A febre do morango do amor gerou uma corrida pela fruta. De acordo com o Ceasaminas (Centrais de Abastecimento de Minas Gerais), o quilo do morango especial subiu 66,6% entre os dias 21 e 28 de julho, passando de R$ 12,50 para R$ 20,83. Já o morango extra foi de R$ 20,83 para R$ 29,16, um aumento de 40%.
Mesmo com o preço em alta, a venda aumentou: em apenas 15 dias, a Ceasaminas vendeu 238 mil quilos de morangos, uma alta de quase 80% comparada ao período anterior. No centro de BH, um sacolão usa o doce da moda como chamariz de clientes. “Temos morangos gigantes para morango do amor”, diz o letreiro. A bandeja está sendo comercializada por R$ 5,99. Já a embalagem com morangos selecionados, anunciados como ideais para o doce viral, custa R$ 12,99.
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Américo Almeida é gerente do sacolão no centro de BH, que vende morangos o ano inteiro. “Essa época agora geralmente o morango custa R$ 3,99, mas com esse negócio do morango do amor, eu tô colocando hoje a R$ 5,99”, destaca. No entanto, a variação do preço não reflete o lucro: “O preço na roça subiu e a gente está repassando. Os próprios funcionários dos produtores estão vendendo”, contou. Em média, a loja vende quatro mil bandejas da fruta por semana.
Américo Almeida, gerente do Sacolão Real, no centro de BH
Foi escolhendo morangos que a reportagem do Estado de Minas encontrou a jovem Damáris Bittencourt, que pediu ajuda da avó, Marlene, para fazer o doce em casa. “Eu já tentei fazer uma vez, só que deu muito errado. Então vamos ver se dessa vez, com a ajuda da minha avó, dá certo”, conta a garota.
Ela disse que ficou com vontade de comer o doce, mas espera faturar uma graninha vendendo o morango do amor na escola. “Vou vender por uns R$ 10 a R$ 12 cada um”, precificou.
Marlene, a avó, já tem experiência, tendo feito bala baiana e maçã do amor. “O segredo é acertar a calda. Se passar do ponto, fica duro; se não, fica mole. Dá ruim, igual deu da primeira vez”, explica.
Damáris Bittencourt pediu ajuda da avó, Marlene, para fazer o doce em casa
Para curtir em casa
Já Mery Cristina estava comprando quatro bandejas de morango para fazer com as amigas. Ela é fã do doce e já consumia antes de ele se tornar febre nas redes sociais. “Eu comprei, aí depois juntamos as amigas e fizemos. Mas é uma delícia, gente. É uma sensação muito boa, virou meu doce favorito. Já comia antes de ele ser sensação, depois que virou sensação, só tem ele nas festas em casa”, destaca.
Mery Cristina elegeu o morango do amor como doce favorito
Para ela, o segredo é juntar amor e paciência para conseguir chegar no ponto certo da calda. Com o doce pronto, é hora de aproveitar e espalhar ainda mais amor. “Depois de pronto, só deliciar. É colocar na boca do namorado e o namorado colocar o morango do amor na sua boca”, brinca.
Pedidos on-line
Se Mery conseguiu dominar o segredo da receita, muita gente recorre ao delivery para comer o doce em casa. No iFood, os pedidos por “Morango do Amor” saltaram de 11 mil em junho de 2025 para 275 mil em julho, um aumento de 2.300%. Em todo o país, foram entregues mais de 524 mil unidades em julho, cifra que representa 2.490% mais vendas que no mês anterior.
De acordo com a plataforma, em junho, eram 830 lojas oferecendo o produto. Neste mês de julho, o número subiu para mais de 10.300 estabelecimentos, aumento de mais de 1.140%. Pequenas e médias confeitarias relataram crescimento de até 4 vezes no faturamento semanal, com picos de 200 pedidos diários ou mais. No interior do pais, segundo levantamento do aplicativo aiqfome, o doce registrou um crescimento explosivo de 2000% de junho para julho. Em termos de volume, julho contabilizou a entrega de mais de 2633 mil unidades do doce contra 121 em junho.
O confeiteiro Mota é um dos que passou a ofertar o doce no iFood. A Brigadeiros e Cia Doces Caseiros começou a vender o morango do amor, mas a loja passa a maior parte do tempo fechada, já que não dá conta da demanda.
“A gente está fazendo a demanda passo a passo para não extrapolar, para fazer uma mercadoria boa, de qualidade. Em média, pela procura, eu vendo umas 50 unidades por dia. A loja está no iFood. Só que, se entrar lá agora, ela vai estar fechada porque a gente está mexendo com a comida. Se eu abrir, dispara o número de pedidos e a gente não tem condição de atender a demanda”, apontou.
Mota conta que sua confeitaria está fechada no delivery porque não consegue atender a demanda do doce
Para ele, além do capricho na produção, o que dificulta aumentar o número de doces é a falta de insumos de qualidade. Ele aponta que está difícil encontrar corante alimentício, glucose e bons morangos. “A demanda está grande, mas o mercado está disparado no preço das mercadorias. Tá faltando as principais mercadorias que compõem o banho do morango. A própria mercadoria já está ficando escassa, muito escolhida, machucada”, pontua.
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Maria Eugênia de Paula Lara, dona da confeitaria Oh Lará, conta que está fazendo o morango do amor sob encomenda, para poder conciliar com a produção dos outros produtos. Ela resolveu tirar três dias para a produção do doce e o restante da semana para entrega e retirada. Antes, ela usava apenas um dia para fazer a sobremesa.
“Não consigo expandir demais a produção, faço tudo sozinha. Tem sido em torno de 30 a 40 unidades por semana, e ainda tem a bala baiana, os bombons, que a gente inclui junto para quem prefere outro doce. Mas esta semana estamos com a meta de 90 unidades, já que vou poder me dedicar por 3 dias a eles. A demanda é alta, mas como eu não estava fazendo à pronta entrega, não dá para atender todos na hora que eles querem”, conta.