CINEMA

Filme conta a história de famoso tenor morto precocemente 

Documentário ‘Aldo Baldin - Uma vida pela música’ aborda a trajetória do brasileiro que se radicou na Alemanha e fez sucesso no exterior, até à morte, em 1994

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Aldo Baldin saiu de uma vida pobre em em Urussanga, no interior de Santa Catarina, para conquistar os palcos da música clássica na Alemanha e no mundo. Gravou mais de 100 discos, interpretando obras de Bach, Beethoven, Mozart e Verdi.

Ganhou o Grammy de Melhor Performance Coral em 1981, ao lado de Neville Marriner, com a interpretação de “A criação”, de Haydn. No Brasil, onde teria razões para ser amplamente admirado, sua história é pouco conhecida.


O documentário “Aldo Baldin - Uma vida pela música”, em cartaz no UNA Cine Belas Artes, pretende preencher a lacuna e divulgar a trajetória do artista. O projeto idealizado pelo diretor Yves Goulart e desenvolvido ao longo de 14 anos estreia no ano em que o tenor completaria 80 anos.


Yves é conterrâneo de Aldo Baldin, mas nunca havia ouvido falar no sucesso do cantor. Conheceu a obra dele apenas em 2009, em Nova York – onde o diretor está radicado –, ao encontrar uma imagem da igreja matriz de Urussanga na capa do LP “Serestas, bachianas & canções”, de Villa-Lobos, gravado por Baldin.

Programa de TV

O diretor esclarece que o tenor era uma figura conhecida na cidade catarinense até meados dos anos 1990, quando ainda a frequentava. No entanto, após a morte precoce, em 1994, aos 49 anos, as informações sobre ele deixaram de circular na região.


“Nessa época, tudo que as pessoas tinham de informação vinha da televisão”, afirma Yves. Ele relembra que Baldin chegou a participar de um episódio do programa “Concertos para a juventude”, exibido pela TV Globo em 1984 e apresentado por Fernanda Torres. A participação deu ao cantor alguma visibilidade no Brasil, mas por pouco tempo.


“Uma vez que foi para o ar, o programa vai para o arquivo para sempre. Não é como hoje, que você pode ver no Instagram dias depois. O objetivo do documentário é recuperar esses registros, colocar em formato digital e revisitar o passado”, afirma.


O documentário conta a história de Aldo Baldin desde a infância, ao lado da família italiana, que cedeu entrevistas a Yves. Em seguida, aborda seus estudos de música no Rio de Janeiro, período em que enfrentou dificuldades financeiras e dividiu um quarto com colegas no bairro da Lapa.


Família

São exibidas também cenas dele se apresentando na Alemanha, país para o qual se mudou em 1970 e onde permaneceu até a morte. Há ainda cenas ao lado da esposa, Irene Flesch Baldin, e das filhas Serena e Sofia.


Uma narração de Aldo Baldin costura o documentário. Irene cedeu ao diretor as fitas cassete nas quais o tenor contava a própria história, em português, com a intenção de escrever uma autobiografia. As gravações, digitalizadas em Berlim, tornaram-se, segundo Yves, a “espinha dorsal” do documentário, por trazerem o ponto de vista dele.


Os fatos narrados por Aldo são ilustrados por arquivos que variam entre fotos, vídeos, cartas, contratos de orquestras e capas de discos. A maioria dos documentos, estáticos e antigos, é animada para se integrar ao movimento do vídeo.


Yves conta que Aldo era um homem que gostava de documentar a própria vida. Tinha câmeras fotográficas e filmadoras e registrava momentos tanto em casa quanto nos teatros. O diretor teve acesso a fotos do tenor, da infância à vida adulta.


Arquivo

Além de registrar tudo, Aldo era extremamente organizado com os arquivos.“Ele arquivava o material de forma fantástica. Cada obra, cada concerto tem uma pasta designada, organizada com fotos, com documentos e até recortes das críticas em jornais. Quando falei com a [cantora lírica mineira] Maria Lúcia Godoy [1924-2025], mostrei uma página da revista ‘Veja’ de quando eles cantaram juntos que nem ela tinha”, conta Yves.


Maria Lúcia Godoy é uma das entrevistadas do documentário. Em um dos trechos, ela comenta como buscava atingir o mesmo nível técnico do tenor. “Tentava cantar como Aldo cantava, com aquela naturalidade, com aquela fluidez. Ele serviu para mim como um parâmetro do canto. Deve-se cantar como canta Aldo Baldin”, disse a cantora.


Além de Belo Horizonte, Yves Goulart fez entrevistas e pesquisas no Rio de Janeiro, em Santa Catarina, Porto Alegre, Buenos Aires e em diferentes países da Europa. Gravou depoimentos de professoras de Aldo, como Heloisa Nemoto Vergara e Eliane Sampaio, que contribuíram para o seu sucesso, e de outras figuras importantes da música clássica, como Isaac Karabtchevsky, Lilian Barretto e Edino Krieger, que trabalharam ao lado do tenor e conheceram de perto seu talento.


“ALDO BALDIN - UMA VIDA PELA MÚSICA”
(Brasil, 2024, 103min). Direção: Yves Goulart. Em cartaz no UNA Cine Belas Artes (Sala 3, 19h50).


*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

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