Raissa Guimarães, atriz e palhaça, é mãe solo de duas meninas pequenas. Ela afirma que, ao viver essa experiência da maternidade, passou a enxergar outras mulheres em posições semelhantes. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados em 2023, existem mais de 11 milhões de mães solo no Brasil.
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“Desde que me tornei mãe, fui atravessada por muitas sensações e reflexões. Fui me lembrando de outras mães solo, inclusive a minha própria mãe, e me identificando com elas. Fui entendendo que existia um universo em comum de problemáticas que era pertinente à própria condição da maternidade solo”, afirma a artista.
Para Raissa Guimarães, era necessário dar vazão aos sentimentos individuais sem perder de vista a dimensão coletiva da experiência. “Queria apresentar esse assunto de modo que estivesse falando sobre uma macropolítica e não sobre uma experiência individualizada. Acredito que o tema da mãe solo ainda fica muito na esfera do particular e tem pouco espaço de discussão, inclusive, em locais de debates feministas”, diz.
Pesquisa com mães solo
Foi dessa inquietação que surgiu o espetáculo “Colapso: uma tragicomédia materna”, com apresentações neste sábado (30/8) e domingo, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium. Com direção de Rhena de Faria, a montagem conta seis histórias sobre a maternidade solo, inspiradas em momentos vividos por Raissa e por sua mãe.
A atriz e a diretora também fizeram uma pesquisa de campo, por meio de formulário, buscando relatos de outras mulheres que vivem a maternidade solo. Embora as respostas não tenham sido incorporadas diretamente ao roteiro, a proposta de ouvir essas vozes se mantém presente no espetáculo.
Durante a peça, um microfone posicionado na plateia estará disponível, a partir do soar de um alarme, para as mães espectadoras poderem compartilhar experiências pessoais. “Recortes de classe e de raça podem adicionar ainda mais problemáticas dentro desse tema. É uma oportunidade de descentralizar um pouco o discurso e abrir para outras mulheres se expressarem, justamente porque a tentativa do espetáculo é universalizar a discussão e não individualizá-la”, afirma Raissa.
Na trilha sonora e no figurino, assinados por Ernani Sanchez e Christiane Galvan, respectivamente, a influência é do rock. A ideia do espetáculo era “entrar com o pé na porta”, segundo Raissa diz, e a estética punk colaborou para transmitir o estado de alerta da personagem.
Inspiração no rock
“O rock é uma música rebelde. Ao mesmo tempo, ela é meio doida e caótica. A gente achou que amarrava o espetáculo e colocava uma identidade que tinha a ver com toda a dramaturgia”, comenta.
Cada uma das seis histórias apresentadas varia na linguagem. Há cenas cômicas – inspiradas no absurdo e no nonsense –, dramáticas, poéticas, circenses e, ainda, de caráter mais documental, baseadas em estatísticas sobre a maternidade solo. Algumas histórias serão encenadas duas vezes, mas com desfechos distintos.
“A intenção é levar o público a experimentar diferentes emoções. É um pouco disso que trata o cotidiano de uma mãe solteira. É para o público também se sentir nessa montanha russa de emoções, de caos, de poesia, de beleza, de revolta e, enfim, de riso”, diz Raissa.
“COLAPSO: UMA TRAGICOMÉDIA MATERNA”
Neste sábado (30/8), às 19h, e domingo (31/8), às 18h, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda na plataforma Sympla e na bilheteria do teatro.
Outros espetáculos
>>> “E.L.A”
O espetáculo “E.L.A: um ensaio sobre o ser e o estar”, que será apresentado neste domingo (31/8), às 19h, no Teatro de Bolso do Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia), é a primeira peça autoral do Coletivo 9 minutos.
Nele, as atrizes belo-horizontinas Alice Yoko, Clarice Junqueira e Gabrielle Crescêncio interpretam Eliza, Laura e Aurora, três mulheres que, mesmo sem se conhecerem, têm histórias pessoais que parecem se repetir. O texto é de Gabrielle Crescêncio e a direção de Irati Chapuis. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na plataforma Sympla.
>>> “BEATLES PARA CRIANÇAS”
O projeto Beatles Para Crianças, dos educadores Fabio Freire e Gabriel Manetti, comemora 10 anos neste 2025, e a dupla faz show especial em Belo Horizonte, neste domingo (31/8), às 17h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes).
Com repertório novo e o uso de instrumentos inéditos, Fábio e Gabriel também celebram os 10 anos que os Beatles tocaram juntos, com destaque para a amizade dos integrantes. Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), à venda na bilheteria do teatro e no Sympla.
* Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes