ARTES CÊNICAS

Ator global faz pausa em novela para trazer peça de teatro a BH

Rainer Cadete tirou folga das gravações de ‘Êta mundo melhor!’ para participar da montagem de ‘Visitando o Sr. Green’, com sessões neste sábado (26/7) e domingo

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É um luxo só. Um ator ensaiar um espetáculo para apenas duas apresentações? Ainda por cima no meio das gravações de uma novela? “Tem uma dose de loucura, mas vou fazer isso muito feliz, pois estou cercado de pessoas que admiro”, afirma Rainer Cadete, que chega nesta sexta-feira (25/7) a Belo Horizonte para apresentar no Sesc Palladium, sábado e domingo, o espetáculo “Visitando o Sr. Green”.

No ar com a novela “Êta mundo melhor!” em que interpreta o personagem Celso, ele passou o último mês dividindo-se entre as gravações do folhetim e os ensaios com seu companheiro de cena, o ator e diretor Elias Andreato. Gravou a trama das seis da Globo até a última terça (22/7), no Rio de Janeiro. Depois viajou para São Paulo, para uma maratona de ensaios na quarta e quinta passadas, dia em que completou 38 anos.

“Sempre sonhei em estar em cena com o Elias. Quando o Edgard (Jordão, produtor da montagem) me convidou para esse texto incrível e na semana do meu aniversário, liguei para a produtora da novela”, conta Cadete. Ele pediu folga, ela liberou – “Me disse que eu nunca tinha pedido nada” – e embarcou de cabeça na aventura.

“Visitando o Sr. Green” é um texto conhecido no Brasil porque, em 2000, foi montado por Paulo Autran (1922-2007) para celebrar seus 50 anos de carreira. Fez um sucesso tremendo, rodou o país e teve temporada também em Portugal. De autoria do escritor e dramaturgo americano Jeff Baron (até então inédito no país), acompanha dois homens judeus de idades, mentalidades e vidas totalmente diferentes.


Visitas forçadas

O Sr. Green (Andreato) é bem tradicional. Aos 86 anos, vive sozinho em seu apartamento em Nova York. É rabugento, solitário e homofóbico. O embate se dá com a chegada do jovem executivo gay Ross Gardiner (Cadete), de 29 anos. Nenhum dos dois deseja esse encontro. Mas não têm muita escolha. Ross quase o atropelou e se vê, seguindo ordem judicial, obrigado a visitá-lo semanalmente durante seis meses.

Andreato conhece esse texto como poucos – foi ele quem dirigiu a primeira montagem, quando Autran dividiu a cena com Cássio Scapin. “O teatro, às vezes, surpreende. Nunca mais pensei em montar a peça. Depois da experiência com o Paulo, que foi muito bonita, em um momento especial da vida dele – e foi a montagem que me deu credibilidade como diretor –, achei que ela já tinha cumprido seu papel.”

Qual não foi a surpresa de Andreato quando o já citado Jordão, e o diretor Guilherme Piva o convidaram para viver o personagem que foi de Autran no passado. “No início, achei meio estranho, mas, depois… vamos embora. Fui completamente disponível, despido de qualquer vaidade para fazer o trabalho que o Piva estava propondo. Não queria virar em nenhum momento aquele velho chato ‘já fiz assim e deu certo’. Não fiquei vasculhando lembranças.”

A montagem dirigida por Piva estreou em janeiro passado, no Teatro Renaissance, em São Paulo, onde cumpriu temporada até junho. Só que o papel de Ross coube ao ator Johnny Massaro. Quando surgiu o convite para as duas datas em BH, Massaro não teve disponibilidade. Foi aí que Cadete, que assistiu à estreia, embarcou nessa história.


Em família

“No ano passado, fiz a peça ‘Norma’, com a Nivea Maria, e a direção era também de Guilherme Piva. Sou muito amigo do Edgard, e o Elias me dirigiu em dois espetáculos. Então me sentia em família”, conta Cadete. A ideia é que após o fim de “Êta mundo melhor”, o espetáculo viaje pelo país. Mas, por ora, só há as duas sessões de BH marcadas.

Andreato conta que não houve nenhuma atualização no texto original, lançado em 1996. “Mesmo que tenha havido certo avanço nas questões de sexualidade, o preconceito está hoje muito mais escancarado. Em 1996, não existiam as mídias sociais. Hoje em dia, a violência é cruel. O discurso da peça não se alterou, e acho que se tornou mais necessário”, afirma.

Ele está hoje com 70 anos – Autran tinha 77 quando estreou como Sr. Green. Há lembranças divertidas do período, ele conta. “A peça tem um momento em que o autor indica que o Sr. Green cai no quarto. Me lembro que falei para o Paulo que o legal seria ele cair em cena, que se passa na sala. Como ele já era um senhor, imaginei que o público poderia ficar meio aflito. Paulo falou: ‘Não, fica tranquilo’”.

Andreato, na época, contou a decisão para o produtor, que se virou para ele. “Imagina se esse homem quebra alguma coisa em cena, você é louco.” Para evitar qualquer problema, na cena da queda, que se dá atrás de um sofá, ele colocou um colchão. Dessa maneira, Autran não teve problema algum – e a peça foi apresentada por mais de um ano.

Na nova montagem, conta, a cena da queda está mantida da mesma forma, atrás do sofá. “Só que não botaram um colchonete para mim. Você vê como mudou a relação com o idoso”, conta Andreato, aos risos, comentando que saiu ileso de todas as apresentações.

“VISITANDO O SR.GREEN”
De: Jeff Baron. Direção: Guilherme Piva. Com Elias Andreato e Rainer Cadete. O espetáculo será apresentado neste sábado (26/7), às 21h, e domingo (27/7), às 17h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Duração: 75 min. Ingressos: Plateia 1 – R$ 110 e R$ 55 (meia); Plateia 2 – R$ 90 e R$ 45 (meia); Plateias 3 e 4 – R$ 50 e R$ 25 (meia). À venda na bilheteria e no Sympla.

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