O legado de Robert Redford, morto há duas semanas, abrange um número grande (em tamanho e relevância) de filmes – como ator, diretor e produtor. Uma das últimas produções em que ele esteve envolvido é novidade no Brasil. Lançada em 2022 pelo canal americano AMC, a série “Dark winds” chegou nesta semana ao país. A Netflix lançou as duas primeiras temporadas – de três já realizadas.


A trama é adaptada da série de livros do escritor Tony Hillerman, cujos direitos Redford adquiriu em 1986. Foram 10 anos de desenvolvimento da série, drama policial ambientado na reserva Navajo, no Novo México, na década de 1970.


A exemplo da comédia dramática “Reservation dogs” (Disney+), “Dark winds” também leva para o centro da narrativa nativos norte-americanos em histórias escritas e protagonizadas por indígenas. A produção foi ainda a primeira série rodada no Camel Rock Studios, criado dentro da reserva Tesuque Pueblo, em Santa Fé.


Parceiros improváveis

Mesmo com tais elementos, a narrativa é clássica. Une dois policiais bem diferentes, que se tornam parceiros – no início, a contragosto. O tenente Jim Leaphorn (Zahn McClarnon, de "Westworld", brilhando em seu primeiro grande papel) é o chefe da polícia Navajo. É durão, mas está cansado – do trabalho e da vida em si –, após um trauma familiar.


Ele é encarregado de solucionar um duplo homicídio envolvendo dois indígenas: um idoso e uma jovem Navajo, que morreram em circunstâncias estranhas em um motel. A avó da menina é a única testemunha, mas sua ajuda não é lá essas coisas: ela é uma curandeira cega.


No início da história, Jim recebe um parceiro com quem não contava. Jim Chee (Kiowa Gordon), um Navajo que foi à faculdade, não tem muita relação com seu povo e só quer se ver longe dali.


Chee é praticamente imposto a Jim pelo agente do FBI Whitover (Noah Emmerich). Logo saberemos que não é propriamente esse crime que ele quer ver solucionado. O que interessa a Whitover é descobrir o que houve com os homens que roubaram milhões de um carro-forte e desapareceram, em um helicóptero, em território Navajo.


A situação não é tão simples assim. Além da relação nem um pouco amistosa com os brancos, os próprios Navajo têm suas querelas – em especial por conta de uma explosão numa mina, três anos antes dos acontecimentos da série. Há ainda subtramas, como uma adolescente indígena grávida com uma mãe cheia de mistérios e uma família mórmon que desaparece porque estava no lugar e na hora errados.


Tony Hillerman (1925-2008) publicou quase 20 romances policiais da série Joe Leaphorn e Jim Chee. Então, há fôlego para muito mais. Nos EUA, o quarto ano da série já foi confirmado. Exibida entre março e abril, a terceira temporada traz a última aparição de Redford na tela.


Ao lado de seu colega na produção-executiva de “Dark winds” – ninguém menos do que George R. R. Martin, o autor de “As crônicas de gelo e fogo”, a origem de “Game of thrones” –, Redford fez uma aparição surpresa, não creditada, jogando xadrez dentro de uma cela na delegacia da polícia Navajo. Esperamos que por aqui a Netflix não tarde a lançar o terceiro ano.

“DARK WINDS”
• As duas primeiras temporadas, com seis episódios cada uma, estão disponíveis na Netflix.

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