Laysa Peixoto, a mineira de 22 anos que viralizou na internet ao afirmar ser a primeira mulher astronauta do Brasil e que é líder de pesquisas da NASA (Agência Especial Americana) revelou detalhes sobre sua trajetória e corrigiu algumas informações que circularam nas redes sociais.

Em uma conversa com a cientista Gabriela Bailas, do canal Física e Afins, ela afirmou que participou “apenas” de um curso voltado para jovens estudantes oferecido pela Nasa, mas que não se trata de uma pesquisa e sequer publicou artigos sobre o tema.

No início da conversa divulgada por Gabriela, Laysa diz que nunca disse ter afirmado que seria astronauta da NASA, se colocando à disposição para esclarecer dúvidas e até fazer uma transmissão ao vivo com a influenciadora. “As  mídias brasileiras não verificaram minhas informações e fizeram uma pergunta sem noção que nunca foi afirmada por mim, como se a NASA tivesse algo haver com a seleção de astronautas de uma EMPRESA PRIVADA”, escreveu, se referindo ao voo da Titans Space, previsto para 2029. 

“Além disso, a escolha do programa NASA L'SPACE de me colocar como Project Investigator quando eles selecionaram minha ideia dentre as demais ideias da equipe para que a equipe desenvolvesse, pode ser confirmado diretamente com eles, assim como a oficialidade do programa e a realidade de desenvolvimento e submissão de propostas tecnológicas à NASA”, continuou. 

Em seguida, Gabriela pede para que Laysa mande artigos e outras informações na conversa das duas e pergunta sobre a participação da mineira em um projeto científico no Japão, que a jovem de 22 anos tinha citado em uma entrevista ao site Palavra Cruzada. “Foi o projeto Galaxy Cruise do NAOJ (National Astronomical Observatory of Japan), que é um projeto com cidadãos não cientistas necessariamente. Esse da matéria escura, foi um programa do Instituto ScietyLab, eles têm um perfil aqui no Instagram”, respondeu.

“Mas você tem publicação? Ou você apenas participou de projetos de estudantes e etc? Tipo summer school e tal? Porque pelo que estou entendendo o que você fala que é pesquisa, não é de fato uma pesquisa original, publicação com artigos, etc, é mais em âmbito de formação”, questionou Gabriela.

Então, Laysa esclarece que o curso era uma espécie de simulação para que estudantes aprendessem a desenvolver artigos científicos, que não foram publicados em journals ou revistas acadêmicas. “Entendi, a maior parte desses programas eu realizei com grupos como o ScietyLab, e programas para jovens físicos, do ICTP, então foram mais programas de formação e programas em que eles nos ensinaram a desenvolver artigos científicos, como o projeto final do programa do ICTP, ou do ScietyLab, que fizemos um artigo na época que foi revisado por algumas cientistas e pesquisadoras brasileiras na área ao redor do mundo. Como fazem muitos anos, vou buscar tudo isso que tenho por e-mail, google docs etc para te mandar. Posso enviar por e-mail ou algum outro formato mais fácil?”, apontou Laysa.

Simulação na NASA

No vídeo publicado no YouTube, Gabriela esclarece que a participação no projeto japonês é um programa de formação, não uma pesquisa original. Ela volta à conversa com Laysa, questionando, agora, sobre o curso na NASA. 

“Esse programa da Nasa é desenvolvido e conduzido pelo John Dankanich, do Center Chief Technologist, do NASA Marshall Space Flight Center, ou seja, durante o programa eles nos ensinam como fazer as propostas para nasa e depois das propostas serem desenvolvidas e revisadas, elas são submetidas oficialmente ao sistema da NASA como propostas oficiais”, esclareceu Laysa. Ou seja, ela deu uma sugestão para a Agência Espacial, que foi acatada – mas ela não faz parte da equipe de pesquisadores atuais da empresa americana.

“No momento não participo mais do programa, mas até o final do desenvolvimento da proposta eu fui project investigator e foi submetida oficialmente pelo programa. Eu participei de dois programas, o MCA e o NPWEE, em que essas designações são dadas pelos próprios diretores do programa, então não fui eu quem me atribuiu esse título”, tentou argumentar a mineira.

