Culinária e arte

Entre panelas e memórias, projeto Lambida enfeita muros de BH

Intervenção urbana reúne fotografias, áudios e receitas de mulheres de diferentes bairros da capital, transformando a cozinha em arte

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A comida como objeto de memória, afeto e resistência é o ponto de partida do Lambida, projeto das artistas, pesquisadoras e cozinheiras Laís Velloso e Luísa Macedo. A iniciativa transforma histórias culinárias de seis mulheres – Belinha, Sílvia, Ruth, Rose, Lena e Vera – em imagens espalhadas pela cidade em formato de lambe-lambe, com QR codes que dão acesso a áudios, vídeos e receitas. A estreia do projeto acontece neste sábado (27/9), das 10h às 13h, no Centro Cultural Usina de Cultura.

A proposta surgiu durante o período em que a dupla participou de um grupo de estudos sobre comida, arte e literatura. Velloso e Macedo começaram a se questionar sobre como a comida poderia ser representada além da gastronomia, mas como gesto artístico e político. 

“Um dia conversamos sobre a ideia de que a cidade poderia funcionar como um grande livro de receitas. Pensamos em imagens que remetessem à cozinha, mas não fossem literais e instigassem as pessoas a entender um pouco mais o contexto”, afirma Luísa Macedo. 

A escolha do lambe-lambe reforça a busca da dupla por um acesso democrático ao projeto. “Você não precisa ir a uma galeria, não precisa ter um livro, você acessa na cidade, você é atravessado por ele”, conta. 

As pesquisadoras visitaram as casas e cozinhas das seis mulheres entrevistadas, descritas por Luísa Macedo como mulheres comuns, com histórias e receitas carregadas de memórias e lembranças. O Lambida celebra o protagonismo feminino que, historicamente, foi invisibilizado e até mesmo apagado. 

“Elas trouxeram a ancestralidade de uma maneira muito forte. Quase todas mencionaram que aprenderam boa parte, senão tudo, do que sabem com as mães e as avós. Isso mostra a presença de um protagonismo feminino que, por mais que queiram apagar, está ali. Os chefs homens são sempre celebrados, mas as cozinhas são construídas por mulheres. Desde sempre são elas que repassam os saberes, mesmo que de forma muito breve”, afirma Macedo. 

A ancestralidade se faz presente na cozinha de muitas mulheres.
A ancestralidade se faz presente na cozinha de muitas mulheres Luísa Macedo

“Sempre me emociono e me surpreendo muito com a capacidade dessas mulheres de se reinventarem, de não sucumbirem a todo tipo de atravessamento que elas vivem, como intolerância religiosa, racismo, machismo. É de uma potência muito grande a forma como elas se reconstroem. Existem muitos saberes nessas mulheres, é muito impressionante quando elas vão contando os pequenos segredos”, complementa. 

Laís Velloso e Luísa Macedo buscaram descentralizar o projeto, focando em diferentes regionais de BH e não apenas na Região Centro-sul. “As seis mulheres são de diferentes regiões de BH. Fomos até a casa delas, elas escolheram e prepararam os pratos e eu fotografei esses momentos e a Laís gravou em áudio. Fizemos uma mediação desses áudios para eles darem conta de contar um pouco sobre cada receita”, conclui Luísa Macedo.

O Lambida resgata trajetórias e memórias nos detalhes de uma receita, nos segredos passados entre gerações e destaca a cozinha como espaço de poder e memória.

Inauguração Lambida

Neste sábado (27/9), das 10h às 13h, no Centro Cultural Usina de Cultura (Rua Dom Cabral, 765, Ipiranga). Entrada franca. 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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