Cinema

Filme sobre criança palestina morta por israelenses é favorito em Veneza

Festival italiano acaba neste sábado (6/9). 'The voice of Hind Rajab', dirigido pela tunisiana Kaouther Ben Hania, foi ovacionado por 23 minutos

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 “Eu não fiz este filme para que as pessoas fiquem confortavelmente em seus assentos”, afirma a diretora franco-tunisiana Kaouther Ben Hania, que apresentou o impactante “The voice of Hind Rajab” no Festival de Veneza, que será encerrado neste sábado (6/9).

O longa sobre a morte de menina de 6 anos na Faixa de Gaza, que provocou imensa comoção no Lido veneziano, é apontado como favorito ao Leão de Ouro, que será entregue hoje.

O filme é baseado na história real da menina palestina Hind Rajab, assassinada pelas forças israelenses enquanto tentava fugir de Gaza. Nele, são recriadas as longas horas vividas por ela em 29 de janeiro de 2024. Em Ramallah, na Cisjordânia, trabalhadores tentaram salvar a criança, refugiada em um carro com seis familiares. Foram utilizadas no filme gravações reais da chamada telefônica em que Hind Rajab pedia socorro.

Raiva e desespero

Quando ouviu as gravações pela primeira vez, divulgadas na imprensa, a cineasta revela que sentiu raiva e desespero. “Algo também me disse: o que eu posso fazer?”, conta. Os habitantes de Gaza, os palestinos em geral, sempre são considerados suspeitos antes de serem vítimas”, afirma a cineasta, também diretora de “As quatro filhas de Olfa” (2023).

Na quarta-feira (3/9), quando terminou a exibição oficial com a presença dos atores Joaquin Phoenix e Rooney Mara, produtores executivos do longa, a multidão emocionada ovacionou o filme por 23 minutos, algo nunca visto em Veneza.

Brad Pitt ofereceu apoio, assim como Jonathan Glazer, diretor premiado com o Oscar por “A zona de interesse” (2023). Os dois receberam ameaças, segundo a diretora.

“Meus produtores, incluindo nomes norte-americanos muito conhecidos, como Brad Pitt e Joaquin Phoenix, tiveram caixas de entrada de email inundadas com milhares e milhares de mensagens”, contou a cineasta Kaouther Ben Hania.

Foram textos “superintimidantes”, acrescentou, prevendo que isso deve ser apenas “o começo”. O longa foi selecionado para representar a Tunísia no Oscar 2026.

A pré-estreia em Veneza, potencial trampolim para o prêmio americano, “é muito importante, porque, para um filme como este, permite uma visibilidade enorme. Eu quero que o filme seja visto por todo o mundo”, declarou a diretora.

O longa-metragem deve ser lançado nos cinemas da Tunísia em 17 de setembro. Por enquanto, ainda não há data prevista na Europa. Nos Estados Unidos, ele não tem distribuidora.

“Monstruosidade”

A diretora Ben Hania afirma que busca “dar um rosto a esta menina e também aos trabalhadores do Crescente Vermelho”. E acrescenta: “Com essa história, podemos perceber a enormidade e a monstruosidade do que está acontecendo em Gaza”.

No filme, ela exibe a praia de Gaza porque a mãe de Hind Rajab contou que a menina adorava ir lá. “Quando você vê alguém como Trump falando sobre a Riviera, me pergunto: em que mundo estamos vivendo?”, comenta a cineasta.

A mãe de Hind Rajab aprovou o filme com o desejo de que a voz da filha não seja esquecida. Com elenco palestino, o filme foi rodado na Tunísia e será exibido nos festivais de Toronto, no Canadá; Londres, na Inglaterra; San Sebastián, na Espanha; e Busan, na Coreia do Sul. 

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