TALENTO FEMININO

Simpósio discute o protagonismo feminino na música, no Conservatório UFMG

Com nomes como Joyce Moreno e Sima Mashazi, o evento celebra a diversidade, hoje e amanhã (26 e 27/6), com debate sobre a representatividade no mercado musical

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Minas Gerais é terra de Skank e Clube da Esquina, mas também de Clara Nunes (1942-1983) e Marina Sena. Pensando no protagonismo feminino no mercado fonográfico, a produtora cultural Beth Santos realiza, hoje e amanhã (26 e 27/6), a terceira edição do Simpósio Mulheres na Música.

Com 20 convidadas, a programação ocupa pela primeira vez o Conservatório UFMG. As duas primeiras edições aconteceram no BDMG Cultural, fechado no fim do ano passado sem justificativa clara, gerando manifestações de indignação em diversos setores da cena artística

O evento coloca os holofotes não apenas sobre artistas, mas também sobre técnicas, produtoras, gestoras e pesquisadoras, trazendo às mesas de debate temas atuais da música feita por mulheres. A abertura ocorrerá às 9h30 desta quinta-feira, com mesa que discute estratégias de sobrevivência na cena independente e a construção de festivais. Participam Débora Campos, Carol de Amar, Pat do Brasil e Paola Berto.

"São grandes produtoras da cidade, que vão falar sobre a importância de toda a cadeia da música", diz Beth Santos, idealizadora do projeto, que atua há 35 anos nos bastidores da produção cultural.

Em seguida, às 11h30, a trajetória da mulher na música será tema da conversa com Nega Té, Titane, Lua Zanella e Fernanda Alves. Nesta edição, o simpósio amplia seus horizontes com a presença da primeira convidada internacional. O dia se encerra com bate-papo com a cantora, compositora e atriz sul-africana Sima Mashazi, que se apresentou ontem em BH como parte da programação do Savassi Festival.

"A presença dela abrilhanta o festival. Vamos conversar sobre como uma pessoa que está em outro país pode ter os mesmos desafios que as cantoras daqui", conta Beth.

Se antes era comum ver festivais de música sem destacar a participação de mulheres, hoje isso começa a mudar. O mercado avançou, ainda que lentamente, para a maior presença feminina nos catálogos dos grandes eventos.

Beth Santos ressalta que é preciso ir além. A representatividade das instrumentistas também deve ser debatida. "Existem pouquíssimas mulheres acompanhando grandes músicos em grandes eventos", aponta.

Inspiração

O destaque da programação de sexta-feira (27/6) é a participação da cantora Joyce Moreno. A partir das 9h30, ela divide a mesa com mediação da jornalista Flavinha Moreira e participação da cantora e pianista Ifátókí Maíra Freitas e da flautista Marcela Nunes.

“A Joyce é uma inspiração para todas nós mulheres, não só instrumentistas ou compositoras. Ela tem mais de 40 discos gravados, foi indicada várias vezes ao Grammy (Latino) e é reconhecida internacionalmente”, elogia Beth Santos.

Natural de Belo Horizonte, Marcela Nunes se dedica à flauta transversal há mais de duas décadas. Vai participar da mesa que tem como tema as mulheres do jazz brasileiro.

Para ela, embora o gênero dialogue com a liberdade e a mistura de influências, ainda há um longo caminho quando se trata de representatividade feminina.

"Quando falamos de jazz no Brasil, estamos falando de um universo enorme. O jazz é um gênero que, quando chega aqui, se mescla com outros estilos. É uma linguagem muito livre, que tem a característica de comungar e incorporar outras sonoridades. Mas, apesar de estarmos em 2025, ainda é um ambiente muito masculino. As mulheres são pouquíssimo conhecidas no nosso meio. A gente precisa falar das musicistas que estão fazendo esse tipo de som", afirma.

Ela também destaca a importância dos debates levantados pelo simpósio. "A gente não pode naturalizar o fato de que o meio musical ainda tenha tão pouco espaço para nós. A ideia é discutir a atuação das mulheres, até onde a força criativa delas chega – ou não chega. Acho que é muito importante que a gente se proponha não só a tocar, mas também a levantar essas questões, a debater isso", completa Marcela.

Beth Santos destaca que o simpósio busca ser um espaço de troca aberto a todos, não apenas às mulheres.

"Esses dois dias são para todo mundo, não só para nós, mulheres. É um espaço em que queremos debater, escutar, acolher", afirma. "Espero que o simpósio nos ajude a conquistar mais representatividade em toda a cadeia produtiva da música", conclui.

PROGRAMAÇÃO

26 de junho (quinta-feira)
• 9h30 às 11h. Mesa: Mulheres na música independente – estratégias de sobrevivência
Mediação: Débora Campos (produtora cultural)
Convidadas: Carol de Amar (curadora e gestora cultural), Pat do Brasil (cantora e compositora), Paola Berto (produtora executiva e gestora cultural)
• 11h30 às 13h. Mesa: Do bastidor aos holofotes – a jornada da mulher na música
Mediação: Nega Té (produtora cultural)
Convidadas: Titane (cantora e diretora musical), Lua Zanella (cantora e compositora), Fernanda Alves (especialista em branding e gestão cultural)
• 14h30 às 16h30. Palestra: South African Women in Music
Palestrante: Sima Mashazi (cantora, compositora e atriz – África do Sul)
* Palestra em inglês com tradução simultânea

27 de junho (sexta-feira)
• 9h30 às 11h. Mesa: Quem são as mulheres do jazz brasileiro?
Mediação: Flavinha Moreira (jornalista e radialista cultural)
Convidadas: Joyce Moreno (cantora, compositora e instrumentista), Ifátókí Maíra Freitas (cantora, pianista e compositora), Marcela Nunes (flautista, compositora e educadora musical)
• 11h30 às 13h. Mesa: Música e autoestima – encontrando sua voz como artista
Mediação: Marina Dee (produtora musical e estrategista cultural)
Convidadas: Augusta Barna (cantora, compositora e atriz), Adriana Araújo (cantora), Dani Gurgel (pesquisadora e especialista em negócios da música)
• 14h30 às 16h30. Palestra: Catracas da Música Digital
Palestrante: Dani Gurgel (pesquisadora e estrategista digital na música)
• 16h45 às 17h4.| Show de encerramento
Performance: Ifátókí Maíra Freitas (piano e voz)
Apresentação: Babi Amaral (atriz, produtora cultural e comunicadora)


3º SIMPÓSIO MULHERES NA MÚSICA

Nesta quinta e sexta (26 e 27/6), no Conservatório UFMG (Rua dos Guajajaras, 100, Centro). Entrada gratuita, com retirada de ingressos no Sympla.

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