Mostra ‘Papéis do Nepal’, com obras de Antonio Dias, chega a BH
Galeria do Centro Cultural Unimed-BH Minas recebe a partir desta quarta (8/10) trabalhos do paraibano. Sala documental traz informações biográficas do artista
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A série “Papéis do Nepal”, do artista paraibano Antonio Dias (1944-2018), é exibida pela primeira vez em Minas Gerais na exposição “Antonio Dias – Nepal”, que será aberta nesta quarta-feira (8/10), na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Com curadoria de Ligia Canongia, a mostra fica em cartaz até 7 de dezembro.
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No Brasil, a última exibição das obras em papel criadas por Antonio Dias ocorreu em 2015, na galeria Nara Roesler, em São Paulo. O público mineiro poderá ver agora uma seleção de 20 trabalhos, além de uma instalação e uma sala documental com textos, vídeos e objetos pessoais do artista.
Antonio Dias é uma figura central da arte contemporânea brasileira e construiu uma trajetória marcada pela crítica política, experimentação material e rigor conceitual. Estudou com o ilustrador carioca Oswaldo Goeldi (1895-1961) no Atelier Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e trabalhou em países como Alemanha, França, Itália e Estados Unidos.
O trabalho no Nepal, realizado entre 1977 e 1987, nasceu do interesse do artista por um tipo de papel artesanal local. Chegando ao país asiático, o artista não encontrou fornecedores que produzissem o material em larga escala e decidiu se aproximar diretamente dos artesãos que viviam em uma comunidade próxima à fronteira com o Tibete, região autônoma da China. O artista viveu lá por cinco meses, aprendendo as técnicas e compartilhando seus conhecimentos.
“A produção levou uma década para ficar pronta, sendo feita em várias parcelas. O que ele estava procurando eram papéis orgânicos artesanais de várias etnias e origens religiosas. Como a produção nas tribos era toda vinculada a rituais religiosos, ele teve que fazer um aprendizado nas comunidades para trazer os papéis”, afirma a curadora.
Durante o processo, o artista modificou formatos, transformando os retângulos tradicionais em círculos. Além disso, alterou colorações e texturas com o uso de barro, grafite, cinzas e produtos alimentícios, como curry, chá e ervas. A convivência com os artesãos fez com que elementos do cotidiano local se integrassem à produção, funcionando também como pigmentos.
Segundo Ligia Canongia, a experiência foi transformadora para todos os envolvidos – apesar das controvérsias causadas pelo uso de materiais alimentares. “Eles só conheciam um formato de papel, que era o retangular. Não tinham cor, não tinham a experiência de se apropriar de signos, de figuras e de imagens. Foi um aprendizado mútuo”, comenta ela.
Diante da vasta produção de Antonio Dias, a curadora afirma que o interesse em revisitar a série “Papéis do Nepal” surgiu do desejo de trazer algo novo ao público. “As obras são revisitadas para poder reabilitar, revisar, divulgar e ajudar a promover os trabalhos dos artistas. Como é um segmento muito exclusivo, essas obras sozinhas justificam várias exposições. A ideia foi fazer a coisa mais inesperada e menos explorada”, diz.
“ANTONIO DIAS – NEPAL”
Individual do artista, com curadoria de Ligia Canongia. Abertura nesta quarta-feira (8/10), na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Visitação de terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h. Até 7/12. Entrada gratuita.
*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes