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‘Long story short’ é animação para adultos do criador de ‘BoJack Horseman’

A série disponível na Netflix acompanha a história da família judia Schwooper desde 1991 até 2022 e trata com humor temas sérios, incluindo a pandemia

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Depois de conquistar o mundo com o personagem meio homem, meio cavalo que quer retomar a carreira de ator, Raphael Bob-Waksberg aposta alto de novo. Desta vez, com uma família judia. “Long story short”, nova série de comédia animada do criador de “BoJack Horseman” (2014-2020), estreou neste mês, mas já havia sido renovada para a segunda temporada em julho.

A animação para adultos acompanha a história dos irmãos Schwooper: o mais velho, Avi (Ben Feldman); a irmã do meio, Shira (Abbi Jacobson), e o caçula, Yoshi (Max Greenfield). A trama segue os personagens da infância à vida adulta, mas nem sempre em ordem cronológica.

São abordados momentos da família de 1991 a 2022 em 10 episódios de apenas 25 minutos cada um – o que justifica o uso da expressão americana no título. Cada episódio começa em um ano aleatório e pode terminar em décadas anteriores ou posteriores.

Álbum de fotos

Em entrevista à revista “Variety”, Raphael Bob-Waksberg afirmou que pensa na série como um reflexo da memória. “Queria que desse a sensação de estar folheando um álbum de fotos de família. Ou quando você lembra de algo que te faz lembrar de outra coisa, que te faz lembrar de outra coisa e te faz lembrar de outra coisa”, disse o criador e roteirista. “Não é sempre cronológica a forma como você pensa nas pessoas e sobre a sua família”, observou.

Mesmo com as mudanças temporais, os episódios se sucedem de tal forma a construir uma narrativa única. Ao longo da temporada, peças se encaixam para explicar a dinâmica familiar, e informações omitidas nos primeiros capítulos vão sendo reveladas. Essa estrutura não confunde o espectador. Pelo contrário, reforça a sensação de proximidade com a vida dos Schwooper.

O sobrenome, inclusive, é só dos irmãos. O pai, Elliot (Paul Reiser), é um Cooper, e a matriarca da família, Naomi (Lisa Edelstein), é Schwartz – a união dos dois nomes forma o sobrenome dos filhos.

Com episódios de 25 minutos, a produção dá saltos temporais, emulando um fluxo de memória netflix/divulgação

Mãe mandona

A família não é das mais unidas. A mãe é mandona, passivo-agressiva e narcisista. Ela não entende a individualidade dos filhos, que são peculiares cada um ao seu mod. Avi é um crítico de música que não tem fé no judaísmo. Shira é a filha rebelde. Usa roupas pretas, franja que cobre o olho e declara-se lésbica depois da adolescência.

Já Yoshi é idealista como o pai, que é um homem cuidadoso, mas inerte em relação às dificuldades familiares. Essa semelhança é reforçada pela estética da animação, pois ambos têm traços faciais mais finos e alongados, em contraste com os rostos arredondados e narizes semelhantes de Naomi, Avi e Shira.

Assim como “BoJack Horseman”, a obra começa simples e engraçada. Porém, tal qual a série do homem-cavalo, que revela um debate sobre depressão, arrependimentos e solidão, “Long story short” aborda questões em torno de trabalho, casamento, divórcio, filhos e, principalmente, o luto.


Religião

A religião também ocupa papel central na série. No sétimo episódio, Kendra (Nicole Byer), esposa de Shira, é a protagonista. Quando criança, ela teve uma festa de aniversário marcante em uma casa de eventos e decidiu seguir carreira no local. Já adulta, recebe uma oportunidade de se tornar gerente, mas a trajetória ambiciosa e descuidada até o novo cargo a faz se encontrar inesperadamente com o judaísmo.

O animação potencializa a narrativa. Criada por Lisa Hanawalt, parceira de Bob-Waksberg desde 2014, o desenho dá vida às fantasias e metáforas dos personagens, aproximando-os ainda mais do público.

O estilo da animação foge ao ultra tecnológico e imita desenhos feitos a lápis, com traços curvilíneos e algumas falhas propositais. “Essa foi uma grande premissa para nós. Garantir que parecesse ter sido feito por pessoas, por mãos e não pela ferramenta de linha reta no computador”, afirmou Raphael Bob-Waksberg à “Variety”.

A série faz referência a clássicos como “Psicose” (1960) e a fenômenos pop mais recentes, como a série “Bridgerton”, passando por menções a Beyoncé, Bob Dylan, “Adoráveis mulheres” e a banda Haim.

Há ainda reflexões sobre o impacto da COVID-19 na sociedade. Produzida anos após a pandemia, a série consegue tratar o tema com propriedade, sem precisar apelar a cenários apocalípticos, e debate com sobriedade o sofrimento daqueles que viveram o luto em época de isolamento social.

Com a renovação já confirmada, “Long story short” ainda tem décadas de histórias da família protagonista para explorar. O interesse, agora, é descobrir de que forma Bob-Waksberg irá manter o equilíbrio entre humor e drama, dialogando com novas questões contemporâneas.


*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes”


“LONG STORY SHORT”
A série, em 10 episódios, está disponível na Netflix.

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