Ao ver qualquer família americana aparentemente perfeita, daquelas que moram em casarões, contam com babás e jardineiros e posam para fotos com roupas combinando, é quase automático supor que alguém esconde um segredo sombrio. Ainda mais quando são personagens de um filme de suspense, caso de “A empregada”, que estreia nacionalmente no próximo dia 1º de janeiro, mas tem exibições antecipadas neste fim de semana na Grande BH.

O thriller é adaptação do livro homônimo de Freida McFadden, com direção de Paul Feig. Em 2018, o cineasta esteve à frente de “Um pequeno favor”, estrelado por Anna Kendrick e Blake Lively, cuja continuação, “Outro pequeno favor”, chegou ao Prime Video em maio passado.

Apesar de partirem de autoras diferentes, os filmes compartilham pontos em comum. Ambos exploram a relação entre duas mulheres cujo início se dá de forma cordial. No entanto, o desenvolvimento da história aponta para um segredo perturbador na biografia da mais rica.

Em “A empregada”, Sydney Sweeney interpreta Millie. Logo nas primeiras cenas, a jovem faz uma entrevista para trabalhar como doméstica na casa de Nina (Amanda Seyfried). À primeira vista, o trabalho parece ideal para o momento que Mille atravessa. Enorme, a residência foi projetada pelo marido de Nina, Andrew (Brandon Sklenar), o salário é bom e o cargo exige que Millie more no local.


Liberdade condicional

A oportunidade surge como salvação para a personagem, que revela ter acabado de deixar a prisão após cumprir pena de 10 anos por um crime inicialmente não detalhado. Em liberdade condicional, ela precisa de endereço fixo e de emprego formal para não voltar à cadeia.


Millie não acredita que conseguirá a vaga, até receber a ligação de Nina confirmando sua contratação. No entanto, na segunda vez em que visita a casa, a impressão inicialmente positiva se desfaz. O ambiente está desorganizado, com louça suja espalhada e nenhum cuidado aparente com a ordem.


Apesar da desordem da casa, Millie segue com o trabalho e é apresentada ao seu quarto no sótão, um local cuja única janela está lacrada e a porta tem trancas somente do lado de fora.

Aqueles que esperam a reprodução fiel do pequeno quarto descrito no livro podem se surpreender. O espaço é maior, mas isso não compromete a narrativa, funcionando mais como um recurso prático para viabilizar as inúmeras cenas de ação ambientadas ali. O filme tem outras mudanças pontuais em relação ao material original, quase sempre para adaptar a história às exigências do formato audiovisual.

Gritos e acusações

Após a primeira noite na casa, a dinâmica entre as protagonistas se transforma. Nina acorda Millie aos gritos, quebrando objetos na cozinha e acusando a empregada de ter jogado fora um discurso escrito à mão. Daí, o comportamento da patroa se torna cada vez mais inusitado, e Millie passa a temer pela própria vida. O único alívio vem da postura de Andrew, que frequentemente defende a funcionária diante dos ataques da esposa.

Há acusações sem provas, mudanças bruscas de humor e situações em que Nina ordena algo a Millie para, em seguida, negar ter feito o pedido. Além disso, o desconforto aumenta quando o jardineiro Enzo (Michele Morrone) insiste em alertar a jovem de que ela não deveria estar ali, e quando amigas da chefe comentam, às escondidas, sobre as internações psiquiátricas anteriores de Nina.


O filme constrói com eficiência o suspense psicológico da relação entre as duas mulheres, sustentado com eficiência pelas atuações de Sydney Sweeney e Amanda Seyfried. A trama ganha mais fôlego quando surgem as primeiras grandes reviravoltas. A partir desse ponto, é Seyfried quem se destaca, transitando entre as diferentes facetas de Nina, que variam entre a simpatia, a vulnerabilidade e o transtorno.


Com o acúmulo de reviravoltas e o agravamento dos conflitos, o tom do filme se torna progressivamente mais tenso, o que inclui cenas de violência doméstica que podem ser intoleráveis para parte do público. O roteiro, no entanto, não se acomoda. Resolve conflitos somente para instaurar outros, reformulando constantemente as dinâmicas entre empregada e empregadores, revelando novas camadas dessa relação até, literalmente, a última cena.


“A EMPREGADA”


(EUA, 2025, 131 min). Direção: Paul Feig. Com Amanda Seyfried, Sydney Sweeney e Brandon Sklenar. Sessões de pré-estreia neste sábado (20/12) e domingo (21/12) no BH Shopping e Pátio Savassi, às 19h40; no Diamond Mall, às 20h40; no Shopping Estação BH e Shopping Del Rey, às 21h; no Boulevard Shopping e Minas Shopping, às 21h05; no Ponteio Lar Shopping, às 21h10, e no ItaúPower Shopping, às 21h15. O filme estreia em 1º de janeiro.

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*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

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