Festival de música troca ingresso por doação de rins
Campanha incentivou o cadastro de doadores de órgãos, que sofria uma queda de 30% na Suécia
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Siga noJá pensou trocar um rim por um ingresso de um festival de três dias? Essa foi a proposta do Way Out West 2025, realizado entre os dias 7 e 9 de agosto, em Gotemburgo, na Suécia. A organização do evento distribuiu ingressos do chamado “The kidney pass” (o passe do rim, em tradução livre), como forma de incentivar o cadastro de doadores de órgãos.
A ação começou após os ingressos para venda terem sido esgotados. A campanha, realizada em parceria com o Conselho Nacional de Saúde e Bem-Estar da Suécia, ofereceu ingressos gratuitos para quem se inscrevesse no registro nacional de doadores de órgãos. A iniciativa chamava atenção para a queda de 30% nas novas inscrições para doação registrada no país nos últimos anos.
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O esquema funcionou assim: os interessados, com mais de 18 anos, faziam o cadastro no site do festival, além de fazer o registro para ser doador de órgãos post mortem. Entre os inscritos, alguns foram sorteados para receber o passe que dá acesso aos três dias do festival, acompanhado de uma braçadeira com a frase: “Eu dei um rim por este ingresso”.
A organização ressaltou que a inscrição não gera obrigação de doação, permitindo que os indivíduos redefinam as preferências ou cancelem o registro a qualquer momento.
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O lineup de 2025 contou com nomes de peso como Charli XCX, Chapell Roan, Pet Shop Boys e Iggy Pop, o que aumentou a disputa por ingressos. Para muitos fãs, a iniciativa foi vista como uma troca justa: assistir aos artistas preferidos enquanto contribuem para salvar vidas.
Como funciona a doação de órgãos no Brasil?
1. Doação em vida
- Quem pode doar: geralmente parentes até 4º grau ou cônjuge. Para outras pessoas, é preciso autorização judicial;
- Órgãos e tecidos possíveis: um dos rins, parte do fígado, parte dos pulmões, parte da medula óssea ou parte do pâncreas;
- Idade mínima: geralmente a partir dos 18 anos (ou menores com autorização dos responsáveis);
- Condições de saúde: precisa estar saudável, sem doenças transmissíveis ou que possam prejudicar o receptor.
2. Doação após a morte
- Diagnóstico de morte encefálica: confirmado por exames e dois médicos não ligados à equipe de transplante;
- Autorização da família: no Brasil, mesmo que a pessoa tenha manifestado o desejo em vida, a família deve confirmar a doação;
- Possíveis órgãos e tecidos doados: coração, rins, fígado, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, ossos, tendões, pele e válvulas cardíacas;
- Tempo é essencial: a retirada deve ser feita rapidamente para preservar a viabilidade dos órgãos.
3. Restrições comuns
- Infecções graves ou doenças transmissíveis (HIV, hepatite ativa, tuberculose não tratada, etc.);
- Câncer ativo (exceto alguns tipos tratados e curados);
- Doenças crônicas descompensadas.
4. Registro como doador
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No Brasil, não existe um registro oficial vinculante — por isso é fundamental avisar a família sobre o desejo de doar.
5. Custos e segurança
- A doação é voluntária e gratuita;
- Todos os procedimentos e exames para garantir a segurança do doador e do receptor são realizados pelo Sistema Único de Saúde.