Azeite criado exclusivamente para o Lagar Tragaluz crédito: Magê Monteiro/Divulgação
Já pensou em participar de uma degustação de azeites? Pois isso é possível em um restaurante na capital mineira que tem a iguaria como parte de sua essência. Esse ingrediente comumente associado ao preparo e finalização de pratos é “menosprezado” ou pouco valorizado por muita gente, que o enxerga como mero coadjuvante.
A proposta do Lagar Tragaluz é justamente torná-lo um protagonista. O restaurante no shopping Diamond Mall, no Bairro Santo Agostinho, tem esse nome justamente por conta da máquina usada na produção de azeites, o lagar. É dentro dele que as azeitonas são processadas e o óleo delas, extraído.
No último mês, a casa trouxe o óleo de olivas para um espaço de ainda mais importância com o lançamento de uma degustação de diferentes rótulos assinada pela azeitóloga Ana Beloto.
A casa trabalha com dois tipos de degustação: de azeites do novo mundo (com destaque para rótulos de países como Brasil, Chile, Argentina e Uruguai) ou do velho mundo (com óleos da região do Mediterrâneo, de países como Espanha, Grécia e Portugal, que já possuem uma longa história com os azeites).
A experiência da degustação individual custa R$ 49 (independentemente do tipo) e, para duas pessoas, R$ 69. Cada degustação é feita com seis rótulos.
Novo mundo
Na experiência com produtos do novo mundo, os clientes degustam três azeites brasileiros: o mineiro Vertentes Intenso, que é produzido em Andrelândia (MG) e conta com notas de grama recém-cortada, frutas tropicais e ervas frescas, além de sensorial furtado médio, e amargor e picância também médios; o Sabiá Blend de Terroir, produzido a partir da mescla de produção das fazendas da marca na Serra da Mantiqueira (SP) e na Serra do Sudeste (RS), com aroma de amêndoas e ervas aromáticas, que possui sensorial frutado intenso, amargor médio e picância também média; e, por fim, o azeite Batalha Black, produzido em Pinheiro Machado (RS), conta com notas de ervas, tomates e frutas cítricas, com picância média, amargor médio e frutado suave.
Os outros três rótulos deste modelo de degustação são o uruguaio Colinas de Garzón Corte Italiano, com notas de tomate verde e amêndoas, e sensorial frutado intenso, amargor suave e picância média; o chileno Alonso variedade leccino, com notas de maçã verde e alcachofra, frutado intenso, amargor médio e picância média; e o argentino Familia Zuccardi variedade arauco, com notas de ervas aromáticas, tomate e maçã, apresenta frutado intenso e amargor e picância médios.
Velho mundo
Já a degustação de azeites do velho mundo começa com o Oro Bailen varietal picual, da Região de Andaluzia, na Espanha. Ele apresenta notas de tomate, banana verde, maçã e amêndoas, além de frutado e amargor médios e picância intensa.
O segundo rótulo é o Menin Douro, vindo de Portugal. Ele apresenta sabor e aroma de frutas maduras, com frutado, amargor e picância suaves. Outro azeite português da degustação é o Esporão Dop, que apresenta notas de maçã verde, casca de frutas cítricas, além de aroma de frutas secas. O sensorial apresenta frutado suave, amargor médio e picância média, mas persistente.
Ainda de Portugal, tem o azeite Andorinha 1 colheita, com notas de banana e folhas de oliveira, apresenta frutado suave, amargor médio e picância média.
Partindo para a Itália, o Lagar serve o azeite Muraglia Fruttato Intenso, que apresenta notas de endro, pimenta-preta e alcachofra. Possui amargor médio, frutado médio e picância intensa.
A degustação se encerra com o azeite grego Iliada Dop, com notas de tomate, amêndoa, grama recém-cortada, etc. Possui sensorial frutado médio, amargor médio e picância intensa.
Azeite na essência
No couvert da casa, são servidas azeitonas em azeite Magê Monteiro/Divulgação
Felipe Rameh, chef do Lagar Tragaluz, conta que o investimento nos azeites (e nos vinhos) dialoga com o momento do estado mineiro. “A gente entende que o vinho e os azeites são ingredientes em crescimento em Minas Gerais e cada dia mais importantes. Temos cada vez mais vinhos e azeites mineiros ganhando prêmios”.
“O azeite está presente em quase todos os pratos do cardápio. O nosso couvert, por exemplo, é uma cumbuca de azeite com pão tostado, escabeche marinado e coalhada seca com azeitona, além de uma porção de azeitonas no azeite. Tudo é bem azeitado”, completa Rameh.
O chef conta ainda que na degustação, os azeites são servidos em uma pequena cumbuca com um pão ao lado. “A ideia é provar o azeite percebendo os aromas e sabores”.
Estudo por trás
A azeitóloga Ana Beloto Angelo Dal Bo/Divulgação
Ana Beloto, azeitóloga referência na área, é a grande responsável pela curadoria e desenvolvimento da degustação de azeites do Lagar. “Idealizei o flight (degustação) de azeites para que os clientes pudessem apreciar a diversidade e histórias por trás desses sabores incríveis. Além disso, escolhi azeites que não são comumente encontrados no mercado ou que são edições limitadas, e eles também estão à venda no restaurante. A ideia era realmente trazer essa conexão com a cultura do azeite de maneira lúdica e única”, explica.
Há muito estudo na hora de eleger os rótulos para cada degustação, conforme também elucida a especialista. “Eu, como azeitóloga, analiso fatores como a qualidade do azeite, a variedade da azeitona, o método de produção e as características sensoriais de cada um. Além disso, levo em consideração a sazonalidade e disponibilidade, priorizando azeites frescos e alguns de produções pequenas e premiadas”.
Além da degustação
Ana Beloto também está por trás do Azeite Lagar. “Criei um blend único e exclusivo em parceria com o produtor mineiro Vertentes, localizado em Andrelândia (MG). Essa história foi intencional, para homenagear e evidenciar o terroir de Campo das Vertentes, região onde a história do Tragaluz começou”, explica ela, fazendo referência ao tradicional restaurante na cidade de Tiradentes, Tragaluz, o “irmão mais velho” do Lagar.