Artista peruana Yanaki Herrera abre exposição hoje na Casa Camelo
Pinturas e instalações da mostra 'Yunza' destacam a força da ancestralidade e da maternidade. Obras poderão ser conferidas até 20/9 na galeria da Floresta
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Siga noAncestralidade e maternidade são matérias-primas da artista visual Yanaki Herrera, que abre hoje a exposição “Yunza”, na Casa Camelo, às 18h. O evento contará com bate-papo entre Yanaki e a curadora Ariana Nuala, com apresentação da DJ chilena Amaranta.
A peruana Yanaki Herrera mora no Brasil há cerca de 10 anos. Yunza é o nome da festividade realizada no Peru por povos andinos e amazônicos para celebrar a fertilidade e a abundância em comunidade.
“Venho do processo de entender minha ancestralidade a partir de conversas com a família. Tenho me preocupado muito, principalmente nos últimos anos, como as histórias das minhas avós se perderem, não serem contadas ou serem tratadas como algo não interessante e não importante. Isso é fruto do etnocídio”, afirma a artista.
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Os avós de Yanaki, integrantes da comunidade quechua, do distrito de Ocobamba, migraram para Lima, capital do Peru, assim como a neta. O casal lutou contra o racismo e o apagamento de suas raízes culturais e étnicas na cidade grande.
“Por meio da oralidade, tenho preocupado em me perguntar de onde viemos e quais são as histórias não contadas dentro da família. Elas têm ficado esquecidas, principalmente após o falecimento do meu avô”, diz Yanaki.
Lutas coletivas
Outro foco da artista é a maternidade. Para ela, a exposição “Yunza” é uma forma simbólica, poética e política de enxergar a comunidade que marcou sua trajetória familiar e artística.
“Quando pesquiso a maternidade, parto muito de um lugar pessoal, íntimo meu, mas que ao mesmo tempo se dá como ponto de encontro das lutas coletivas de outras maternidades, principalmente as não hegemônicas, que possuem comprometimento com o olhar que vai contra uma visão patriarcal.”
A mostra reúne 15 obras, pinturas e instalações inspiradas em mulheres da família da artista, principalmente a mãe e as avós. “O que trago diz muito sobre a memória coletiva”, ela afirma. Yanaki afirma que sua arte busca entender o lugar da ancestralidade nos espaços urbanos.
“Cresci em Lima, na capital, cidade grande. A experiência de ser mãe dentro de comunidades indígenas e fora delas é muito diferente, são vivências atravessadas por questões políticas, econômicas e culturais”, observa.
Duas oficinas, destinadas a adultos e crianças, fazem parte do projeto, além de visitação com acessibilidade à comunidade surda. A programação oficial será divulgada nas redes sociais de Yanaki Herrera e da Casa Camelo.
“YUNZA”
Exposição de Yanaki Herrera. Abertura nesta quarta-feira (3/9), às 18h. Casa Camelo (Rua Santo Agostinho, 365, Sagrada Família). O espaço funciona de terça a sábado, das 14h às 20h. Em cartaz até 20 de setembro. Programação completa no Instagram (@casacamelo e @yanaki_herrera).
OUTRAS EXPOSIÇÕES
• RODOVIÁRIA DE BH
A exposição “Mineiridades” será aberta hoje, na Rodoviária de Belo Horizonte (Praça Rio Branco, 100, Centro), com recriação de salas do Memorial Vale, que está fechado para reforma e funciona na Praça da Liberdade. O público poderá participar de experiências interativas e terá contato com objetos ligados ao Barroco Mineiro e ao Vale do Jequitinhonha, por exemplo. Em cartaz de terça a sábado, das 10h às 16h, no segundo andar, com entrada franca.
• “FRAGMENTOS URBANOS”
A artista visual Bárbara Ferreira Figueiredo apresenta a mostra “Fragmentos urbanos”, na Sala Ana Horta do Centro Cultural UFMG (Avenida Santos Dumont, 174, Centro). Propondo olhar poético sobre a arquitetura do Centro de BH, a exposição ficará em cartaz até 5 de outubro. Bárbara retrata o vazio de edifícios urbanos, explorando vãos, janelas e frestas como metáforas de ausência e potencialidades. O espaço funciona de terça a sexta, das 9h às 20h; sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h. Entrada franca.
• “RAÍZES ANDARILHAS”
Também em cartaz no Centro Cultural UFMG, o artista visual Caio Marqz participa do projeto Escultura no Centro. Obras em cerâmica da mostra “Raízes andarilhas” exploram formas e texturas inspiradas na natureza, remetendo a raízes, casulos e conchas.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria