Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Cezar Mendes, Carminho, Teresa Cristina e Mart’nália. Com esse time de parceiros, o sambista carioca Mosquito lança “Quinhão”. Com 10 faixas, o álbum chega às plataformas nesta quinta (17/7) junto do clipe de “Caranguejeiro”, dele e Leandro Fregonesi. A produção é assinada por Pretinho da Serrinha.

“É o disco dos sonhos, um álbum para me dar bastante orgulho. São várias referências e toda a minha trajetória ali. É uma vitória grandiosa ter um time dessa grandeza botando roupa nas minhas canções”, afirma Pedro Assad Medeiros Torres, de 36 anos.

Mosquito não se refere apenas aos parceiros famosos e ao aclamado produtor de seu álbum, a quem chama de “um grande gênio”, autor da maioria dos arranjos. “O disco tem cavaquinho, bandolim, a sanfona do Bebê Kramer, a gaita do Rildo Hora, enfim, muitos instrumentos”, ressalta.

“Gosto da sonoridade que o Pretinho da Serrinha tira nos discos, da delicadeza com que trabalha cada instrumento, sempre tudo muito limpo, muito bem explicado.”

O repertório do segundo disco de carreira do carioca traz canções compostas ao longo dos últimos anos. A ideia de Mosquito era apresentar um conjunto o mais variado possível. Por isso, “Quinhão” traz de partido-alto a samba de breque.

“Tem um samba de protesto, mas tem também outro mais alegre, além de música de gafieira. Tentei abrir um leque com bastante opções, várias vertentes, como são os discos de samba”, explica. “Temos arranjos lindos e músicos feras tocando. Foi um trabalho bem artesanal, gostoso de gravar, com as ideias surgindo no estúdio, sem pressa.”

Novelas

Três faixas do novo álbum entraram em trilhas de novelas da TV Globo: “Ô sorte” (“Babilônia”), “Não enche” (“I love Paraisópolis”) e “Papel de bobão” (“A regra do jogo”).

Mosquito revela que não tem uma fórmula para criar. “Cada melodia nasce de um jeito. Algumas saem da cabeça direto, outras vou compondo aos poucos. E tem aquelas que os parceiros me mandam e eu termino. ‘Quinhão’ surgiu assim, cada música nascendo de um jeito. ‘Caranguejeiro’ nasceu quase de uma vez só. ‘Rabo de arraia’ compus à medida em que fui andando por aí e pensando, sem instrumento. Só no pensamento”, comenta.

Já “Vegetariando” ficou pronta em apenas um dia. “Posso demorar até um mês para fazer uma canção, porque vou e volto, mudo uma palavra, um acorde, fico tentando caprichar cada vez mais. Antigamente, fazia com mais velocidade, agora estou caprichando. Porém, chega a hora em que você tem de entregar. Adoro essa coisa de compor, tocar e cantar.”

Ilha do Governador

Nascido e criado na Ilha do Governador, na Zona Norte carioca, Mosquito começou a cantar aos 17 anos. Xande de Pilares o apresentou a Arlindo Cruz, Dudu Nobre e Jorge Aragão. Em 2015, ele gravou o primeiro álbum, “Ô sorte”, pela Sony Music. Zeca Pagodinho participou da faixa “Atalho”.

Na Ilha do Governador, o rapazinho tocava com os amigos da rua. “Fazíamos um pagode direto. Eles tinham pandeiro e tantãs, porém faltava o cavaquinho, que nenhum dos amigos tocava. Certo dia, um deles me deu o instrumento e disse: ‘Você tem três meses para tocar uma música, o cavaco é teu’.”

Mosquito aprendeu rapidamente. “Fui me firmando no cavaco. A gente tocava nos fins de semana, de brincadeira, uma coisa bem amadora. Com o tempo, fui gostando, pesquisando e ficando interessado pelo instrumento. Nem me lembro de quando passei de amador para profissional. Quando vi, já estava tocando nos barzinhos.”

Mosquito contou com a ajuda de um amigo da Ilha, mas confessa: “A aprendi mesmo lendo aquelas revistinhas vendidas em bancas de jornal”. As maiores influências vieram de Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho.

“Essa galera dava papo (nas canções), contava coisas cotidianas. Sempre tive interesse neste tipo de música, nas coisas do Arlindo Cruz”, comenta.

São vários os “mestres” de Mosquito, além de Zeca e Bezerra. “Hoje, sou influenciado por um monte de coisa boa, claro. Na verdade, a geração Fundo de Quintal formou a minha.”

“QUINHÃO”

• Álbum de Mosquito
• Alta Fonte
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais a partir desta quinta-feira (17/7)

FAIXA A FAIXA

“MAINHA TINHA RAZÃO”
De Gilson Bernini e Mosquito

“DESISTIU DE MIM”
De Cezar Mendes, Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carminho

“QUINHÃO”
De Elvis Marlon e Mosquito

“CARANGUEJEIRO”
De Leandro Fregonesi e Mosquito

“PEGA-PEGA”
De Claudemir e Mosquito

“RABO DE ARRAIA”
De Mosquito

“17 DE JANEIRO”
De Mosquito, Mart’nália e Teresa Cristina

“VEGETARIANDO”
De Mosquito

“BANHO-MARIA”
De Inácio Rios e Galvão Filho. Participação de Inácio Rios

“VIDA DE MOLEQUE”
De Thiago da Serrinha

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