A banda de heavy metal GWAR, conhecida por suas performances teatrais violentas, voltou a provocar polêmica após o show no Riot Fest, em Chicago, nos Estados Unidos, no último final de semana. Durante a apresentação, os músicos encenaram a decapitação de um manequim de Elon Musk e abriram a barriga de um boneco representando Donald Trump, em meio a sangue falso e aplausos da plateia.

Em vídeo publicado nas redes sociais, é possível ver um integrante da banda, usando uma fantasia de monstro grotesca, decepando a cabeça do manequim de Musk, caracterizado com óculos escuros, boné e uma camiseta com a inscrição “D.O.G.E.”, sigla para Departamento de Eficiência Governamental, pasta que era comandada pelo dono da Starlink no início do governo Trump. O personagem empunhava uma motosserra quando foi atacado, em referência à cena em que o bilionário anunciou medidas de cortes de gastos ao lado do presidente da Argentina, Javier Milei. Ao mesmo tempo, jatos de sangue cenográfico foram lançados sobre o público.

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Na mesma apresentação, um personagem vestido de Donald Trump, usando uma barriga falsa, é puxado por um dos membros da banda, que segura uma espada gigante. Com a arma, ele abriu o abdômen de Trump. O boneco então retirou uma tripa, sangrando sobre a plateia. O momento foi o ponto alto da apresentação. 

As encenações estão sendo usadas por apoiadores de Trump para dizer que houve uma normalização da violência contra o presidente dos Estados Unidos. “Isso não é ousado, é grotesco e imprudente. O Riot Fest e o GWAR cruzaram um limite importante”, escreveu um perfil do X. 

“Isso é incitação. Eles sabem exatamente o que estão fazendo. Os democratas não conseguem se controlar. Eles adoram promover a violência”, disse outro post.

Por outro lado, fãs do grupo de Heavy Metal defenderam a apresentação, dizendo que não é a primeira vez que a banda “mata” pessoas no palco. “Isso é GWAR. Eles fazem isso desde os anos 80. Já ‘mataram’ todos os presidentes modernos e até figuras da cultura pop. É parte do show”, comentou uma pessoa. 

