Com um olhar cada vez mais atento para a produção audiovisual da América Latina, a CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte dá a largada em sua 19ª edição a partir desta terça-feira (23/9), ocupando diferentes espaços culturais da cidade – Fundação Clóvis Salgado (Cine Humberto Mauro, Sala Juvenal Dias, Teatro João Ceschiatti e Jardim Interno), Cine Theatro Brasil, Centro Cultural Unimed-BH Minas, Cine Santa Tereza, Teatro Sesiminas, Casa da Mostra e Praça da Liberdade.


A programação, que se estende até o próximo dia 29, conta com 101 filmes, sendo 48 longas, 52 curtas e um média-metragem, distribuídos nas mostras Território, Conexões, Vertentes, Praça, Homenagem, CineMundi, Diálogos Históricos, A Cidade em Movimento, Curtas Contemporâneos, WIP, Cine-Expressão – A Escola Vai ao Cinema e Mostrinha, além da abertura, com “O agente secreto”, de Kléber Mendonça Filho, e um cine-concerto, com execução ao vivo da trilha em uma sessão de curtas.


Simultaneamente à Mostra CineBH, acontece a 16ª edição do Brasil CineMundi – o evento de mercado do cinema brasileiro, que vai apresentar 37 projetos de longa-metragem em diferentes fases de desenvolvimento. Estão previstos seminários, debates e sessões comentadas que conectam as duas iniciativas. A 19ª CineBH tem como homenageado o ator Carlos Francisco, que integra o elenco de “O agente secreto” e a quem é dedicada uma mostra que reúne dois longas e três curtas.


Perspectivas


Orientada pelo tema “Horizontes Latinos: Nós Somos o Nosso Futuro?”, a CineBH deste ano destaca oito filmes na mostra Território, competitiva, e outros oito na mostra Conexões, com produções de Brasil, Uruguai, México, Equador, Peru, Chile, Argentina, Porto Rico e Colômbia. A seleção privilegia títulos inéditos ou com pouca circulação no Brasil e que exploram perspectivas únicas do continente, com curadoria de Cléber Eduardo, Ester Fér, Leonardo Amaral e Mariana Queen Nwabasili.


A mostra Territórios chega ao terceiro ano com filmes que exploram os limites da linguagem, de realizadores com até três longas no currículo. Já a Conexões, novidade desta edição, destaca a inventividade em formas amplas e serve de ampliação do panorama no continente a partir da visão dos curadores. Diretora geral da Universo Produção, realizadora da CineBH, Raquel Hallak considera que esta 19ª edição consolida a mostra como grande referência do cinema latino-americano no Brasil.

Wagner Moura interpreta o professor Marcelo no novo filme de Kleber Mendonça Filho, "O agente secreto" (2025). Ele venceu o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes Reprodução redes sociais Kleber Mendonça Filho
No longa hollywoodiano "Guerra civil" (2024), de Alex Garland, o ator é Joel, jornalista que atravessa o país ao lado da fotógrafa Lee (Kirsten Dunst), para cobrir a conflagração que tomou conta do país Diamond Films/Divulgação
Wagner Moura estreou na direção de longas com "Marighella", biografia do guerrilheiro Carlos Marighella, interpretado por Seu Jorge. O filme está disponível no Prime Video O2 Filmes/Divulgação
No drama biográfico "Sérgio" (2020), de Greg Barker, o ator interoreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, morto num atentado no Iraque, em 2003 Netflix/Divulgação
Na série "Narcos" (2015-2017), da Netflix, Wagner Moura vive o megatraficante colombiano "Pablo Escobar". Papel o tornou mundialmente conhecido Juan Pablo Gutierrez/Netflix
Na comédia musical, "Ó paí,ó" (2007), de Monique Gardenberg, Wagner Moura voltou a contracenar com Lázaro Ramos, retomando a parceria de sucesso do teatro, quando os dois atores baianos interpretaram o mesmo personagem na montagem "A máquina" Europa Filmes/Divulgação
Em "Tropa de elite" (2007), de José Padilha, Wagner Moura vive o Capitão Nascimento, um policial do Bope. O sucesso do filme fez com que expressões como "pede pra sair", ditas pelo Capitão, fossem incorporadas ao vocabulário do dia a dia David Prichard/Divulgação
Wagner Moura como Zico no longa-metragem "Carandiru" (2003), superprodução de Hector Babenco adaptada do livro homônimo de Drauzio Varella Marlene Bergamo/Divulgação


“A proposta é que o evento investigue a produção contemporânea da América Latina fazendo associação com o tempo histórico presente. A interrogação do tema escolhido é exatamente para que possamos pensar juntos e fazer uma reflexão sobre a soberania política e cultural do cinema latino-americano em meio a tantos desafios globais. Vamos continuar não sendo donos daquilo que a gente produz? É importante ter uma visão crítica do futuro que queremos”, diz.


Seminário internacional


Ela aponta os destaques desta 19ª edição da CineBH. Um deles é o seminário internacional com a participação de mais de 80 profissionais em 16 debates e 48 sessões comentadas. “Vamos ter especialistas de todo o mundo trazendo um pouco dessa visão de futuro do audiovisual, tratando desde os avanços tecnológicos e a inteligência artificial até as redes colaborativas”, aponta. Ela chama a atenção, também, para a mostra Diálogos Históricos, dedicada à obra do dominicano Nelson Carlo De los Santos Arias.


Coordenador da curadoria, Cléber Eduardo diz que a seleção dos filmes que competem na mostra Territórios conjuga vários fatores. “De antemão, precisam ser produções que ainda não passaram em nenhum festival brasileiro. Tem características que colocamos como norte: não queremos o clichê da América Latina, não queremos uma América Latina formatada para o olhar europeu. É importante que os filmes tenham uma certa autenticidade e uma relação com o território de onde vêm”, afirma.


Ele observa que a mostra Conexões, que substitui o que na última edição era a mostra Continente, adota, neste seu primeiro ano, um conceito distintivo. “Criamos quatro programas com dois filmes em cada um, que têm uma conexão entre si. Um dos programas, chamado 'O cinema que veio das águas', por exemplo, junta duas produções em que a água é um elemento forte, o mexicano 'Um conto de pescadores' e o brasileiro 'Cais', que vão ser exibidos em sequência”, diz.


19ª CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE E 16º BRASIL CINEMUNDI – EVENTO DE MERCADO DO CINEMA BRASILEIRO

A partir desta terça-feira (23/9), com exibição de filmes, debates, seminários, sessões comentadas e outras atividades, em diferentes espaços culturais de Belo Horizonte. Toda a programação é gratuita e pode ser conferida no site CineBH.

DISPUTA DE LONGAS

Confira os títulos em competição na mostra Território


“Bienvenidos conquistadores interplanetários y del espacio sideral” (Colômbia, Portugal, 2024), de Andrés Jurado, 95 min

“Chicharras” (México, 2024), de Luna Marán

“Huaquero” (Equador, Peru, Romênia, 2024), de Juan Carlos Donoso Gómes

“Movimento perpétuo” (Brasil, 2024), de Leandro Alves

“Punku” (Peru, Espanha, 2025), de J. D. Fernández Molero

“Queimadura chinesa” (Uruguai, Brasil, 2025), de Verónica Perrota

“Uma casa com dois cachorros” (Argentina, 2025), de Matías Ferreyra

“Oásis” (Chile, 2024), de Tamara Uribe e Felipe Morgado

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