MG: romeiros terão pista exclusiva em BR para celebração
São esperados 155 mil romeiros para as celebrações de Nossa Senhora da Abadia
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Siga noHá mais de 150 anos, a cidade de Romaria recebe quase 1 milhão de católicos para as celebrações de Nossa Senhora da Abadia, em julho e, principalmente, agosto. Mais de 10% dos fiéis são romeiros, que cruzam a rodovia BR-365 a pé, em peregrinação ao Santuário no Triângulo Mineiro. Em 2025, pela primeira vez, terão uma passagem exclusiva, fora da rodovia, para sua caminhada de fé.
Batizada pela concessionária EPR Triângulo de RomeiroVia, a estrada dos peregrinos será oficialmente liberada em 30 de julho, quando os trabalhos terão sido concluídos. São 100 quilômetros da via feita em paralelo à BR-365, que dará acesso à cidade de Romaria no trecho concedido à EPR, entre Uberlândia e Patrocínio.
A RomeiroVia tem três metros de largura e é, na maior parte do trecho, de terra compactada. Em alguns pontos, como no início da via, há a aplicação de material fresado para pavimentação. Sempre com sentido em oposição a sentido da rodovia, para melhor visualização de automóveis.
O percurso foi pensado ainda em 2024, quando cerca de 155 mil romeiros saíram de Uberlândia e Patrocínio em direção a Romaria. A concessionária tinha começado a operar há menos de um ano na BR-365 no Triângulo Mineiro.
"Me surpreendi (com o número de romeiros). Em 2024, montamos faixas de rolamento específicas para romeiros. Em 2025, entedemos que deveríamos fazer algo para maior segurança. Nos colocamos como gestores desse planejamento", explicou o diretor-executivo da EPR Triângulo Alejandro Radice.
Em cerca de 15% do traçado, porém, as pessoas ainda terão que sair da faixa de domínio e enfrentar o asfalto, uma vez que a travessia de cursos d'água e partes do relevo impossibilitam que os romeiros andem ao lado da BR-365. Haverá sinalização específica nos aproximadamente 15 quilômetros sem a RomeiroVia.
A prevenção a acidentes é uma discussão antiga em busca de uma solução segura para a caminhada até Romaria. Ainda em 2019, quando a BR-365 entre Uberlândia e Patrocínio estava sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o Ministério Público Federal pediu na Justiça, em uma possível duplicação da rodovia, que fosse construída uma passagem paralela aos romeiros.
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Estrutura
Além da abertura da via para os peregrinos, existem a manutenção do percurso e pontos de apoio para quem viaja para as comemorações do dia Nossa Senhora da Abadia, que vão até dia 15 de agosto. Para isso, a equipe operacional da concessionária conta com 100 pessoas, com a inclusão de duas ambulâncias extras para atendimento no trecho.
É histórico o trabalho individual e de entidades que montam barracas de apoio aos romeiros ao longo do caminho até Romaria. Junto à via aberta para os fieis, foram organizados 30 pontos de paradas com barracas, postos de serviços e bases que a concessionária oferece, tanto na saída de Uberlândia, quanto na partida de Patrocínio.
Também foram abertos 24 bolsões que poderão ser usados como estacionamentos. "Muitos veículos de familiares a amigos paravam nos acostamentos para dar apoio aos romeiros. Isso traz potencial de risco. Os estacionamentos espalhados pela rodovia resolvem essa questão", disse Radice.
Um guia do romeiro foi criado pela EPR em parceria com Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais e polícias Militar e Rodoviária Federal com informações sobre a RomeiroVia e estrutura montada em 2025.
Acidentes e medo
Por sete anos, entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, a romeira Adalgisa Pereira Lemos percorreu a pé os 90 quilômetros entre Uberlândia e Romaria. Naquela época, não havia qualquer estrututa de segurança na BR-365 ou mesmo sinalização específica para quem fazia a caminhada.
"Era um caminho muito perigoso, sem acostamento, quase não tinha policiamento, buracos na pista que faziam os carros desviarem para próximo de nós, época de queimada", contou.
Em 2002, ela viu um acidente grave com romeiro. "O retrovisor de uma carreta bateu no rapaz e o derrubou no meio da pista. Os familiares que ficaram com ele. Ficamos um bom tempo no local e a assistência demorou. Não tinha nada de imediato", contou a romeira.
Mais recentemente, cones passaram a ser colocados em trechos da BR-365 de forma a organizar corredores para os peregrinos. Nos últimos sete anos, a romeira Michelle Waine foi até Romaria, mas disse que mesmo esse tipo de estrutura era insegura. "Quando não tem um acostamento e passa algum caminhão, a gente tem até que parar (por causa da proximidade)", disse.
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Ela espera que a chamada RomeiroVia traga uma solução. "Vai ajudar bastante. Talvez até aumenta também o número de pessoas que vão a pé. Muita gente não vai porque também tem medo", afirmou Michele.