Exposição de Clara Valente destaca montanhas, flora e as águas de Minas
Pesquisa da artista plástica sobre a Serra da Moeda, para onde ela se mudou, inspirou a mostra em cartaz na galeria GAL até 10 de outubro
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Siga no“Montanha nascente flora”, nova exposição da artista Clara Valente, reúne quadros, cerâmicas e instalações que retratam literalmente o que está dito em seu título. Inspirada nas montanhas, nascentes e flora das serras de Minas Gerais, a mostra ficará em cartaz até 10 de outubro na GAL Arte & Pesquisa.
O projeto começou com a coleção “Flores astrais”, em 2019. A partir de caminhadas nas serras do Espinhaço, da Calçada e do Cipó, a artista produziu, durante cerca de três anos, quadr1os sobre a vegetação daqueles locais.
“É um objeto de pesquisa meu. Quando faço passeios, noto as características da flora e de cada espécie em cada estação”, conta Clara Valente.
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As plantas exibem sua “criatividade” nas diferentes épocas do ano. “Entre verão, outono, inverno e primavera, as florações e vegetações vão mudando. Na Serra do Espinhaço, um bioma específico da região tem espécies de plantas que parecem alas de carnaval”, conta a artista.
Em 2021, Clara decidiu viver na Serra da Moeda, mas vinha a Belo Horizonte frequentemente. Nos primeiros contatos com a natureza do novo lar, ela passou a estudar as nascentes. Agora se mudou definitivamente para a região, a 60 quilômetros da capital.
“Comecei a olhar mais para as entranhas das montanhas, de onde vinham as águas. Entendi que onde tem uma certa vegetação, no final sempre tem cachoeira e a nascente que abastece os povoados, as cidades e a natureza do entorno”, afirma.
A análise dos córregos continuou atrelada às pesquisas de Clara sobre a flora, com destaque para as palmeiras. Buriti, macaúba e a palmeira-indaiá, ela explica, são específicas do cerrado, bioma que depende da proximidade com as correntes de água.
O que Clara observou está retratado em pinturas realizadas com tinta spray e resina acrílica sobre tela e papel. Há também peças em cerâmica criadas em parceria com Benedikt Wiertz, ceramista que tem ateliê na região da Serra da Moeda.
O interesse da artista pelas montanhas é mais recente. Começou este ano, quando se mudou de vez para Moeda. Diz que elas estão sempre presentes na vida das pessoas, principalmente em Minas Gerais.
“As montanhas nos guiam. Quando estamos fazendo algum trajeto, pensamos: ‘Vou daqui até ali’, nos referindo a elas. Para ir de uma cidade a outra, elas vão nos guiando e nos levando”, afirma.
Na abertura da mostra, Clara fez instalação dedicada às montanhas, com dois painéis.
Contemplação
A ideia da exposição, com curadoria de Uiara Azevedo e Laura Barbi, é apresentar a beleza da paisagem mineira e, por meio da contemplação, chamar a atenção para a preservação da natureza.
“Queria que as pessoas entrassem no meu universo de pesquisa como se fosse um jardim. Que a partir disso elas vejam uma palmeira, que antes achavam todas iguais, e passem a se interessar pela diferença”, afirma Clara.
“Vamos prestar atenção: a natureza é tudo. Se acabar a água, acabou o mundo. Onde moro, a nascente está secando em vários lugares. Tinha lagoas naturais e hoje em dia tudo está meio seco”, lamenta. “Sem montanha, não têm nascente e sem nascente não tem água”, conclui Clara Valente.
“MONTANHA NASCENTE FLORA”
Quadros, cerâmicas e instalações de Clara Valente. Até 10 de outubro, na GAL Arte & Pesquisa (Rua Sinval de Sá, 586, Cidade Jardim). A visitação deve ser agendada pelo WhatsApp (31-993708998) e Instagram (@gal.art.br)
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria