O pianista e compositor Írio Júnior lança o álbum instrumental “Nuance”, que chega às plataformas nesta segunda-feira (18/8). O disco independente de piano solo, com sete faixas, é o primeiro trabalho autoral do mineiro.

Írio conta que o álbum traz forte carga emocional, guiada pela faixa título. “Ela foi o norte, apontou a direção e as outras vieram em consequência”, comenta.

O mineiro estudou música clássica da adolescência até os 22 anos. “Participei de vários concursos e me dediquei à música erudita. Depois comecei a estudar jazz como autodidata, aprendendo sozinho, escutando, tocando. Assim fui me desenvolvendo.”

Aos 29 anos, Írio trabalhou com o saxofonista Vinícius Dorin, que tocou por muitos anos com Hermeto Pascoal. “Chegamos a gravar o álbum ‘Revoada’, lançado em 2007. Por meio dele, entrei para o Nenê Trio, com o qual toquei por muitos anos. Morei em São Paulo e a gente gravou seis discos. Nenê tocou também com Hermeto”, comenta.

Improviso

Durante todo esse tempo, Írio era visto como pianista improvisador. “A improvisação era algo que eu sempre mostrava durante as apresentações. Quando pensei no meu trabalho solo, quis fazer o contrário disso. Com o Nenê Trio, era um trabalho de música brasileira livre, aberta, procurava improvisar de uma forma não muito jazzística”, relembra.

Agora, ele tomou outro caminho, mais distante do improviso. Em “Nuance”, diz ele, “é tudo composição, com muita melodia”. A única faixa em que exibe mais virtuosismo é “Sentido contrário”, que encerra o álbum.

“Esse disco mostra também a minha influência erudita. A execução é feita explorando a dinâmica, o toque e as sonoridades do piano. É algo que vem da música erudita que estudei. Isso está bem claro no meu trabalho instrumental de jazz.”

Liberdade

De certa forma, ele se libertou neste disco solo. “Deixei fluir o que está dentro de mim. Na forma como componho, não estou me baseando em nada”, diz. “O jeito como faço a estrutura da música, a harmonia e a cadência mostram que fui deixando tudo fluir. Este disco traz mais a minha cara, pois não estou me inspirando em ninguém.”

Esta busca foi, de certa forma, influenciada por conversas dele com Nenê. “Ele me dizia que todos os músicos com os quais tocava, Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti, por exemplo, tinham o próprio caminho. Nenê também tem o dele. E eu procurava, nas minhas improvisações, tentar sair do convencional, do jazz que as pessoas normalmente fazem.”

Já pensando no segundo álbum solo, Írio planeja ampliar os horizontes de sua música. “Como sou um cara que atua em várias frentes, como rock, bossa nova, jazz e música eletrônica, pretendo fazer outros tipos de trabalho”, diz o pianista e compositor.

“A princípio, estou mostrando meu trabalho autoral de piano solo com esta cara. Se, futuramente, fizer outro mais voltado para o lado do jazz, farei algo diferente. Talvez com piano e voz ou piano e percussão. Posso atingir várias frentes”, comenta.

Durante o processo de “Nuance”, Írio descobriu que gosta de rock. “Foi interessante, não havia percebido isso em mim. Acho até que já havia essa influência, só que eu não sabia. É algo novo, que está influenciando minhas atuais composições e o meu jeito de tocar.”

Judas Priest

Fã da banda Judas Priest, ele diz que as influências do grupo inglês poderão se fazer sentir em seu segundo álbum. “Sou um cara aberto ao rock progressivo, ao rock, ao pop. Se ouço algo e aquilo mexe comigo, eu gosto. Quem me conhece tocando com o Nenê e o Vinícius Dorin vê que meu novo trabalho é o contrário do que eu fiz, algo muito diferente das coisas que já gravei”, observa.

Írio revela que pensa em criar trilhas sonoras. “Já compus música eletrônica, hip-hop e até fiz trabalhos com um amigo DJ. Me considero universal, gosto de muitas coisas, mas não levanto bandeira. Hoje vivemos em um mundo cheio de diversidades”, conclui.

“NUANCE”

. Álbum de Írio Júnior
. Sete faixas
. Disponível nas plataformas digitais

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