Gabriela rebateu dizendo que ela ter escrito a proposta já foi algo muito positivo, e que Laysa não precisaria extrapolar o currículo, que já é admirável por si só. “É que para desenvolver a proposta, analisamos e estudamos a documentação da NASA, inclusive as conversas dos astronautas durante o programa Apollo, para fazer a proposta, então foi mais complexo do que só preencher um formulário de tecnologia da agência”, escreveu a mineira.

Inconsistências no currículo

Sobre as diversas informações desencontradas em seu perfil no Linkedin, que foi apagado, Laysa disse que cometeu alguns erros na hora de atualizar o perfil, o que gerou essas confusões. “Eu fiz o Enem 2020, entrei na pandemia quando as aulas estavam online, e no segundo semestre de Física. Em 2021, a UFMG publicou que descobri o Asteroide e tal, na época mostrando que eu estava no segundo período. Só que a mídia distorceu isso, dizendo que eu saí no segundo período de Física, só que, na verdade, eu não me registrei pro segundo semestre do ano letivo de 2023, porque eu recebi uma bolsa para estudar em Manhattan University (antiga Manhattan College)”, defendeu. 

Já sobre o curso do Massachusetts Institute of Technology (MIT), ela esclareceu se tratar de um curso online, não se tratando de uma graduação.  Mas, como nunca colocou a especificação, isso levou a confusão. 

“Sobre Columbia, o maior erro que fiz sobre isso, eu adicionei antes de ter entrado no programa, porque eu descobri um programa acelerado em que você faz algumas matérias e provas de testar o conhecimento, essas provas gerais pré-grad school, e errei em postar estando no meio do caminho nesse processo”, confessou.

