TARIFAÇO

Lula: 'A gente vai cobrar imposto das empresas americanas digitais'

Governo tem planos de taxar as big techs desde o ano passado e o assunto ganhou força depois das tarifas anunciadas por Trump ao Brasil

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GOIÂNIA, GO E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (17/7) que o Brasil vai taxar empresas de tecnologia americanas, em meio ao embate do governo brasileiro e a gestão de Donald Trump nos Estados Unidos. Lula voltou a criticar o republicano, que impôs tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

"A gente vai julgar e cobrar imposto das empresas americanas digitais", disse Lula durante discurso na abertura do 60º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), na UFG (Universidade Federal de Goiás), em Goiânia.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o governo tem planos de taxação de big techs ao menos desde o ano passado. O assunto voltou à tona desde que o governo Trump passou a impor tarifas a produtos brasileiros como o aço.

No discurso, Lula também defendeu controles sobre as redes sociais, tema de críticas da administração Trump e um dos elementos da investigação comercial aberta pelo Brasil nesta semana. "Não aceitamos que, em nome da liberdade de expressão, [redes sociais] sejam usadas para fazer agressão".

O petista também afirmou que o Brasil não recebeu resposta dos americanos desde que tentou contato após o primeiro anúncio de taxação feito pelos EUA.

"Estamos com muita tranquilidade, meu vice-presidente [Geraldo Alckmin] e o Mauro Vieira [ministro das Relações Exteriores] estão negociando há mais de dois meses, desde aquela primeira taxação. Temos uma equipe de negociação", disse Lula.

"Não recebemos nenhuma resposta", afirmou o presidente. "A resposta que nós recebemos foi a matéria publicada no jornal dele, no zap dele, no portal dele. E a carta é o seguinte: 'Ou dá ou desce. Essa é a lógica da carta".

Desde o anúncio da sobretaxa, tanto o presidente quanto a equipe do governo têm reagido de forma contrária à medida. Em entrevistas, Lula tem confrontado as interferências de Trump, incluindo com ameaças de taxação recíproca.

Lula também concedeu entrevista à CNN Internacional, que foi veiculada nesta quinta. À emissora, disse que Trump foi eleito para ser presidente dos Estados Unidos, "e não imperador do mundo".

Ele disse que o governo quer negociar, mas não aceitará nenhuma imposição. "O Brasil não aceitará nada que lhe for imposto", disse. Trump, disse ele, precisa respeitar a soberania brasileira.

Apesar das críticas, Lula afirmou na entrevista que ainda não considera a ameaça da sobretaxa de 50% como uma "crise" com o país americano e defendeu que é preciso sentar à mesa e negociar. O presidente brasileiro repetiu o que tem dito nos últimos sobre o bom diálogo que teve com outros presidentes americanos e lembrou a relação de 200 anos entre os dois países.

Em outro momento, o presidente rejeitou que divergências ideológicas entre Trump e ele atrapalhariam as negociações e que não há o desejo de romper com o país americano, mas, por outro lado, afirmou que o Brasil não quer ser refém dos Estados Unidos.

Lula também mencionou à CNN que o Brics, grupo de países de economia emergente que foi alvo de críticas recentes de Trump, não foi criado para "brigar com nenhum país".

Segundo integrantes do governo e representantes dos setores da indústria, uma resposta comercial da mesma dimensão daquela imposta por Trump poderia prejudicar ainda mais a economia brasileira.

Além disso, Lula tem criticado diretamente Jair Bolsonaro (PL) -citado na carta do presidente americano como um "perseguido" pela justiça brasileira- e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal e filho do ex-presidente, que tem apoiado as medidas do americano.

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Também nesta quinta-feira, Bolsonaro se esquivou de qualquer responsabilidade pela decisão de Trump de sobretaxar o Brasil. O ex-presidente ainda agradeceu a Deus pela eleição do aliado nos EUA e culpou o governo Lula pelo entrave comercial e político com os americanos.

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