ARTES CÊNICAS

Museu Mineiro recebe "Como olhar junto", de Luiza Baldan

Artista carioca inicia nesta quinta (24/7) em BH série de eventos de lançamento do projeto que inclui exposição, vídeo e performance sobre vivência comunitária

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Em 2021, depois de uma temporada na Alemanha, a artista visual carioca Luiza Baldan se mudou para Portugal. Ainda sob o luto pela perda da mãe adotiva, ela chegou à Cova do Vapor, distante pouco mais de uma hora de Lisboa. Escolheu o local por ser uma praia de fácil acesso para quem não tinha carro. “Cheguei meio sem saber o que ia encontrar e tive uma noção de pertencimento por causa da paisagem, que lembrava a de Cabo Frio, onde vivi.”

Esse foi o ponto de partida de “Como olhar junto”, projeto artístico que se desdobrou em várias ações: livro, vídeo, exposição de fotos e performance. Luiza dá início em Belo Horizonte a uma série de apresentações e lançamentos no Brasil. A estreia será nesta quinta (24/7), a partir das 17h, no Museu Mineiro, onde ela vai lançar o livro e fazer uma performance ao lado do artista Nico Espinoza, chileno também radicado em Lisboa.

Depois, Luiza terá outras seis datas, entre Rio de Janeiro, São Paulo e Cabo Frio. A temporada culmina em 10 de setembro, quando ela lança, no Festival FotoRio, no Centro Cultural da Justiça Federal, o vídeo “Como olhar junto”.

Para entender o que ela fará hoje é preciso compreender a história do lugar. É na Cova do Vapor, no passado uma aldeia de pescadores, que se dá o encontro do Rio Tejo com o Oceano Atlântico. Como a área pertence ao Porto de Lisboa, sempre foi muito assoreado. Entre as décadas de 1940 e 1950, para aumentar a capacidade do porto, mais assoreamento. A paisagem começou a mudar, com grandes recuos da linha da costa.

Cartão postal

Um dos cartões postais da região, o Farol do Bugio, cujo acesso era feito facilmente a pé, se tornou quase inatingível. Hoje só se chega a ele de barco, em uma visita anual. E não há mais como entrar no local. Esse fato chamou a atenção de Luiza, mas outro ainda mais. Por causa do avanço do mar, as casas de madeira da praia ou foram levadas pelas águas ou transferidas, pelos próprios moradores, para outros lugares.

Efetivamente, o projeto teve início quando ela conheceu uma mulher cuja moradia, na Casa do Vapor, foi levada para outro local. Também se tornou próxima de Eduardo Gomes, o senhor responsável pela biblioteca comunitária do local, que ficava em frente à praia.

“O lugar virou um espaço de acolhimento do projeto, pois fazíamos encontros semanais para ouvir histórias de pessoas em torno da questão da casa. Pouco a pouco, isso foi se estendendo para as relações afetivas entre nós. Falávamos de tudo: história, comida, política”, relembra Luiza.

Isso tudo aconteceu a partir do verão de 2023, ou seja, dois anos atrás. A partir desse encontro, a artista passou a fotografar pessoas da região. Grande parte dos convidados é de idosos, pessoas com mais de 80 anos que tinham a Cova do Vapor do passado na memória. Cada participante escolhia o lugar, a roupa e a pose da foto. Luiza só apertava o disparador da câmera. Houve também uma performance da artista na praia, após o levantamento dos nomes de mais de 400 pessoas que são parte da história do local.


Passeio de barco

Luiza ainda fez um curta de 20 minutos, que reúne trechos da performance e o passeio que fez de barco com duas senhoras, de quem se tornou mais próxima, até o farol.

Os encontros na biblioteca foram gravados. A partir desse registro, Luiza fez uma grande colagem com trechos das histórias pessoais tanto dela quanto das pessoas com quem se envolveu na praia. “Foi a espinha dorsal para a construção do livro e da performance.”

Essa será vista hoje no Museu Mineiro, onde também será apresentada uma instalação. São fotografias em tecido expostas na praia, no verão do ano passado. “(Com o tecido) Fizemos uma espécie de ciranda circundando a cúpula de vidro do museu, onde está a árvore. Achei simbólico, pois o projeto tem essa relação muito forte com o Farol do Bugio. Durante o dia (já que o evento começa às 17h) haverá a beleza das imagens. À noite (a partir das 19h), a projeção (da performance) vai interferir em tudo”, diz a artista.

Biblioteca fechada

A Cova do Vapor de hoje não é a mesma que Luiza encontrou quando conheceu a região, quatro anos atrás. No final do verão de 2024, por causa de uma disputa política, a biblioteca foi fechada pela associação de moradores. “Não só fechada, como expropriada. Hoje virou um lugar para guardar coisas”, afirma a artista.


“COMO OLHAR JUNTO”
Projeto de Luiza Baldan. Nesta quinta-feira (24/7), a partir das 17h, no Museu Mineiro (Avenida João Pinheiro, 342, Lourdes). Às 19h, performance da artista com Nico Espinoza. Entrada franca. O livro “Como olhar junto” (Fotô Editorial, 168 págs., R$ 150), será vendido no local.

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