Bastou uma conversa de bar entre amigos, em 2015, e, 10 anos depois, o bloco Beiço do Wando celebra uma década como um dos mais conhecidos do carnaval de Belo Horizonte. O evento de comemoração será realizado neste sábado (27/9), a partir das 14h, na Praça JK, com apresentação da banda do bloco, além de Gustavo Maguá, Grupo do Bigode e DJ DH.
Apesar da introdução simplista, o Beiço do Wando tem história na cidade. Foi criado como uma alternativa aos principais cortejos da capital mineira que, na época, tinham foco maior no axé e no samba. “BH era meio carente de blocos que tocavam músicas nostálgicas. Já tinham muitos dentro desses gêneros (o axé e o samba), então, não queríamos ser mais um ali”, comenta Vitor Monks, um dos cinco organizadores do bloco.
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Surgiu então a ideia de se dedicar às músicas bregas e aos cancioneiros românticos da MPB. No repertório, estão músicas do cantor mineiro Wando (1945-2012), que intitulou o bloco, além de nomes como Reginaldo Rossi, Sidney Magal, Roupa Nova, Chitãozinho e Xororó, Roberto Carlos, Fábio Jr. e Gretchen. A cantora carioca, inclusive, se apresentou no trio elétrico do Beiço do Wando no carnaval de 2019.
O público previsto para o primeiro cortejo do bloco, em 2016, era de 500 pessoas. Devido a um incidente, o trio empacou ao fazer curva em uma das esquinas do Colégio Arnaldo, no Funcionários, e, de repente, reuniu mais de 10 mil foliões. “A gente ficou grande sem querer logo no primeiro ano. Começamos a tocar ali mesmo no (Colégio) Arnaldo e as pessoas foram chegando, chamando a atenção no boca a boca”, conta Vitor.
O organizador lembra que o bloco voltou a tocar no mesmo local no ano seguinte. “A gente tocou lá por querer na vez seguinte e, mesmo debaixo de chuva, o lugar lotou. Cada ano que foi passando, foram mais pessoas nos acompanhando, chegando a 30 mil e 50 mil”, afirma Vitor. Em 2024, segundo dados da Belotur, cerca de 120 mil foliões acompanharam o cortejo do Beiço do Wando na Avenida Brasil.
REPERTÓRIO FARTO
Para representar esta década na folia da capital mineira, o show da banda do Beiço do Wando, que começa por volta das 18h30, promete mais de três horas de música com mais de 70 canções no repertório. “Não vão faltar as músicas que as pessoas estão pensando em escutar”, reforça Vitor. Atualmente, a bateria do bloco conta com 170 ritmistas, além da banda composta por Ícaro Eugênio (guitarra e backing vocal), Igor Eugênio (vocal), Karol Braga (vocal), Wesley Calmon (bateria), Gustavo Reis (baixo), Gustavo Henrique (teclado) e Caio Falqueto (regente).
Após o evento deste fim de semana, as comemorações seguem no horizonte e o aniversário de 10 anos será tema do Beiço do Wando no cortejo do carnaval de 2026, cujos ensaios já estão em andamento. Vitor Monks destaca que o grupo busca equilíbrio para evitar o desgaste das equipes e manter a energia do projeto por muito tempo.
“A gente sempre tira um tempinho depois do carnaval para dar uma descansada e depois volta. A ideia é durar o tempo que for, até porque a gente vê o quanto o pessoal gosta da gente. Isso ajuda a recarregar a nossa bateria interna. No final das contas, o carnaval em si é algo além da festa, é a interação, são as pessoas se conhecendo. Carnaval é sobre pessoas com gostos em comum que nem imaginavam se conhecer, mas acabam se trombando. É sobre criar laços fortes”, afirma o organizador.
“10 ANOS BLOCO BEIÇO DO WANDO”
Neste sábado (27/9), a partir das 14h, na Praça JK (Avenida dos Bandeirantes, 240, Sion). Entrada gratuita até as 15h30, mediante a retirada de cortesia na plataforma Sympla. Ingressos: R$ 15, sem horário para a entrada, à venda no Sympla e na portaria do evento.
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>>> “CASA”
O espetáculo “Casa”, da Zula Cia. de Teatro, faz temporada em Belo Horizonte até 23 de novembro. Neste fim de semana, as apresentações serão realizadas na sexta-feira (26/9) e no sábado (27/9), às 20h, e no domingo (28/9), às 19h, na Fazendinha Dona Izabel (Av. Arthur Bernardes, 3.120, Barragem Santa Lúcia). A montagem inclui cinco monólogos simultâneos das atrizes Andréia Quaresma, Gláucia Vandeveld, Kelly Crifer, Mariana Maioline e Talita Braga, também responsável pela dramaturgia. Abordando temas como maternidade, envelhecimento e luto, elas se dividem e ocupam diferentes cômodos de uma casa para as apresentações. Ingressos: R$ 30 (inteira), à venda na plataforma Sympla.
* Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco