Nascido em 14 de setembro de 1958 em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro, Arlindo Cruz é um dos nomes mais importantes da história recente do samba. crédito: Bruno Poletti/Reprodução
Morreu nesta sexta-feira (8/8), aos 66 anos, o sambista Arlindo Cruz. Ele havia sofrido um AVC isquêmico em 2017 e lidava com sequelas graves desde então. A morte foi confirmada pela esposa Barbara (Babi) Cruz.
Arlindo estava internado desde 25 de março, após ser diagnosticado com pneumonia. Em março de 2017, o arista sofreu um AVC isquêmico que o deixou com sequelas na fala e na mobilidade. Desde então, enfrentou um longo processo de recuperação, com internações e tratamentos, mas manteve-se próximo da música e da família. Nas últimas semanas, seu estado de saúde se agravou.
Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho começou a tocar cavaquinho aos sete anos. Participou de rodas de samba com nomes como Candeia e integrou, a partir da década de 1980, o grupo Fundo de Quintal, referência do pagode. Em 1993, deixou a formação para seguir carreira solo, firmando-se como um dos maiores compositores e intérpretes do gênero.
Arlindo Cruz sempre reconheceu Candeia como seu padrinho musical, responsável por apresentá-lo profissionalmente ao universo do samba quando tinha apenas 13 anos. Aos 15 anos, no entanto, mudou-se para Barbacena para cursar a Escola Preparatória de Cadetes do Ar.
Mesmo com a rotina intensa da formação militar, não se afastou da música: integrou o coral da instituição e chegou a vencer festivais na cidade e em Poços de Caldas. Ao deixar a Aeronáutica, voltou para op Rio de Janeiro e passou a frequentar, às quintas-feiras, as rodas de samba do Cacique de Ramos, tradicional reduto carioca.
Ali, conviveu com grandes nomes do gênero, entre eles Jorge Aragão, Almir Guineto, Beto Sem Braço, Beth Carvalho e Ubirani. O espaço também foi berço de talentos que despontavam na época, como Zeca Pagodinho e Sombrinha. A virada na carreira veio quando Jorge Aragão deixou o grupo Fundo de Quintal e Arlindo foi convidado a ocupar seu lugar.
Hitmaker do samba
Ao longo da carreira, teve mais de 550 músicas gravadas por ele e por diferentes intérpretes, como "Só pra contrariar", "Seja sambista também", "O mapa da mina" e "Castelo de cera". Também é autor de sucessos como "Meu lugar", "Será que é amor", "O show tem que continuar", "Meu poeta" e "O bem".
Após deixar o Fundo de Quintal, firmou parceria musical com Sombrinha. Nessa época se casou com a porta-bandeira Babi Cruz, com quem teve dois filhos: Arlindinho e Flora Cruz. Nos anos 1990, passou a criar sambas-enredo para o Império Serrano, escola de seu coração, e, mais tarde, também colaborou com outras agremiações.
Caetano Veloso resumiu em poucas palavras a importância de Arlindo Cruz para a música brasileira: "Um Deus que cantava as próprias melodias mágicas, o maior sambista moderno". O cantor e compositor de 66 anos morreu em 8 de agosto, 8 anos após sofrer um AVC que o deixou incapacitado de seguir sua incrível produção de arte musical. Reprodução do Instagram @arlindocruzobem
Arlindo passou todos esses anos sob os cuidados da família e de médicos, passando por diversas cirurgias. Um dos nomes mais prolíficos da música mundial, Artlindo deixou 847 composições registradas no ECAD, o escritório de direitos autorais. Ele teve 1.844 gravações cadastradas em seu nome no sistema. Reprodução do Instagram @arlindocruzobem
Suas músicas - muitas delas verdadeiros hinos do samba moderno - foram gravadas por muitos artistas, com enorme popularidade. Sempre com melodias e letras que se afinavam com perfeição. Reprodução do Instagram @arlindocruzobem
Outros artistas também se manifestaram sobre a importância de Arlindo Cruz. Com a voz embargada, Diogo Nogueira disse: "Meus sambas, minhas ideias, meus projetos têm muita influência dele". Reprodução do Youtube
Mumuzinho gravou uma música homenageando Arlindo dias antes da morte do compositor. Abalado com a perda, ele disse: "Conviver com o Arlindo era maravilhoso! Ao mesmo tempo em que a gente olhava o cara e via uma entidade, uma pessoa grandiosa, ele era um cara simples e não tinha vaidade nenhuma". Divulgação
Amigo de Arlindo e parceiro dele em várias músicas, Zeca Pagodinho disse: "Morre hoje meu compadre, meu parceiro, meu amigo Arlindo Cruz. Que Deus receba de braços abertos, sofreu muito e agora precisa descansar um pouco. Vai com Deus!" Reprodução Facebook Zeca Pagodinho
O estado de saúde de Arlindo já vinha se agravando conforme a imprensa divulgou em meados de julho. A família divulgou nota sobre o sambista dizendo que ele estava "estável" sob cuidados e cercado de amor. O filho, Arlindinho, pediu respeito: "Meu pai ainda está vivo", ele disse.
