Os Paralamas do Sucesso deram a largada na turnê que celebra seus 40 anos de trajetória com uma apresentação no Allianz Parque, em São Paulo, para um público de 50 mil pessoas, no último dia 31 de maio. “Foi um negócio de louco, o maior show que a gente já fez na carreira”, comenta o baixista Bi Ribeiro.
Essa celebração, que denota o tamanho e a importância do grupo, quatro décadas depois de sua formação, chega a Belo Horizonte com dois shows, nesta sexta (29/8) e sábado, no BeFly Hall.
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Seria apenas um, no sábado, mas a procura por ingressos levou à abertura da data extra, no espaço que tem capacidade para 5 mil pessoas. O título que batiza a turnê, “Paralamas clássicos – 40 anos”, é indicativo do que o roteiro da apresentação contempla: os grandes sucessos, lançados a partir do álbum de estreia, “Cinema mudo” (1983), até os dias atuais. “Meu erro”, “Lanterna dos Afogados”, “Óculos”, “Alagados”, “Vital” e “Ela disse adeus” são alguns deles.
No total, a banda desfila 33 músicas ao longo de mais de duas horas de show. Bi Ribeiro diz que, com uma obra tão vasta, não foi tarefa fácil montar o roteiro, mas pontua que o gosto popular deu o norte.
“Pegamos as mais clássicas mesmo, as que mais tocaram no rádio, as que as pessoas mais ouvem e pedem pela internet, e também escolhemos algumas que gostamos de tocar, como 'Calibre' e 'Selvagem', que, no final das contas, também são muito conhecidas do público.”
Ele destaca que, atualmente, é um prazer tocar músicas que o grupo sempre incluiu no repertório dos shows durante toda a sua trajetória, mas nem sempre foi assim. “Teve uma época, 30 anos atrás, que resolvemos entre nós mesmos que não aguentávamos mais tocar 'Óculos', e paramos de fato, mas depois retomamos”, conta.
“Com a maturidade, entendemos que não tinha porque enjoar desta ou daquela música, porque foram elas que nos fizeram estar ali naquele palco. Seguimos tocando todas então, mas cada vez de um jeito diferente”, afirma.
Pausa por acidente
Das bandas da geração pop rock Brasil dos anos 1980, os Paralamas são das poucas – senão a única – a se manter em atividade ininterruptamente com a mesma formação. A única pausa, forçada, foi em razão do acidente de ultraleve que deixou o guitarrista e vocalista Herbert Vianna paraplégico, em 2001. Bi Ribeiro explica esse fôlego e essa coesão se devem ao simples fato de os três – a formação se completa com o baterista João Barone – gostarem de tocar juntos.
“Temos uma unidade grande, gostamos de estar na estrada, temos sintonia. Claro que cada um tem sua personalidade, seu jeito, mas fomos aprendendo a lidar com as diferenças e a lutar por um objetivo comum, que é seguir tocando. É prazeroso estar com esses caras, sempre foi, a vida inteira, então não tem porque parar”, afirma. O trio original conta com o reforço dos músicos João Fera (teclados), Monteiro Jr. (saxofone) e Bidu Cordeiro (trombone).
Nessas quatro décadas de história, os Paralamas do Sucesso sempre se mantiveram em evidência, mesmo com as mudanças no cenário musical brasileiro. “A gente viu muita coisa chegar e passar”, observa Bi Ribeiro. Ele alude a ciclos de renovação, que considera muito naturais no Brasil. “Tivemos aquele momento, nos anos 1980, onde o rock era a música da vez. Depois veio a lambada, a música romântica, o axé, a música sertaneja. As coisas que são boas em cada um desses segmentos vão ficando”, avalia.
Mudanças na música e no país
Para além dessas correntes artísticas e das transformações do mercado fonográfico e das formas de se consumir música, ele chama a atenção para o fato de que a própria sociedade e o país mudaram muito.
“Assistimos e participamos da abertura política que veio junto com o fim da repressão. Naquele momento, você não podia fazer reunião de público jovem para assistir a uma banda de rock. Havia bandas de rock, como a nossa, mas em casa, tocando para os amigos”, recorda.
Com a redemocratização, ele diz, veio “uma avalanche, uma represa rompida”. Bi Ribeiro pondera que, hoje, o país ainda não está muito bem resolvido, mas acredita que a democracia esteja consolidada. “Estamos vivendo outro momento. Acho que, com ou sem polarização, vamos caminhando para a frente, porque acho que é um sentimento comum do povo brasileiro que a democracia precisa ser mantida. Acho que não vamos mais deixar passar outro golpe como o de 1964.”
Projeto de disco
Bi Ribeiro diz que a duração da turnê “Paralamas Clássicos – 40 anos” está indefinida. Ainda este ano, ela segue para Curitiba e retorna a São Paulo, em outubro; vai para Salvador, em novembro, e aterrissa mais uma vez no Rio de Janeiro, em dezembro. Para o ano que vem já existem algumas propostas de outras capitais.
“Imagino que a gente siga com essa circulação até meados de 2026, alternando com outros shows menores, à parte dessa comemoração de 40 anos”, diz o baixista. Um novo álbum de inéditas também está nos planos. “Queremos dar uma diminuída no ritmo, para voltar aos encontros que fazemos, basicamente nós três, porque é daí que saem as ideias. Pretendemos, entre o fim deste ano e o início do próximo, começar a fazer isso aí, pensar em algum projeto, que seja um disco, que sejam algumas músicas.”
“PARALAMAS CLÁSSICOS – 40 ANOS”
Show nesta sexta-feira (29/8), às 22h, e sábado (30/8), às 21h, no BeFly Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Ingressos para com preços variando entre R$ 150 (meia e ingresso social do 3º lote para cadeira superior prata) e R$ 470 (inteira do 3º lote para o front stage), à venda na bilheteria e no Sympla.