Álbum "80 anos – Remixes" resgata o legado da Orquestra Afro-Brasileira
Mario Caldato Jr convocou Criolo, Marcelo D2, Tropkillaz, Ganjaman, Emicida e Pupillo, entre outros, para gravar releituras do repertório do grupo carioca
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Siga noCom o intuito de manter vivo o legado da Orquestra Afro-Brasileira, o produtor Mario Caldato Jr. lança o álbum “80 anos – Remixes” nesta quinta-feira (31/7). Dono de sonoridade fortemente influenciada pela cultura africana, o grupo carioca foi criado em 1942. A versão remix de suas criações orquestra traz faixas assinadas por destaques da música contemporânea brasileira.
As releituras vieram de Criolo, Emicida, Rael, Marcelo D2, Lucio Maia, Pupillo, Rogê, Tropkillaz, Kassin, Pedro Dom, Zilladxg, Nuts, Daniel Ganjaman, Imperatore e Nave, além dos DJs e produtores estrangeiros Mix Master Mike, Cut Chemist, Gaslamp Killer, J Rocc, Taso, Mexican Institute of Sound e Mophono.
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Caldato conta que foi uma alegria trabalhar com Carlos Negreiros (1942-2022), integrante da formação original da Orquestra Afro-Brasileira. Negreiros lutou para levar o grupo adiante após a morte de seu criador, o mineiro Abigail Moura, em 1970.
Parceira do Teatro Experimental do Negro, a orquestra combinava de forma original instrumentos ocidentais e africanos. Moura compunha jongos, batuques, maracatus e lamentos, registrados nos discos “Obaluayê (1957) e “Orquestra Afro-Brasileira” (1968).
Em 2021, Caldato produziu o álbum “80 anos” em parceria com Negreiros. “Foi um presente trabalhar com ele. Relembrar isso agora, tendo o disco de remixes para celebrar este legado, é maravilhoso”, afirma.
Tudo começou quando o produtor assistiu a ensaio da orquestra, a convite de um amigo. “Fui ficando arrepiado ao ouvir a primeira música, com a percussão enchendo a sala e a incrível voz do Negreiros”, relembra.
Caldato logo propôs a gravação de um álbum. “Negreiros ficou feliz com a notícia, marcamos um estúdio e gravamos rapidinho o ‘80 anos’”, diz.
O disco foi bem recebido. “Era um som acústico com bateria, metais e vocal, não tinha nada eletrônico. Trabalhei com esses elementos e fizemos um som clássico, sem edições, tocado ao vivo.”
Recentemente, Caldato pensou em regravar aqueles temas. Mandou músicas para amigos, propondo que as registrassem do jeito que quisessem. Cada um escolheu a sua preferida.
“Foi uma coisa livre e orgânica”, explica. “O álbum ficou lindo, uma coisa de comunidade, com pessoas de diversos mundos apaixonadas por aquele som.”
“É um disco com outra perspectiva, com os amigos interpretando de um jeito diferente para trazer de volta o original, mas preservando esta raiz de música brasileira que tem tanta qualidade, intensidade e pureza. Acho muito importante preservar isso.”
Espiritual e profundo
Caldato destaca a potência de “80 anos – Remixes”. “Uma coisa espiritual e profunda que falta nas músicas de hoje”, comenta. “Foi bacana ver os artistas animados em fazer algo misturado com elementos acústicos, samples de coisas programadas, DJs e vários estilos diferentes.”
Todos os participantes apoiaram o projeto do amigo. “Ninguém cobrou nada, foi na base da amizade, um trabalho de amor”, conta. Feliz, reforça que a história da Orquestra Afro-Brasileira não pode ser esquecida.
Paulistano, Mario Caldato Jr., de 64 anos, mora desde criança nos EUA, onde trabalhou com Beastie Boys, além dos rappers Young MC e Tone Loc. No Brasil, colaborou com Marcelo D2, Planet Hemp, Marisa Monte, Nação Zumbi, Vanessa da Mata e Seu Jorge.
“80 ANOS – REMIXES”
• Canções da Orquestra Afro-Brasileira
• Vários artistas
• Amor in Sound
• 15 faixas
• Lançamento nesta quinta (31/7), nas plataformas digitais
FAIXA A FAIXA
“TIRE O CALUNDU”
. DJ Nuts
“ABERTURA”
. Criolo, Daniel Ganjaman, Mario C.
“SAUDAÇÃO AO REI NAGÔ”
Emicida, Nave e Rael
“OBALUAYAE”
. Pupillo e Rogê
“LEMBARENGANGA”
. Marcelo D2, Lucio Maia. Mario C, Pupillo
“TIRE O CALUNDU”
. Mix Master Mike
“DAMURIXÁ”
. Tropkillaz
“AGÔ”
. The Gaslamp Killer & Nophono
“REI ZUMBI”
. Pedro Dom e Zilladxg
“ABERTURA”
. Cut Chemist
“SAUDAÇÃO AO REI NAGÔ”
. Taso
“PRETO VELHO E YAYÁ”
. Mexican Institute of Sound
“OBALUAYE”
. Ricardo Imperatore
“AGÔ”
. Kassin
“TIRE O CALUNDU”
. J Rocc e Mario C.