OBRA LITERÁRIA

Livro "O sambista perfeito" conta a vida de Arlindo Cruz

Biografia foi escrita pelo jornalista Marcos Salles e revela várias passagens da vida do cantor e compositor que fez história no mundo do samba

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Escrito pelo jornalista, produtor, roteirista e diretor de shows Marcos Salles, chega às livrarias “O sambista perfeito” (Editora Malê), biografia do cantor e compositor Arlindo Cruz. A obra traz curiosidades como: Quem mais gravou músicas de Arlindo? Qual o seu parceiro mais frequente em músicas gravadas? Que cantor mais participou dos seus álbuns e DVDs? Quantas músicas suas foram gravadas pelo Fundo de Quintal?.

Além disso, o livro traz a história de amor vivida por Arlindo e Babi (Bárbara Cruz) e aborda a superação. “Se formos falar de superação, Arlindo é um negro gordo que foi pobre e venceu. Compositor com mais de 700 músicas gravadas, o cantor viajou o mundo e fez cerca de três mil gravações tocando seu banjo”, conta Salles.

Ele conta que queria escrever a biografia de Arlindo, porém, ouviu dizer que alguém já estava fazendo, até que Babi o convidou para fazê-la, em 2021. “Na verdade, não foi um convite, foi uma intimação, pois ela disse que somente eu poderia escrever o livro”. A obra inicia com o autor contando como foram os dias que antecederam o AVC sofrido por Arlindo, em uma sexta-feira, 17 de março de 2017, em sua casa, no Rio de Janeiro.

Barbacena


Salles começa o livro contando o que Arlindo faria, mas que acabou não fazendo, por causa do AVC sofrido. Em seguida, volta no tempo, até a infância do artista e fala da família, do pai que tocou com o sambista Candeia (1935-1978) e foi preso; dos esquadrões da morte, do tempo em que Arlindo estudou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), em Barbacena (MG); do seu início no grupo Fundo de Quintal, em 1981, substituindo Jorge Aragão; da sua carreira solo, passando pelo programa Esquenta, da TV Globo; e da relação dele com os cantores e compositores Marcelo D2 e Rogê, que o aproximaram dos jovens. Aliás, é de Rogê a apresentação da obra.

O autor entrevistou 120 pessoas, entre elas, Maria Bethânia, Zeca Pagodinho, Maria Rita, Regina Casé, a esposa Babi, filhos e familiares. “O livro é recheado de histórias, curiosidades, emoções, tristezas, superações e alegria, afinal, Arlindo sempre teve como missão fazer o povo feliz, como mesmo dizia: ‘Gosto do povo cantando. Sou a favor do refrão. Samba não tem que ter só essa preocupação social, tem que ter alegria. Samba é alegria. Uma melancolia ou outra, uma tristeza, uma fossa, até vai, mas samba é alegria. Minha missão é fazer samba e tentar dar um pouquinho de mim. E também para o povo ficar feliz e se lembrar de mim com alegria’.”

“Quando pensei em escrever algo sobre Arlindo, imaginei que já tinha alguma obra pronta ou mesmo que alguém já estivesse fazendo, algo assim”, explica Salles. “Porém, no início de 2021, Babi me ligou dizendo que somente eu poderia escrever o livro de Arlindo. Foi então que descobri que o jornalista esportivo Hilton Mattos havia começado a escrever algo. Ele era fã de Arlindo e o entrevistou, assim como a mãe e o irmão”, revela o jornalista.

Salles conta que Mattos parou de escrever o livro porque assumiu a editoria de um site de esporte, em 2000. “Encontrei-me com ele que me cedeu cinco capítulos que já havia escrito. Isso me ajudou, algumas coisas até usei, mas caí dentro da história de Arlindo. Aliás, uma história que já conhecia bastante, porque o conheci em 1981, quando entrou para o Fundo de Quintal.”

“O livro começa contando os últimos cinco dias de Arlindo antes do AVC que foi na sexta-feira (17/3/2017). Então, o que fez de segunda (13/3/2017) até a sexta-feira.”

Assim, o autor segue contando a história de Arlindo, de sua avó que cantava e era pianista e versadora, do pai, da mãe, da música e vai mostrando tudo cronologicamente. “O Arlindo aluno, no Fundo de Quintal, em carreira solo, até chegar no AVC.”

Salles conta que Arlindo era um compositor que queria fazer música todo dia. “Ele tem essa genialidade de saber fazer tão bem, tanto a letra quanto a melodia. Ele poderia até fazer a música sozinho, não precisava nem de parceiro, porém, gostava de ter um com ele. A generosidade de Arlindo é maior que ele.”

“Se alguém fosse gravar um disco e o convidasse, ele participava. Se alguém fosse fazer um show e precisasse dele, ele cantava. É uma cara que sempre uniu, nunca desuniu, sempre trouxe todo mundo pra ele”, conta Salles. “Ele é o elo entre o Partido Alto lá de trás, de Candeia e Aniceto, com a garotada de hoje. Veja tantos sucessos gravados por Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, entre outros.”

Preconceito

O autor garante que Arlindo é um cara que não tem preconceito com nada. “Ele fazia samba para todos os tipos, queria entrar em tudo quanto era disco. Gostava daquela adrenalina de mandar a música e saber que entrou no disco, um cara de uma generosidade incrível. Gostava de ajudar todo mundo, sempre de bom humor, sempre brincando e zoando todos. Aprendi com ele que quanto mais natural você for, melhor você fica.”

Arlindo teve o AVC em sua casa quando tinha acabado de tomar banho e viajaria com o filho para São Paulo, para fazer o show “2 Arlindos”. “Ele faz uma falta grande na família, para os amigos e também para o samba. Tem uma legião de fãs, mais velhos, por causa do Fundo de Quintal, quando a garotada e o Marcelo D2 e o Rogê foram responsáveis por isso.”

“Rogê o levou para a garotada e para os festivais que tinha na Marina da Glória e em outros locais”, lembra Salles. “O Marcelo D2 trouxe a diretoria a MTV para conhecer o Pagode do Arlindo. Aí ele gravou aquele DVD da MTV (Deckdisck - 2009). Com Arlindo não tinha essa de ser jovem ou velho, gostava de todo mundo, ficava horas tirando fotos depois do show. Em 2012, gravou outro DVD, o ‘Batuque do meu lugar’, um dos mais lindos que já vi.”

Salles ressalta que Arlindo era muito religioso. “Andava com as suas contas penduradas no pescoço, mas também respeitava os crentes, a religião católica, ia às igrejas, tanto que no seu casamento com Babi tinha padre, babalorixá, enfim, várias religiões ali para abençoar a união deles. Com ele não tem intolerância religiosa, é um cara muito aberto. Gosta de ser padrinho e quer batizar todo mundo, deve ter mais de 50 afilhados. Sempre divertido e alegre, um cara fundamental para a música.”

“Este livro é para se pensar, ler e saber quem é Arlindo”, avisa o autor. “Um cara simples, na dele, um negro gordo de subúrbio que venceu. Um cara que viajou o Brasil, o mundo, entrou na TV, participou de novelas e séries, que viveu muito e, infelizmente, está agora em uma situação que só Deus pode resolver”, conclui.


“O SAMBISTA PERFEITO”
• De Marcos Salles
• Editora Malê
• 462 páginas
• R$ 85

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