Filme "Vermiglio", vencedor do Festival de Veneza, está em cartaz em BH
Com sessões no UNA Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed, longa de Mauro Delpero é o destaque da Festa do Cinema Italiano
compartilhe
Siga noEm 1944, Vermiglio, aldeia dos Alpes italianos na fronteira com a Áustria, conta seus mortos. Não há tiros da Segunda Guerra Mundial naquele lugar parado no tempo, mas as feridas são fundas. Mulheres cujos maridos morreram em combate, mães cujos filhos retornaram para casa como fantasmas, crianças que estão crescendo sem pais.
Sem pressa alguma, propositalmente, a diretora e roteirista Maura Delpero nos descortina o cenário de “Vermiglio – A noiva da montanha”. Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza em 2024 e indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, é o longa mais importante da 12ª edição da 8 e 1/2 Festa do Cinema Italiano, que segue até a próxima quarta-feira (2/7).
Leia Mais
Com duas sessões neste fim de semana, no UNA Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas, o filme está previsto para chegar ao circuito comercial em 10 de julho.
Além dele, a “Festa” conta com 10 longas, nove inéditos. O recente centenário de Marcello Mastroianni (1924-1996) levou o evento a celebrá-lo com a exibição de cópias restauradas de dois clássicos de Federico Fellini estrelados pelo ator: “A doce vida” (1960) e “8 e 1/2” (1963).
“Vermiglio” foi em parte inspirado na história da própria família de Maura Delpero, aqui em seu segundo longa ficcional. A protagonista é Lucia (Martina Scrinzi), a primogênita (de dez) do casal Graziadei. Nessa comunidade fechada e muito católica, quem dá as cartas é o pai, Cesare (Tommaso Ragno), um homem culto que é o professor de adultos e crianças. No pequeno espaço da sala de aula, a comunidade se reúne para aprender, independentemente da idade.
Sua mulher, Adele (Roberta Rovelli), não reclama. Não tem tempo para tal. Ao longo da história, a matriarca está grávida ou amamentando um recém-nascido. Com isso, as tarefas domésticas ficam para os filhos mais velhos ou para a irmã viúva. Há mais silêncios do que diálogos – logo fica claro que Cesare, que não admite questionamentos, já definiu o destino de cada um da prole.
Ele decide que Flavia (Anna Thaler), a terceira filha, é a mais inteligente. Será a única a deixar a vila para frequentar um internato e, quem sabe, ter uma chance de uma vida melhor. Com isso, a menina número dois, Ada (Rachele Potrich), deverá permanecer em casa.
Mais reservada do que as irmãs, Ada se ressente, pois se esforça sobremaneira para tentar chamar a atenção do pai. Mantém-se na maior parte do tempo sozinha, escondida no armário fazendo coisas que meninas não devem fazer (e se penitenciando por isso).
Já Lucia não tem grandes pretensões. Cumpre sua principal tarefa, ordenhar a vaca pela manhã, com certo prazer. Como uma jovem que divide a cama com as irmãs menores e tem que ajudar na criação de todos, aquele momento é só dela.
Com fotografia que destaca a paisagem arrebatadora e a passagem das estações, por meio de lentos planos gerais, “Vermiglio” não tem pressa em contar a história dessa família.
A dinâmica sofre um corte com a chegada de dois forasteiros. Attilio (Santiago Fondevila Sancet), sobrinho do casal Graziadei, retorna da guerra visivelmente transtornado. Quem o ajuda é seu colega de front, o siciliano Pietro (Giuseppe De Domenico).
Desertor e forasteiro
Tímido e analfabeto, ele é um desertor. A pequena comunidade se alvoroça com o forasteiro. Há os que consideram a deserção uma falta gravíssima, mas tem também os que compreenderam que Itália e Alemanha vão perder a guerra. Portanto, fugir do conflito já sem sentido não pode ser tão mal assim.
Lucia nem perde tempo em discussões. Ela se apaixonou por Pietro à primeira vista, e o silêncio para ser suficiente para unir os dois. O casamento é o próximo passo. Só que nada, a partir desse momento, ocorre como se espera. A partir de uma série de acontecimentos logo no fim da guerra, a vida dos Graziadei, adultos e crianças, não será a mesma.
“VERMIGLIO – A NOIVA DA MONTANHA”
(Itália/França/Bélgica, 2024, 119min., de Maura Delpero, com Martina Scrinzi e Tommaso Ragno)
O filme será exibido neste sábado (28/6), às 14h, na Sala 1 do UNA Cine Belas Artes, e domingo (29/6), às 20h30, no Centro Cultural Unimed-BH Minas
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
DESTAQUES DA FESTA DO CINEMA ITALIANO
“A GRANDE AMBIÇÃO” (2024, de Andrea Segre)
Cinebiografia de Enrico Berlinguer, líder do Partido Comunista Italiano (PCI) e figura marcante na Itália do século 20. Ganhou dois Donatello Awards (o Oscar italiano), incluindo o de Elio Germano, que vive o protagonista.
• Domingo (29/6), às 20h30, na Sala 1 do UNA Cine Belas Artes. Segunda-feira (30/6), às 20h20, no Centro Cultural Unimed-BH Minas
“GLÓRIA!” (2024, de Margherita Vicario)
Longa de estreia da diretora, que é cantora, musicista e também assinou a trilha sonora. Na Veneza do fim do século 18, aluna com talento fora do
padrão une forças com grandes músicos em torno de um novo estilo,
que desafia o antigo sistema.
• Segunda-feira (30/6), às 18h10, no Centro Cultural Unimed-BH Minas