O produto mais exportado por Minas Gerais para os Estados Unidos entre janeiro de 2021 e junho de 2025 foi o café, que somou cerca de US$ 5,6 bilhões (R$ 31,5 bilhões). Os dados são do Comex Stat, o sistema oficial para consulta e extração de dados do comércio exterior brasileiro.

Devido ao momento vivido pelo grão no mercado global, com produção em queda e demanda crescente, o setor se mostra mais confiante frente ao tarifaço de 50% sobre as exportações do Brasil para os Estados Unidos.

De acordo com Sérgio Meirelles Filho, presidente do Sindicato das Indústrias de Café do Estado de Minas Gerais (Sindicafé), quem vai pagar por esta tarifa de 50% é o consumidor americano. “Eu acho que os Estados Unidos vão abrir exceções porque ele é o maior consumidor do nosso café”, explicou.

Na safra 2024/2025, os Estados Unidos compraram 16,5% das exportações brasileiras de café. O Brasil exporta 8 milhões de sacas do grão para os norte-americanos, o que corresponde a um terço do consumo deles.

Para Meirelles, não existe ninguém para fornecer esse volume do grão para substituir as exportações brasileiras. “Outra coisa, o pessoal de lá, os torrefadores, as associações de torrefadores de café dos Estados Unidos, estão apavorados. Seria um aumento muito grande depois de um aumento de preço significativo”, analisou.

Outro aspecto que dá confiança a Meirelles quanto a um acordo para derrubar o tarifaço, pelo menos no setor cafeeiro, é o quanto os Estados Unidos lucram com o beneficiamento do grão: “Com US$ 1 que eles importam de café, fazem no final da cadeia US$ 43. É um ganho enorme. Imagina o que vai ser de inflação, o que vai ser isso de taxação para o exportador, capital de giro, que eleva muito, e já está um produto caro. O café está numa posição muito boa. Claro, vai ser ruim, vai ser estressante.”

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O presidente do Sindicafé afirma que vai esperar as coisas acontecerem antes de tomar qualquer medida. “Você não sabe. Quando o Trump falou da taxa de 50%, eu achei que no outro dia o mercado iria cair. A primeira taxa que ele falou para o Brasil foi de 10%. Como o segundo exportador deles é o Vietnã, com taxa de 46%, e a Colômbia, com 10%, estava ótimo para nós. Agora virou tudo. Hoje o Brasil está com 50%, o Vietnã com 20% de taxa e a Colômbia com 10%, ameaçando 25%. Quer dizer, a Colômbia ainda está indefinida, mas, se forem 25%, na pior das hipóteses, ainda são metade da nossa taxa”, concluiu.

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