O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse, em participação no “Mais você”, programa de Ana Maria Braga na TV Globo, que o preço dos alimentos no Brasil deve cair, mesmo com o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Alckmin também afirmou que há tendência de redução da inflação e que o governo trabalha para manter os empregos nos setores mais impactados pelas sanções norte-americanas.

Segundo Alckmin, os consumidores já estão sentindo no bolso a redução nos preços dos produtos da cesta básica. “Preço de ovo caiu, 12%. Arroz caiu, 12%. Feijão preto caiu, 24%... Porque nós tivemos no final do ano o dólar foi parar em R$ 6,20. Hoje tá em R$ 5,59, caiu. E o clima... Esse ano o clima está ótimo. Então, nós vamos ter uma safra 10% maior”, explicou.

“Falta o café”, brincou Alckmin, que é “cafezeiro”, mencionando que o grão ainda não acompanhou a tendência de queda, mas que o governo trabalha para isso.

Além dos alimentos, há expectativa de redução nos preços de carnes, frutas e pescados, que são diretamente impactados pela oscilação do dólar e pelo volume de exportação, que deve cair por conta das novas tarifas. “O comércio exterior é importante, mas muito da exportação é complementar. Atendemos o mercado interno e exportamos o excedente. Se parte da produção deixar de ir para fora, o abastecimento interno melhora e o preço cai”, disse Alckmin.

A melhora nos preços dos alimentos é um reflexo direto no índice de inflação, segundo o ministro. “A tendência da inflação é cair. Já começou pelos alimentos. Os serviços ainda têm uma resistência maior, mas também devem desacelerar. Com a inflação em queda, há espaço para a redução da taxa de juros, que hoje está altíssima”, destacou.

Alckmin também ressaltou que o governo está comprometido com o equilíbrio fiscal para dar sustentação à política de queda de juros. “Estamos trabalhando para segurar os gastos públicos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem conduzido bem esse processo. É um esforço coletivo: Executivo, Legislativo e Judiciário precisam fazer a sua parte para ajudar a baixar os juros”, afirmou.

Com o aumento das tarifas dos EUA sobre as exportações brasileiras, há temor de impactos no emprego, especialmente em setores com forte dependência do mercado americano, como o café, o mel, o pescado e a indústria de transformação. Alckmin reconheceu o risco, mas garantiu que o governo está preparado.

“Esse plano está praticamente pronto... Ele foca no emprego, preservar o emprego e a produção... o presidente Lula vai bater o martelo... mas terá um plano voltado e ninguém vai ficar desamparado”, declarou. O plano, segundo o ministro, pode envolver medidas financeiras, creditícias e tributárias.

Apesar das polêmicas, as empresas alegam que informam na embalagem tratar-se de "pó sabor café" e que possuem autorização da Anvisa. AmericanAez220 pixabay
Nas fiscalizações, foram encontradas irregularidades, como uso de cascas, grãos defeituosos e aromatizantes, sem a presença da polpa do café, apesar de mencionada nas embalagens. pixabay
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) também confiscou a matéria-prima usada e investiga se os produtos classificados como "pó sabor café" se enquadram na legislação ou configuram fraude. Carlos Silva/Mapa
Em meados de fevereiro, o governo federal apreendeu produtos suspeitos de serem "café fake" em fábricas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, após denúncias de fraude. Divulgação/Ministério da Agricultura
A venda de café falsificado é considerada infração grave pelo Código de Defesa do Consumidor e está sujeita a penalidades. freepik/valeria_aksakova
Outras sugestões são: evitar produtos muito baratos e dar preferência para café em grãos, que tem menor chance de ser adulterado. Imagem de Chris por Pixabay
Para evitar produtos adulterados, especialistas sugerem comprar de marcas confiáveis e optar por produtos com certificação, como o selo da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), que indica que o café foi testado e aprovado. reprodução/tv band
Esses produtos podem se enquadrar em categorias legais como "mistura para preparo de alimentos" ou "preparados sólidos", mas nem sempre deixam claro sua composição. pixabay
"Os dois produtos são permitidos. A questão é que a composição deles é diferente, por mais que, às vezes, algumas estratégias publicitárias te façam acreditar que você está levando uma coisa, enquanto na verdade é outra", disse ao g1 a nutricionista Mariana Ribeiro. reprodução/tv band
Um exemplo é a marca "Melissa", que imitou as cores da embalagem da Melitta e adotou um nome parecido, induzindo ao erro. divulgação/abic
Apesar de não ser café puro, suas embalagens imitam marcas famosas, com a descrição "pó para preparo de bebida sabor café" em letras pequenas, o que pode confundir consumidores. reprodução
Por outro lado, o sabor e o aroma — que se parecem muito com os cafés "verdadeiros" — podem enganar , dificultando a identificação por consumidores comuns. - Marcelo Casal Jr./Agencia Brasil
Outra dica é: textura muito fina ou brilho excessivo podem indicar a presença de farinhas ou açúcar caramelizado. elias shariff falla pixabay
Para identificar fraudes, especialistas recomendam testes simples, como observar se o pó boia em água fria (indicando pureza) ou afunda rapidamente (sinal de adulteração). - Marcelo Camargo/Agência Brasil
“Se o produto não possui registro ou informações claras sobre sua composição, o consumidor pode estar ingerindo substâncias desconhecidas que afetam sua saúde”, afirmou à CNN Brasil a nutróloga Gabriela Addor. reprodução/sbt
Conhecidos como "café fakes" ou "cafakes", esses produtos podem conter misturas de outros grãos, palha e até substâncias como milho torrado, cevada, centeio, serragem, amidos e argila, usados para reduzir custos e aumentar o volume. Imagem de motomoto sc por Pixabay
Com a alta do preço do café, os consumidores brasileiros estão precisando lidar com produtos vendidos como puros, mas que na verdade são falsificados. reprodução/tv band

Ele explicou que os setores mais vulneráveis são aqueles cuja produção é majoritariamente voltada para exportação, especialmente para os Estados Unidos. “Se o setor exporta 70% da sua produção para lá, é mais difícil. Mas se 90% é para consumo interno, o impacto é menor. Por isso estamos fazendo estudos caso a caso”, afirmou.

Preço dos medicamentos

Respondendo a perguntas dos telespectadores, Alckmin esclareceu que não deve haver aumento no preço dos medicamentos, especialmente os importados. Isso porque o impacto da crise internacional é limitado neste setor, graças ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Nós temos no Brasil o SUS, sistema único de saúde... Ele tem o que se chama de integralidade... o remédio tá incluído no SUS. Segundo, o governo federal expandiu, quase dobrou o programa Farmácia Popular”, pontuou.

O ministro também falou sobre medidas estruturais para baratear os remédios no longo prazo. “À medida que as patentes vencem, entramos com medicamentos genéricos e similares, que são mais baratos. Precisamos também fortalecer a indústria farmacêutica nacional para reduzir a dependência de produtos importados e garantir preços mais acessíveis”, disse.

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Ao fim da entrevista, Alckmin reforçou que o foco do governo é proteger os brasileiros mais vulneráveis. “Estamos buscando soluções equilibradas. Vamos manter o diálogo, ampliar os mercados e proteger o emprego e a renda dos brasileiros. Uma boa notícia é que há uma tendência de queda do preço dos alimentos”, finalizou.

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