Audiovisual

BH recebe Charles Burnett, mestre do cinema negro

Afro-americano influenciou a obra da mineira Filmes de Plástico. Ele é o convidado especial do evento que começa nesta quinta (16/10), no Palácio das Artes

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Um dos mais influentes diretores dos Estados Unidos – de Barry Jenkins e Ava DuVernay à produtora Filmes de Plástico, para trazer uma referência local –, Charles Burnett é muito menos conhecido do que deveria. Aos 81 anos, o cineasta afro-americano é a estrela da 5ª Semana de Cinema Negro, que começa hoje (16/10), em Belo Horizonte, com sessões gratuitas nos cines Humberto Mauro e Santa Tereza.


Em sua segunda passagem pelo país – a anterior foi em 2012, em São Paulo, quando o Indie Festival apresentou retrospectiva de sua obra –, ele chega no sábado (18/10). Acompanha no mesmo dia a sessão de seu primeiro longa, e também obra mais célebre, “O matador de ovelhas” (1977), às 17h, no Humberto Mauro.


Grande Otelo

Domingo (19/10), Burnett retorna à tradicional sala do Palácio das Artes para comentar, às 17h30, o filme “Também somos irmãos” (1949). O longa de José Carlos Burle é estrelado por Grande Otelo, que neste ano teve a maior retrospectiva de sua obra naquele local.


A Semana de Cinema Negro ainda exibe, no Humberto Mauro, outros dois longas de Burnett: “O casamento de meu irmão” (1983), no domingo, às 19h30, e a “A aniquilação de Fish” (1990), na segunda (20/10), às 17h. Ambos serão exibidos com cópias restauradas recentemente. Desde o Oscar honorário recebido em 2017, a obra do diretor está sendo redescoberta.

  • VEJA TRAILER DE 'O MATADOR DE OVELHAS'


Ainda que os olhares estejam voltados para a principal atração, o evento traz muito mais. Até 24 deste mês, a Semana apresenta filmes de realizadores nacionais e internacionais. A sessão de abertura, nesta quinta, às 20h, no Humberto Mauro, será com o longa “Cais”, que marca a estreia no formato da baiana Safira Moreira. O filme é marcado pela morte da mãe da diretora, que sai em uma viagem banhada por rios em busca de seu passado.

Mulher segura criança e tem ao fundo um rio, em cena do filme Cais
'Cais', filme de Safira Moreira, abre a 5ª Semana de Cinema Negro nesta quinta-feira (16/10) à noite, no Cine Humberto Mauro Mulungu Realizações Culturais/divulgação


A produção nacional recente ganha destaque na Seleção Cine-Escrituras Pretas, que vai exibir 18 curtas e médias (de 260 inscritos) em sessões presenciais (também no Humberto Mauro) e on-line (na plataforma ubuplay.com).


Integra a programação “Pele negra, máscaras brancas” (1995), filme de Isaac Julien em torno da obra homônima de Frantz Fanon (1925-1961). Este ano é lembrado o centenário do psiquiatra martinicano, que se tornou um dos principais teóricos sociais dos nossos tempos em decorrência de sua obra em torno da colonialidade e das relações étnico-raciais.

Diretor malinês Souleymane Cissé, vestindo trajes africanos, está sentado em cadeira na praia em Cannes
Premiado em Cannes, o diretor malinês Souleymane Cissé, que morreu este ano, ganha homenagem no encerramento da 5ª Semana de Cinema Negro, em 24 de outubro Stefano Rellandini/AFP/16/5/23


Outro nome importante que o evento revisita é o malinês Souleymane Cissé (1940-2025). Morto em fevereiro, ele será celebrado no encerramento, em 24 de outubro, às 19h, no Cine Santa Tereza, quando será exibido “Yeelen” (1987), vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes.

Dificuldades


Idealizadora da Semana de Cinema Negro, Layla Braz concorda que a quinta edição deu um salto em relação às anteriores. Mas aponta a dificuldade de realizar o evento. A vinda de Burnett a BH, que dá visibilidade muito maior à mostra, só ocorreu por conta do apoio recebido do Fórum Itinerante do Cinema Negro (Ficine). Essa edição está sendo realizada com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Lei Aldir Blanc e patrocínio do Banco BS2.


“Desde a edição de 2021, que foi on-line por causa da pandemia, eu trabalho com recursos da Lei Municipal. Tenho dificuldade em realizar o festival, que está crescendo muito, porque não consigo captar pelas leis Federal e Estadual de Incentivo à Cultura. Já no início fomos aprovados pelas duas leis. Vamos atrás das empresas, falamos da importância dele, mas não conseguimos.”


Layla conta que criou o evento porque queria conhecer mais a cinematografia africana, “que é difícil de acessar”. Ela diz que as políticas públicas interferiram direta e positivamente na produção nacional.


“Precisamos pensar em mais locais de exibição para o cinema negro e o cinema indígena, que durante muito tempo os festivais hegemônicos não exibiram. Hoje em dia, com muitos jovens realizadores, precisamos preencher novos espaços”, finaliza Layla.

Aulas gratuitas

A Semana conta com dois minicursos gratuitos. Ministrado por Ana Paula Vitorio, “Fotolivros africanos contemporâneos” vai debater a obra de fotógrafos nascidos naquele continente, nos dias 17, 18 e 20/10, das 10h às 13h, no Cine Humberto Mauro. Débora Butruce comanda o curso “Introdução à preservação audiovisual digital: conceitos e práticas”, de 22 a 24/10, das 10h às 13h, no Instituto Cervantes (Rua dos Inconfidentes, 600, Savassi).


SEMANA DE CINEMA NEGRO


Desta quinta (16/10) a quarta-feira (22/10), no Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro), e nos dias 18, 19, 22 e 24/10, no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89). Entrada franca. Programação completa: semanadecinemanegro.com.br

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