lançou o álbum solo "Sustento", com 11 faixas assinadas por ela. Acervo pessoal
Em 2024, Luiza Brina lançou "Prece", álbum que contou com a participação de uma orquestra inteiramente composta por mulheres de cinco nacionalidades, integrantes da Sinfônica de Minas Gerais, Filarmônica de MG e Orquestra Ouro Preto. O disco reúne "orações" compostas por Luiza durante mais de 10 anos. As primeiras se relacionavam diretamente com crises de pânico, mas, com o tempo, outras temáticas foram ganhando espaço. Silas H/divulgação
Nascida na Pedreira Prado Lopes, em Belo Horizonte, a cantora Adriana Araújo está entre os talentos do samba de Minas Gerais. É constantemente comparada com Alcione, de quem é grande fã. Adriana já dividiu o palco com Jorge Aragão, Leci Brandão, Fundo de Quintal e Mart’nália, entre outros sambistas. Seu show (foto) foi um dos destaques da Virada Cultural de BH em 2024. Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

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 *Estagiária sob supervisão do editor Benny Cohen

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