Uma comissão independente foi criada para apurar as causas do acidente paralelamente ao inquérito oficial. Restos do ônibus espacial foram organizados num grande galpão para as análises (foto). O relatório de 400 páginas foi apresentado após 7 meses de trabalhos. NASA Domínio Público
Entre os destroços recuperados, havia sobreviventes: minhocas armazenadas em caixas de Petri (usadas para armazenamento de organismos destinados a pesquisas). Elas serviam para pesquisas biológicas sobre o efeito da gravidade na fisiologia dos seres vivos. Domínio público
Todas as partes de corpos humanos encontradas foram transportadas no dia 5 de fevereiro para as instalações mortuárias da base área de Dover (foto), em Delaware, equipada para receber corpos expostos a produtos químicos perigosos e fazer a identificação. Miami VP Domínio público
Três dias antes de morrer, os astronautas do Columbia fizeram 1 minuto de silêncio em memória dos 7 colegas mortos na explosão do ônibus espacial Challenger, em 28/1/1986. Mal sabiam que seriam as próximas vítimas. NASA Domínio Público
A família de Ilan estava atônita. O pai se preparava para uma entrevista (na foto, com microfone) quando viu as imagens da explosão. Sobrevivente do Holocausto, ele vivia mais uma tragédia pessoal. Reprodução TV Globo
Em Israel, muitos acompanhavam ao vivo a volta do ônibus, pois Ilan Ramon, que estava a bordo, era o primeiro israelense a viajar ao espaço. NASA - Domínio Público
Em Cabo Canaveral, as famílias que tinham comparecido para ver presencialmente a chegada do ônibus foram transportadas para outros locais. Reprodução TV Globo
Destroços atingiram casas e os moradores foram orientados pela NASA a não tocar em nada porque poderia haver material tóxico. NASA Domínio Público
As buscas foram feitas em três estados: Texas, Louisiana e Mississippi. 83.900 fragmentos foram encontrados. A maioria não passava de meio metro quadrado. Mas também havia peças grandes, como um dos motores principais do foguete, pesando 360 kg (foto), encontrado na Louisiana. NASA Domínio Público
Um piloto de helicóptero que voltava de uma missão viu rastros incomuns e filmou um vídeo (foto) que acabou sendo útil para a investigação. Reprodução YouTube Dobra Espacial
O ônibus espacial foi se desintegrando no ar, formando várias bolas de fogo (foto), quando sobrevoava o Texas, a 63 km de altitude, na volta para o planeta. Faltavam 16 minutos (2.250 km) para a aterrissagem. Reprodução YouTube Dobra Espacial
Na reentrada na atmosfera, o calor causado pela fricção com a atmosfera penetrou na asa esquerda e destruiu sua estrutura. A temperatura atingiu 1.400ºC e os sensores eletrônicos foram destruídos. Reprodução YouTube Dobra Espacial
Engenheiros já tinham percebido, ao revisarem as imagens do lançamento, que um pedaço de espuma (na foto, pedaço amarelo indicado pela seta) havia se soltado na decolagem e tinha danificado a proteção de carbono da asa esquerda. Esse problema era considerado comum, mas foi fatal. Reprodução YouTube Dobra Espacial
Dezesseis minutos antes do pouso, eles informaram ao centro de controle em terra que havia um problema com um dos instrumentos no painel de comando. Foi o último contato da tripulação com a Nasa. Reprodução YouTube Dobra Espacial
Eles voltavam da 28ª missão do ônibus espacial, realizada para pesquisar os efeitos da falta de gravidade em insetos e flores. NASA Domínio público
Pelo Columbia, passaram 160 tripulantes. Os últimos foram David Brown, Rick Husband, Laurel Clark, Kalpana Chawla, Michael P. Anderson, William C. McCool e Ilan Ramon (em ordem, na foto). NASA Domínio Público
O foguete permaneceu, ao todo, dez meses em órbita (precisamente 300 dias, 17 horas, 40 minutos e 22 segundos). Percorreu 201,4 milhões de quilômetros. Reprodução YouTube Dobra Espacial
A história do Columbia começa em 12/4/1981, quando ele foi lançado pela NASA, a agência espacial americana. Em 27 anos, o Columbia fez 124 voos e 4.808 órbitas Reprodução YouTube Dobra Espacial
Os 7 astronautas a bordo morreriam de forma trágica, 16 dias depois, em 1 de fevereiro, quando o ônibus explodiu no ar no retorno à Terra. NASA - Domínio Público
Um dos momentos mais trágicos da história foi a explosão do ônibus espacial Columbia. Em 16 de janeiro de 2003, a nave decolou para a missão derradeira. NASA Domínio público

Por fim, Gabriela pergunta sobre o curso de piloto, que seria necessário para a missão especial da Titans. “No final de 2022, recebi uma bolsa para meu treinamento como piloto na escola VelAir no Carlos Prates, para fazer todas as licenças com eles. Em 2023, realizei aulas e voos até me mudar. Então assim que voltar ao Brasil, agora que a escola está na Pampulha, vou continuar meu treinamento como piloto, e a Titans Space me prometeu e publicou no LinkedIn que vão investir no meu treinamento também, principalmente como piloto”, respondeu Laysa.

Relembre o caso

A mineira Laysa Peixoto viralizou nas redes sociais após afirmar ser astronauta e estar selecionada para um voo espacial em 2029 pela empresa privada Titans Space. Aos 22 anos, Laysa declarou que fará parte da turma oficial de astronautas de 2025 e será a primeira brasileira a viajar ao espaço nessa missão inaugural. Ela também deu diversas entrevistas e palestras em que ela afirmava liderar pesquisas na NASA e estar matriculada em cursos de pós-graduação nos Estados Unidos.

No entanto, a Agência negou que Laysa tenha participado de qualquer treinamento oficial para astronautas e afirmou que ela não está no atual processo de seleção da agência. Já a UFMG, em que a mineira afirmou ter estudado, confirmou que a estudante foi desligada do curso de Física em 2023, enquanto a Universidade Columbia, citada por Laysa como local de mestrado, não encontrou registros de matrícula. 

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Já a Titans Space, empresa privada que oferece voos espaciais turísticos, confirmou a seleção da mineira para um programa de treinamento que deve durar vários anos, mas ainda não possui licença oficial para realizar voos comerciais tripulados. Até o momento, sequer possui uma nave espacial. 

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