Há dois anos, Paulinho da Viola fez em Belo Horizonte o show comemorativo de suas oito décadas de vida. Repleta de sucessos, a turnê ganhou registro ao vivo no álbum “Paulinho da Viola – 80 anos”. Neste sábado (26/7), o cantor e compositor está de volta à capital mineira, desta vez ao palco do Palácio das Artes, com uma proposta diferente.
Além dos clássicos de sua carreira, Paulinho revisita canções que há muito não apresentava ao vivo e também músicas de outros autores. Batizado “Quando o samba chama”, faixa do disco “Bebadosamba” (1996), o show passeia por diferentes fases desse gênero musical brasileiro, da década de 1920 à década de 1980.
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Aos 82 anos de idade, ele recebe com alegria o interesse por sua obra demonstrado pelos jovens que vê nas plateias, sempre lotadas, de seus shows.
“Uma das coisas que tenho sentido é que, apesar de já estar com mais de 80 anos, há interesse muito grande pelo meu trabalho, revelado nos lugares por onde tenho passado. Felizmente, tenho visto as casas de show lotadas com muitos jovens”, afirma.
Para Paulinho, a renovação do público não se restringe apenas a seu trabalho, mas também ao de outros músicos de sua geração.
“Há um interesse muito grande por essa fase da nossa música popular e pela própria história do samba. É uma história fascinante. Tem muitas coisas que não foram reveladas ainda”, comenta.
De fato, há forte valorização desse período musical. Com os infinitos catálogos disponíveis nas plataformas digitais, as novas gerações vêm redescobrindo a MPB, o samba e seus mestres. Na maioria dos festivais, esses shows são requisitados. As rodas de samba também se popularizaram nos últimos anos, com repertórios que vão de autores contemporâneos a nomes consagrados.
“Fico muito feliz com isso, claro, qualquer um ficaria. A gente vive um tempo de muita agitação. E nós temos, na nossa cultura musical, uma riqueza e uma diversidade muito grandes. E também público para atender a toda essa diversidade”, diz.
'Velharia'
Mas nem sempre foi assim. Paulinho relembra que, na década de 1960, com o surgimento dos grandes festivais e de movimentos como a Tropicália e a Jovem Guarda, o público jovem rejeitava o que vinha do passado. “Tinha gente que dizia: é preciso acabar com essa velharia. O samba não morreu porque o povo não deixou”, garante.
Para ele, é justamente a força do público que impulsiona sua trajetória após mais de 60 anos de carreira. “Isso nos motiva a seguir tocando enquanto pudermos. A gente tem de continuar mostrando o nosso trabalho”, diz.
A turnê “Quando o samba chama” é também homenagem a figuras fundamentais na trajetória de Paulinho, como Zé Keti, Cartola e Monarco, além de tributo à escola de samba do seu coração, a Portela.
“Fui, durante muito tempo, compositor ligado à Portela. Ainda sou apaixonado pela minha escola, apesar de não estar tão presente atualmente”, diz.
Transpiração
O nome da turnê, segundo Paulinho, remete ao processo de criação do samba, ou seja, “o próprio samba dizendo o que ele é”. Ele explica: “Quando o samba vem, você pega uma ideia, agarra ela e começa outro processo, que é o da transpiração.”
No repertório, não faltarão as marcas registradas do artista, como “Foi um rio que passou em minha vida”, “Argumento”, “Onde a dor não tem razão” e “Pecado capital”.
“QUANDO O SAMBA CHAMA”
Show de Paulinho da Viola. Neste sábado (26/7), às 21h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos disponíveis para a plateia 2: R$ 500 (inteira) e R$ 250 (meia), à venda na bilheteria do teatro e na plataforma Eventim.