As canções que Marcus Viana compôs para o Sagrado Coração da Terra, banda de rock progressivo que criou em 1979, ganham agora, segundo o artista, um verniz “acadêmico” com a apresentação da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais pela série Sinfônica Pop, nesta terça (23/9) e quarta, no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes. Ele diz que, com as orquestrações feitas por seu filho, João Viana, as músicas se tornaram cantatas sinfônicas.
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O concerto reúne novas obras para coro e orquestra, baseadas nas criações de Viana para o Sagrado Coração da Terra, com destaque para “Sagrado”, “A vida é terna”, “Grande espírito” e “Eldorado” – esta última, famosa por ter sido interpretada por Milton Nascimento como tema de abertura da novela “Amazônia”, da extinta Rede Manchete. Em sua nova versão sinfônica, “Eldorado” ganhou um arranjo orquestral grandioso e estrutura ampliada.
O programa conta ainda com obras criadas pelo violinista, cantor, tecladista e compositor para trilhas de cinema e televisão, como “Pantanal” e o tema de abertura do programa “Terra de Minas”. Viana observa que o repertório do Sagrado Coração da Terra é composto por músicas com estruturas instrumentais muito longas e letras que exploram temáticas espiritualistas e filosóficas. Ele diz que é como se fossem sinfonias cantadas.
Forma acadêmica
“Eu tinha o projeto de passar todo esse repertório para a forma acadêmica, para que perdurasse no tempo. Durante a pandemia, me dei conta de que essas músicas eram cantatas sinfônicas. O que apresento é o material do Sagrado composto ao longo da vida de uma forma acústica”, diz, acrescentando que, se no Sagrado Coração da Terra era a sua voz que entoava os temas, agora essa função fica a cargo do Coral Lírico. “Estou sendo substituído por 80 pessoas”, diverte-se.
Além de assinar as orquestrações e tocar piano, João Viana vai apresentar um tema de lavra própria. “Dei uma sorte tremenda de ter um filho que resolveu estudar composição e regência. Uma vez, ele chegou e começou a tocar umas harmonias tão bonitas para mim, depois pegou isso e fez uma abertura que traz os elementos que vão aparecer ao longo do concerto. É como se fosse o cardápio do programa. Chama-se 'A força da mudança'.”
Viana integrou a Orquestra Sinfônica durante sete anos, no início de sua carreira. “Estou de volta à minha casa, tocando com meus amigos. Restam poucos músicos da minha época, mas é maravilhoso estar na companhia desse grupo”, diz. Ele também elogia o maestro André Brant, que vai reger o concerto: “Ele é uma sumidade, tem muita segurança na condução de obras difíceis, que têm muito movimento rítmico”.
O maestro, por sua vez, destaca a beleza das novas peças que serão apresentadas. “Quando fizemos o primeiro concerto, há três anos, fiquei surpreso com a intensidade das obras. Marcus tinha me dito que havia outras. Fiquei na expectativa e, agora que estou tendo a oportunidade de estudá-las, percebo que são peças lindíssimas”, afirma.
“CANTATAS BRASILEIRAS”
Sinfônica Pop apresenta obra de Marcus Viana, nesta terça (23/9) e quarta, às 20h, no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda na bilheteria e no Eventim.
