Em sua primeira Virada, o prefeito Álvaro Damião (União) literalmente virou. Não à noite, mas na manhã de ontem (24/8), quando caiu do carrinho de rolimã. “Carrinho de rolimã, se você não cair, não tem graça, não”, afirmou, bem-humorado, o gestor, em vídeo postado em suas redes sociais.
Damião conheceu de perto uma das atrações mais tradicionais da Virada: a corrida de carrinho de rolimã, que em todas as edições toma conta dos domingos na Avenida Assis Chateaubriand.
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É justamente no segundo dia do evento, à luz do dia, que atrações alternativas, muitas delas sem relação com a música, tomam conta de vários espaços de BH. A Gaymada, também obrigatória na Virada, foi realizada ontem, na Rua Guaicurus.
Novidades na programação
Mas houve espaço para novidades. Duas delas, por sinal, ocorreram simultaneamente, no região do Viaduto Santa Tereza. Embaixo dele, próximo ao Parque Municipal, aconteceu a Batalha DeBH Open Styles (anunciada erroneamente pela produção da Virada como Batalha do Passinho, ligada ao funk). Vinte e nove dançarinos de diferentes estilos participaram do evento – o vencedor foi Brenim, que recebeu R$ 500, mais troféu.
A forma da competição é semelhante à do Duelo de MCs. As batalhas se dão por duplas. A seleção inicial escolheu os 16 dançarinos (duas delas mulheres).
Um minuto
Cada participante dança durante um minuto em cima de uma lona de xadrez. Seu concorrente faz o mesmo. O público grita, aplaude, mas não tem poder de voto. A escolha do melhor de cada dupla é feita por um trio de jurados. Passada a primeira fase, saem as quatro duplas que vão para a semifinal e assim por diante, até o nome vencedor.
Do outro lado do Viaduto, já próximo à Serraria Souza Pinto, ocorreu, também no fim da tarde, outra competição estreante no evento. A Batalha do Tupi: Rap é para todes, realizada desde 2014 pelo coletivo Recriart & Cultura, no bairro Tupi. Oito MCs participaram da disputa – quatro homens e quatro mulheres. É semelhante ao Duelo, explicou a produtora Gabrè. Só que mais diverso. “Gostamos de falar que é para minas, manas, manos e monas”.
Teatro lambe-lambe
Outro cenário da Virada bastante diversificado é o Parque Municipal. A noite de sábado teve, como nos anos anteriores, cinema a céu aberto com pipoca gratuita. Mas quando a manhã de domingo chegou, o espaço teve teatro. Não o convencional, mas em lambe-lambe. Os fotógrafos lambe-lambe são uma tradição do Parque Municipal.
O teatro bebe nessa origem. Espetáculos são criados dentro de caixas, onde o público é uma pessoa – a duração média de cada peça é de 5 minutos. Para assistir, a pessoa se senta em um banco, espia por um orifício e coloca fones de ouvido.
No parque foram apresentados quatro espetáculos, entre eles “A sereia”, criado por Hermes Perdigão, que há 15 anos se dedica ao teatro lambe-lambe. “É um teatro onde você pode fazer tudo sozinho. É bem compacto. E na caixa temos de tudo, de luz a sonoplastia”, afirmou Hermes.
Outra atração que chamou a atenção das crianças foi uma oficina de grafite, que reuniu aproximadamente 50 participantes. Promovida pela artista Mona, a atividade começou com desenhos no papel. Depois, os alunos passaram para folhas de papelão coladas em um tecido branco. “É semelhante ao nosso processo de fazer o grafite. Primeiro a gente desenha, faz o rascunho e depois passa para a parede”, explicou Mona.
A Superintendência de Limpeza Urbana apresentou, nos dois dias da Virada, e também no Parque Municipal, uma exposição em homenagem aos profissionais de limpeza. “Todo ano estamos na Virada falando da limpeza urbana e reforçando a ideia de que limpeza também é cultura”, explicou a curadora Elania Matos.
Camisas laranjas com frases relacionadas à limpeza urbana foram arranjadas em uma grande instalação. Uma delas trazia escrito o nome Laudemir Fernandes, o gari de 44 anos que foi assassinato pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior em 11 de agosto, enquanto trabalhava na coleta de lixo no bairro Vista Alegre, na Zona Oeste de BH.
“Isso mexeu muito com a gente, foi uma comoção nacional. Acho que é importante ficarmos sensibilizados com isso”, acrescentou Elania. Gerente de educação para limpeza urbana, Leandro Viana afirmou: “A gente espera que a instalação chame a atenção para a pessoa do gari e para a invisibilidade que as pessoas, no dia a dia, às vezes dedicam àqueles que fazem a limpeza.”(Participaram da cobertura: Ana Clara Torres*, Daniel Barbosa, Gabriela Matina, Lucas Lanna Resende, Giovana Souza*)
*Estagiárias sob a supervisão da editora Silvana Arantes