Os estados que lideraram as doa��es foram Paran�, Santa Catarina e Rond�nia
O Brasil bateu o recorde de doa��es de �rg�os no primeiro semestre de 2023. Entre janeiro e junho, o pa�s registrou uma m�dia de 19,2 doadores por milh�o de habitantes. A quantidade de recusa das fam�lias, por�m, aumentou em rela��o aos �ltimos anos. O n�mero foi divulgado pela ABTO (Associa��o Brasileira de Doa��o de �rg�os) na manh� desta quinta-feira (31).
Isso significa um aumento em compara��o ao per�odo da pandemia de COVID-19, quando a taxa de transplantes recuou. De 2020 a 2022, ela variou de 15,8 a 16,4 doadores por milh�o de habitantes na compara��o do mesmo per�odo do ano. Agora, a expectativa da associa��o � que esse valor chegue a 20 at� o fim de 2023.
"Estamos voltando a ter os mesmos �ndices de 2019, n�o � 100%, mas estamos trabalhando para alcan�ar essas posi��es. O mais importante � ter �rg�os para transplantar", disse Valter Duro Garcia, membro da ABTO, durante entrevista coletiva nesta quinta.
Tamb�m houve aumento da doa��o de alguns �rg�os espec�ficos. No caso do cora��o, por exemplo, a taxa passou de 1,7 transplante por milh�o de habitantes em 2022 para 2,0 neste ano, enquanto o de f�gado foi de 10 para 10,9 no mesmo per�odo. J� o pulm�o teve recuo, de 0,5 para 0,3.
Recusa familiar
Apesar do recorde, a propor��o de fam�lias que recusam a doa��o de �rg�os segue no mesmo patamar do ano passado, mais alto do que o registrado no per�odo anterior a crise sanit�ria. Pela legisla��o brasileira, a doa��o s� acontece se o paciente tiver o diagn�stico de morte cerebral e a fam�lia autorizar o procedimento.
Em todo o pa�s, foram 6.793 casos poss�veis de doa��o durante o primeiro semestre, mas s� 3.472 foram de fato realizados —em 1.684 oportunidades, a doa��o n�o ocorreu porque a fam�lia n�o autorizou o procedimento. Entre janeiro e junho do ano passado, tinham sido 1.608 recusas. Em 2021, tinham sido 1.113, enquanto em 2019, antes da pandemia, eram 1.302.
Outros motivos para que a doa��o n�o acontecesse incluem contraindica��o m�dica (17% dos casos), parada card�aca (7%) e morte encef�lica n�o confirmada (7%), entre outros.
Garcia afirma que esse aumento de recusa familiar mostra a necessidade de retomar medidas de acolhimento que foram perdidas com a pandemia. Ele tamb�m diz que � importante melhorar a forma como a quest�o � tratada com as fam�lias, com um atendimento mais humanizado dentro dos hospitais.
N�meros de transplantes
Ao todo, foram realizados 4.247 transplantes de �rg�os de janeiro a junho. O rim lidera a lista, com 2.847 dos transplantes, sendo que em 382 dos casos o doador era um paciente vivo. Em segundo lugar est� o f�gado, com 1.103 transplantes, sendo 85 de pacientes vivos —� poss�vel doar em vida at� 70% do �rg�o.
A lista segue com 208 cora��es, 56 p�ncreas, 32 pulm�es e um multivisceral. Tamb�m foram realizados 7.868 transplantes de c�rnea e 2.067 de medula �ssea. Os estados que lideraram as doa��es foram Paran� (com 42,5 doa��es por milh�o de habitantes), Santa Catarina (41,5) e Rond�nia (30,4).
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A maior fatia de doadores � de homens de 50 a 64 anos que foram v�timas de acidente vascular cerebral (AVC). Segundo o levantamento da associa��o, 13% das doa��es ocorre com pacientes acima dos 65 anos e mais de 40% s�o do tipo sangu�neo O.
Atualmente, a lista de espera para o transplante de �rg�os � de 57.343 pessoas ativas. Mais de 31 precisam de um rim, 1.343 f�gado, 303 cora��o, 146 pulm�o e 23.729 de c�rnea.
No caso de pacientes pedi�tricos, o cen�rio � semelhante. Ao todo, s�o 1.175 crian�as na lista at� junho de 2023, sendo que 490 precisam de rim, 68 f�gado, 59 cora��o, 551 c�rnea e 7% de um pulm�o.
Jos� Osmar Medina, membro do conselho consultivo da ABTO explica que a tend�ncia da lista de espera � crescer, pois atualmente, a legisla��o brasileira n�o prev� limite de idade para o transplante de �rg�os. "Tendo uma boa sa�de para ser transplantado, o paciente entra na lista e espera o �rg�o. Se melhorar a assist�ncia m�dica, este n�mero cai. O que � importante saber � quantas pessoas morrem esperando o �rg�o, isso sim precisa diminuir", diz ele.
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