Alaíde Costa, Eliana Pittman e Rosa Marya Colin dividem o palco em BH
Cantoras fazem nesta terça-feira (11/11) o show ‘Pérolas negras’, com obras de Pixinguinha, Zé Kéti, Tim Maia e Milton Nascimento, entre outros artistas negros
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Três veneráveis damas da música brasileira – Alaíde Costa, Eliana Pittman e Zezé Motta – juntaram forças, em 2023, por iniciativa do produtor Thiago Marques Luiz, para celebrar a obra musical de artistas negros.
Durante a circulação do show, batizado “Pérolas negras”, Zezé Motta acabou sendo substituída por Rosa Marya Colin. Essa é a formação que chega a Belo Horizonte para única apresentação nesta terça-feira (11/11), no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas.
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Cada uma das cantoras tem seu momento solo, mas também há performances em duo e, no final do show, elas se juntam no palco. Uma banda formada por Patrick Oliveira (violão), Gabriel Deodato (violão de sete cordas), Fábio Faustino (percuteria) e Patrick Rocha (baixo), sob direção musical do violonista Joan Barros, as acompanha durante toda a apresentação. “Pérolas negras” gerou um álbum, ainda com Zezé Motta, lançado no ano passado.
No show, que, por coincidência, chega a Belo Horizonte no mês da consciência negra, o público poderá conferir músicas como “Carinhoso” (Pixinguinha / Braguinha), “Oceano” (Djavan), “Fim de reinado” (Martinho da Vila), “Eu e a brisa” (Jhonny Alf), “A voz do morro” (Zé Kéti), “Alguém me avisou” (Dona Ivone Lara), “Salve linda canção sem esperança” (Luiz Melodia), “Azul da cor do mar” (Tim Maia) e “Travessia” (Milton Nascimento / Fernando Brant), entre outras.
Experiência positiva
Prestes a completar 90 anos, no próximo 8 de dezembro, Alaíde Costa afirma viver o melhor momento de sua carreira e está às voltas com diversos projetos. Ela diz que dividir o palco com Rosa Marya, que está com 79, e Eliana, com 80, tem sido uma experiência muito boa. “Elas são excelentes cantoras e colegas maravilhosas. Estou muito feliz com esse projeto e com essa circulação”, diz. Ela tem conciliado “Pérolas negras” com o show de divulgação de seu mais recente álbum, em tributo a Dalva de Oliveira.
Segundo Alaíde, Eliana e Rosa Marya aproveitam mais o clima de entusiasmo que toma conta da plateia do show, porque são mais agitadas. “Eu sou mais da calmaria, mas é sempre muito gratificante.” Um dos momentos mais tocantes do show, segundo a cantora, é quando canta “Travessia”. Ela tem a expectativa de que em Minas Gerais a recepção seja ainda mais fervorosa.
A sintonia entre as três tem sido boa não somente em cena, mas também nos bastidores, conforme afirma. “A Eliana eu conheço desde que ela era menina. Eu já tinha uma carreira de cantora e costumava frequentar a casa dela quando o padrasto [o saxofonista e clarinetista norte-americano Booker Pittman] ainda era vivo. A primeira vez que vim para São Paulo, quem me trouxe foi a mãe dela. Com Rosa Marya, acabei estreitando laços por conta desse projeto. Sempre há uma troca entre nós três”, comenta.
Afinidades e unidade
Eliana faz coro com Alaíde ao dizer que, desde que “Pérolas negras” estreou, as três descobriram afinidades e alcançaram uma grande unidade no palco. “O público adora a nossa trindade. Como temos quase a mesma idade, as pessoas trazem álbuns, discos de vinil, fotos de quando éramos mais jovens para autografar depois do show”, conta. Ela faz questão de ressaltar o trabalho de Thiago Marques Luiz, que teve a ideia do espetáculo e selecionou o repertório.
“Tudo é da cabeça dele, que cuida de cada detalhe e tem um tino incrível. Essa inspiração que ele teve resultou numa coisa muito bonita. Thiago tem uma coisa com artistas com mais de 60 anos. Ele tem um conhecimento e uma paciência incríveis para montar o repertório. Cada uma canta o que gosta de cantar e o que canta bem. Quando junta é que fica melhor, porque a gente se curte. Fico com saudades delas quando não estamos juntas”, diz.
Eliana também está tendo que conciliar a circulação de “Pérolas negras” com o lançamento de seu novo álbum, “Nem lágrima nem dor”, em que canta o repertório de Jorge Aragão. Mas pretende seguir na estrada com as colegas. “Existe um respeito grande e uma admiração recíproca. Alaíde está impecável. Rosa Marya arrebenta. Estamos muito felizes, então tomara que esse show dure muito tempo, independentemente do que cada uma esteja fazendo da sua própria carreira.”
Primeiros passos
Alaíde Costa começou sua trajetória ainda adolescente, na década de 1950. Fã de Sílvio Caldas, escolheu interpretar “Noturno em tempo de samba” em um programa de calouros comandado por Ary Barroso na Rádio Tupi, e alcançou a nota máxima.
A partir desse momento, engatou 70 anos de carreira, sem parar de cantar, gravar ou se apresentar em shows. Eliana Pittman começou a se apresentar em 1961, cantando standards do jazz e da Bossa Nova ao lado de seu padrasto, Booker Pittman, em boates do Rio de Janeiro.
Ela foi a primeira mulher a gravar um samba enredo. Ao longo da carreira, gravou mais de 20 álbuns e se apresentou em mais de 50 países. Rosa Marya Colin também começou a carreira no Rio de Janeiro, aos 18 anos, cantando Bossa Nova no Beco das Garrafas. Depois, integrou a Tradicional Jazz Band, o que lhe garantiu intimidade com o repertório jazzístico. Em 1965, gravou seu primeiro álbum.
“PÉROLAS NEGRAS”
Show com Alaíde Costa, Eliana Pittman e Rosa Marya Colin, nesta terça-feira (11/11), às 20h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda na bilheteria do teatro e pelo Sympla.