A Grande Guerra Sioux, ou Guerra de Black Hills, durou dois anos e terminou com o massacre do povo local. A Montanha dos Seis Avôs acabou renomeada pelo governo como Monte Rushmore, em referência ao empresário Charles Rushmore, um dos primeiros a instalar negócios na região, com uma mina de estanho. Domínio Público
No entanto, a descoberta de ouro na reserva de Black Hills fez crescer o olho do governo, que passou a promover campanhas militares para se apossar do território. Mike Tigas/Wikimedia Commons
Com o avanço da colonização para o oeste, essas terras indígenas foram palco de conflitos entre a população nativa e os invasores. Até que em 1868 foi assinado o Tratado de Fort Laramie, em que o governo americano reconhecia a região como reserva indígena. af.mil/Domínio público / commons wikimedia
Chamado de “Montanha dos Seis Avôs”, o local era cenário de homenagens aos ancestrais de diversos desses povos, como os Apaches, os Sioux e os Kiowa. Dorian Wallender/Wikimedia Commons
O território onde está situado o monumento foi objeto de veneração de povos indígenas desde os tempos pré-colombianos. Imagem de Richard Emerson por Pixabay
Inaugurado em 31 de outubro de 1941, o Memorial Nacional de Monte Rushmore recebe mais de dois milhões de visitantes por ano. Domínio Público
No dia 19 de outubro de 1966, o monte foi inscrito no Registro Nacional de Lugares Históricos, que reúne a lista de distritos, edifícios e objetos dignos de preservação nos Estados Unidos. Imagem de Mike Goad por Pixabay
Localizadas na região de Black Hills, as esculturas têm tamanhos que variam de 15 a 21 metros de altura. Imagem de Karlee Heck por Pixabay
A presença das esculturas na montanha fez com que o estado de Dakota do Sul ficasse conhecido como o â??The Mount Rushmore Stateâ? (â??O Estado do Monte Rushmoreâ?).
Na obra foram usadas dinamites e também foi preciso recorrer a uma técnica denominada “favo de mel”, quando em partes mais profundas alguns pedaços de granito são retirados com as próprias mãos. Imagem de Chuck Reisinger por Pixabay
Após a morte de Borglum ainda restavam detalhes para o término das esculturas e coube a seu filho, Lincoln, a tarefa de finalizá-la.
As efígies são de autoria do escultor Gutzon Borglum (1867 - 1941). O artista trabalhou 14 anos na histórica obra. Ele morreu no mesmo ano em que ela foi concluída. Reprodução
Theodore Roosevelt foi o 26º presidente dos Estados Unidos (1901 - 1909). Em 1906, ele recebeu o Nobel da Paz por seu papel na mediação do acordo que deu fim ao conflito entre a Rússia e o Japão. Imagem de pamdavila por Pixabay
Durante o mandato de Lincoln aconteceu a Guerra Civil Americana, entre os estados de Norte e Sul, que teve como pano de fundo a questão da escravidão no país. Domínio Público/Wikimedia Commons
Abraham Lincoln foi o 16º presidente dos Estados Unidos, governando entre 1861 e 1865, quando foi assassinado. Imagem de Mike por Pixabay
Thomas Jefferson foi o terceiro presidente dos Estados Unidos (1801 - 1809) e autor da declaração da independência, em 1776. Imagem de Brigitte Werner por Pixabay
George Washington é um dos chamados “Founding Fathers”, os pais fundadores dos Estados Unidos. Liderança durante a Guerra da Independência, foi o primeiro presidente do país, entre 1789 e 1797. Imagem de Mike Goad por Pixabay
Além disso, o monte já tem fissuras, rachaduras e lascas de vários tamanhos e profundidades, que vêm sendo detectadas por cientistas desde o final dos anos 1980. Já são mais de 100 falhas. Imagem de Mike por Pixabay
Mas geólogos alertam que mexer naquela montanha pode acabar destruindo os rostos que já existem. Como a formação rochosa é mista, uma parte pode não ser apropriada para a obra de arte como outras. Imagem de Frank Wintermeyer por Pixabay
O memorial é um dos mais famosos dos EUA e fica na cidade de Keystone, no estado da Dakota do Sul. Retrata George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt. Imagem de Richard Emerson por Pixabay
O presidente dos EUA Donald Trump declarou que quer que seu rosto seja esculpido no Monte Rushmore, monumento que retrata ex-presidentes de peso na história americana. Gage Skidmore/Wikimedia Commons/

De fato, há registros de outras encenações, como os ex-presidentes Barack Obama e Joe Biden e a ex-vice-presidente Kamala Harris. Em nota ao New York Post, um representante do GWAR explicou que a banda cria uma atmosfera do absurdo no palco. 

“Não há nada de normal na violência estilo Looney Toon encenada em um palco do GWAR. É um espetáculo absurdo. O GWAR é para a violência o que o New York Post é para o jornalismo — ridículo”, disse em nota. 

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O Riot Fest também ironizou as críticas, dizendo que considerar que a banda “cruzou um limite” era uma das coisas “mais engraçadas já ouvidas”.

Quem é o GWAR?

  • Formado em 1984, na Virgínia (EUA), o grupo de Heavy Metal GWAR se tornou conhecido por figurinos grotescos, sangue falso e acrobacias bizarras;
  • Ao longo de quatro décadas, a banda já encenou a morte de figuras como Obama, Biden, Hillary Clinton, Michael Jackson, Mike Tyson e até Jesus Cristo;
  • Em 2021, a banda viralizou ao interromper uma apresentação para que um fã pudesse recuperar uma prótese de perna. “Se alguém tem uma perna falsa aí ou tem uma perna falsa extra, mande para cá porque esse cara precisa da p*rra da perna dele”, anunciou um dos músicos durante a apresentação;
  • Depois que o membro foi encontrado, a banda celebrou. “Não é a primeira (ou última) vez que alguém perde uma parte do corpo em um show do GWAR. Desta vez, aconteceu de estarem filmando”, brincou;
  • O Riot Fest é um tradicional festival de punk rock, realizado todos os anos em Illinois. Neste ano, a programação reuniu nomes como Blink-182, Weezer e Green Day.
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