Cadeia mineira de aço e alumínio está apreensiva com o tarifaço
Minas Gerais responde por metade da produção de ferroligas e silício metálico, utilizados para produzir aço comum e aços especiais
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Siga noA indústria de ferroligas e silício metálico, utilizados para produzir aço comum e aços especiais, está apreensiva com a proximidade da data marcada para o início do tarifaço de 50% para as exportações brasileiras para os Estados Unidos, marcada para 1º de agosto. Como Minas Gerais é responsável por metade da produção dessas matérias-primas no Brasil, o estado será muito afetado com a medida anunciada pelo presidente Donald Trump.
Na balança comercial de Minas Gerais, entre janeiro de 2021 e julho de 2025, as ligas de ferro somaram US$ 716.955.630 (R$ 3,9 bilhões) e o silício, US$ 666.255.712 (R$ 3,7 bilhões), o que coloca essas matérias-primas na terceira e quarta posições no ranking do 10 produtos mineiros mais exportados para o Estados Unidos. Os dados são do Comex Stat, o sistema oficial para consulta e extração de dados do comércio exterior brasileiro.
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O Brasil exporta, em média, 800 mil toneladas desses produtos anualmente, sendo que 20% ficam nos Estados Unidos, que rendem US$ 600 milhões. No ano passado, esse percentual ficou acima da média, alcançando recorde de 191 mil toneladas, o que representou 24%.
“Nós não temos como redirecionar isso no curto prazo, mas para os Estados Unidos também é difícil nos substituir como fornecedores no curto prazo. Mas, no médio e longo prazo, se a gente perde esse mercado, depois é difícil voltar. São anos de qualificação junto a clientes. Mas uma taxa de 50% não tem empresa que consegue margem. Isso é mais um embargo”, explicou Bruno Santos Parreiras, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas e Silício Metálico (Abrafe).
Parreiras acredita que o tarifaço vai forçar a redução da produção e custar empregos. “As fábricas dos nossos produtos estão no interior do estado. Muita das vezes, a fábrica de ferroligas ou de silício metálico são a principal atividade econômica do município. E também existe uma verticalização grande, já que a produção utiliza carvão vegetal nos fornos. O caminho é buscar o entendimento, deixar a política de lado para não comprometer a economia e os empregos”, analisou.
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O Brasil exporta 60% da sua produção de ferroligas e silício metálico, mas a Abrafe também teme pelo mercado interno. “Nossos clientes do mercado interno - as ferroligas vão para o aço e o silício metálico para a indústria de alumínio - também vão sofrer esse embargo. Tem o tarifaço do aço e o tarifaço do alumínio. Então, se o nosso clientes do mercado interno sofre, a indústria como todo sofre”, explicou Parreiras.