Série 'Raul Seixas: eu sou' entra de cabeça no mundo do Maluco Beleza
Ravel Andrade estrela a produção do Globoplay que ressalta a intimidade e o legado libertário do roqueiro baiano, que faria 80 anos neste sábado (28/6)
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Com oito episódios, a série original Globoplay “Raul Seixas: eu sou” propõe um mergulho na vida e na obra do eterno Maluco Beleza, que faria 80 anos neste sábado (28/6). Protagonizada por Ravel Andrade, idealizada e dirigida por Paulo Morelli, em parceria com o filho Pedro, a produção acompanha toda a trajetória do artista, da infância na Bahia até a morte precoce, aos 44 anos, em 21 de agosto de 1989.
Estão lá momentos marcantes da vida de Raul, permeados pelas influências culturais, políticas e espirituais que o moldaram. Pedro Morelli observa, no entanto, que a série está impregnada de fantasia e delírio.
“Nossa intenção foi tentar entrar na cabeça dele. Temos muitas cenas com tons surrealistas, porque estamos entrando na onda do Maluco Beleza. Não o estamos vendo de longe, mas de dentro, comunicando de forma visceral, tentando uma fuga do realismo”, diz.
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Morelli destaca a forma como o roqueiro baiano defendeu a imagem que criou. “Raul seguiu com essa persona até o momento em que o corpo não aguentou”, pontua, acrescentando que a série tenta fugir da narrativa clássica.
O ator Ravel Andrade chama a atenção para o fato de Raul gostar de excessos, sempre buscar a felicidade e ir até o limite nessa busca.
“A série tem um quê de fantástica. Piramos na maneira de interpretar e de filmar. Foi delicioso mostrar o quanto Raul era realmente a metamorfose ambulante, o quanto ele conseguia, a todo momento, se transformar num cara novo. Foi uma viagem muito grande”, ressalta Andrade.
Para compor o personagem, ele recorreu à biografia “Raul Seixas: não diga que a canção está perdida”, de Jotabê Medeiros, a vídeos do artista no YouTube e à discografia do baiano. O trabalho corporal foi de suma importância, porque o papel começa com Raul muito jovem, cheio de energia, e termina com o ídolo “muito acabado”.
Conversas com pessoas próximas do artista forneceram material para a interpretação de Ravel. “Tive acesso ao acervo de pesquisa do Paulo Coelho, com ex-mulheres, amigos e familiares falando do Raul. Conversei com a Vivi (filha do roqueiro), que me contou como era este cara dentro de casa, muito diferente do que a gente conhece”, diz o ator.
Tímido e calmo
Paulo Morelli ressalta que a série tange o aspecto humano por trás do ídolo. “Já era sabido por nós que Raul era muito tímido, desde criança vivia dentro da biblioteca do pai, mas a conversa com Kika Seixas (quarta companheira do artista, com quem viveu de 1979 a 1985) nos deu a real dimensão desse perfil. Em casa, era um cara calmo, muito diferente do que conhecemos dele no palco”, explica.
Carol Abras, que interpreta Gloria Vaquer, segunda companheira de Raul Seixas, sublinha a instância íntima que o roteiro captou.
“A série fala dos amores e da família de maneira muito franca. Ele teve muitas questões pessoais com o álcool e com as drogas. Para uma nova geração, tudo pode soar como novidade”, comenta a atriz.
O aspecto artístico também se destaca, afirma o ator João Pedro Zappa, que dá vida a Paulo Coelho. “O grande legado de Raul é a liberdade, a irreverência e a provocação, porque a cada canção ele nos provoca a tentar encontrar o nosso próprio caminho. Por mais que se coloque Raul no pedestal, o discurso dele sempre foi na contramão disso.”
Ravel Andrade reforça: “Os discursos libertários dele, em plena ditadura, são o ponto alto da série. Ideias muito interessantes para entrar na cabeça da juventude de hoje, porque fomos ficando muito caretas com o tempo.”
“RAUL SEIXAS: EU SOU”
Série estrelada por Ravel Andrade, com direção de Paulo Morelli e Pedro Morelli. Os oito episódios estão disponíveis no Globoplay.
