Com o tema “Festejo tupiniquim”, a 25ª edição da Mostra de Cinema Nacional Curta Circuito começa nesta terça-feira (11/11) e segue com programação gratuita até o próximo sábado (15/11), no Cine Humberto Mauro. Comemorando 25 anos, o evento vai relembrar cinco longas e nove curtas que marcaram sua trajetória. O diretor Walter Hugo Khouri (1929-2003) é o homenageado desta edição.


São 25 anos de guerrilha curatorial, afirma Daniela Fernandes, coordenadora da mostra. “Intitulamos esta edição de ‘Festejo tupiniquim' como forma de homenagear 25 anos de resistência e de guerrilha pelo cinema brasileiro”, diz. “Há 25 anos, não tínhamos muitas opções de janela de exibição de curtas-metragens. Não tinha YouTube, nenhum tipo de difusão que não fosse em mostras e festivais pontuais”, acrescenta.

A ideia central de incentivar a produção nacional se mantém, apenas filmes brasileiros fazem parte da programação. A retrospectiva se guia por recortes curatoriais realizados ao longo da história da mostra, com as temáticas musical, violência e fé, magia e mistério.


A programação reúne longas como “Simonal – Ninguém sabe o duro que dei” (2009), de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal; “e “Ladrões de cinema” (1977), de Fernando Coni Campos. Entre os curtas, destaque para “Porto de Santos” (1978), de Aloysio Raulino.

“Simonal – Ninguém sabe o duro que dei” revela a trajetória do ex-cabo do Exército Wilson Simonal, que se tornou cantor, vendeu milhões de discos e lotou estádios na década de 1960, até ser condenado ao ostracismo, acusado de ser informante da ditadura militar, mesmo jurando inocência. A exibição nesta terça, às 19h, inclui bate-papo com o diretor Cláudio Manoel e com a jornalista Flávia Moreira.


“Ladrões de cinema”, por sua vez, conta a história de cineastas norte-americanos que, ao cobrir um bloco de carnaval, têm o material roubado. Os ladrões decidem produzir o próprio filme em torno da Inconfidência Mineira.


Obras inacessíveis

A programação destaca a relação da mostra com filmografias que entraram em desuso, especialmente em decorrência da falta de circulação. Daniela lembra que o Curta Circuito, ao longo dos anos, foi ajustando o foco conforme as carências do setor mudavam.

Primeiro, o curta, depois o média-metragem, seguido por obras antigas, muitas vezes inacessíveis. Entre os filmes exibidos nesta edição, “Eros, o Deus do amor" (1981), de Walter Hugo Khouri, foi viabilizado por cópia preservada da Cinemateca Brasileira.


“A gente exibia filmes recém-lançados que não ficavam em cartaz em Belo Horizonte por problemas de distribuição, assim como filmografias antigas que se perderam. ‘Eros’, por exemplo, é de 1981, tem 44 anos e quase nunca foi exibido aqui. É uma forma de o público reviver esses filmes e ter acesso a essa filmografia”, explica Daniela.

A valorização de filmes históricos deságua na homenagem a Khouri. O encerramento da mostra, no sábado, inclui palestra sobre o cineasta, às 14h; lançamento do livro “O cinema de Walter Hugo Khouri”, do crítico Donny Correia, às 15h; e sessão de “Eros, o Deus do amor”, às 16h, incluindo bate-papo com a atriz Nicole Puzzi e Donny Correia.


Durante 25 anos, o Curta Circuito não apenas resistiu, como sustentou o princípio que move a mostra: impedir que o cinema brasileiro desapareça.


25º CURTA CIRCUITO
Desta terça-feira a sábado (11 a 15/11), no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos gratuitos: 50% distribuídos pela plataforma Eventim, a partir das 12h no dia das sessões; e 50% presencialmente, na bilheteria, 30 minutos antes de cada sessão. Apenas um ingresso por pessoa. Programação completa no site curtacircuito.com.br.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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