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Arlindo Cruz nasceu em 14 de setembro de 1958 em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro. Era compositor e torcedor da escola de samba Império Serrano. E emplacou diversos sambas-enredo em carnavais da verde e branca. Reprodução do Instagram @arlindocruzobem
Multi-instrumentista, compositor e cantor, ele começou a tocar cavaquinho ainda na infância, incentivado por seu pai, Arlindão Cruz. Ele ganhou o instrumento com apenas seis anos de idade.
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Na adolescência, ele já atuava como músico profissional e passou a integrar rodas de samba.
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Ele é uma das crias do Cacique de Ramos, um dos mais conhecidos blocos carnavalescos do Rio de Janeiro, ao lado de nomes como Almir Guineto, Jorge Aragão, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila.
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Nos anos 1980, ele ganhou notoriedade ao integrar o grupo Fundo de Quintal, um dos expoentes da renovação do samba tradicional com rica instrumentação e levadas mais cadenciadas.
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Durante 12 anos no Fundo de Quintal, Arlindo se destacou também como compositor. Ele saiu do grupo no início dos anos 1990 e seguiu carreira solo, firmando-se como um dos maiores sambistas de sua geração. Sombrinha foi um dos seus parceiros mais frequentes.
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Seus discos solo, como “Pagode do Arlindo” e “Sambista Perfeito”, misturam lirismo, crítica social e celebração da cultura popular.
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Ao longo da carreira, Arlindo Cruz compôs com diversos parceiros. Entre eles, Sombrinha, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e outros ícones do gênero. Reprodução do Instagram @arlindocruzobem
Clássicos como “O Show Tem Que Continuar”, “Meu Lugar” e “Ainda É Tempo Pra Ser Feliz” fazem parte da memória afetiva de milhões de brasileiros.
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Além da carreira solo, Arlindo participou de projetos especiais, como o Sambabook, e de turnês com o filho Arlindinho, com quem vinha dividindo os palcos antes de sofrer o AVC que o afastou da vida pública.
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Mesmo longe dos palcos, Arlindo Cruz permaneceu como símbolo do samba autêntico e do talento generoso. Sua obra continuou e sempre continuará a ser reverenciada e interpretada por novas gerações de artistas.
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Arlindo Cruz era casado com Babi Cruz desde 2012. Dessa união, nasceram os filhos Arlindinho e Flora. Além disso, o sambista tinha outro filho, Kauan Felipe, de um relacionamento anterior.
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A partir dos anos 2000, consolidou de vez sua carreira solo, lançando oito álbuns e alcançando o auge de sua popularidade. Nesse período, conquistou prêmios nacionais e recebeu quatro indicações ao Grammy Latino.
Reconhecido por sua voz calorosa e sua habilidade de transformar histórias do cotidiano em poesia cantada, Arlindo Cruz deixa um legado que atravessa gerações e marcou profundamente a história do samba brasileiro. Ele deixa os filhos Arlindinho e Flora Cruz, e a esposa Barbara Cruz, com quem era casado desde 2012.