Alceu e Orquestra Ouro Preto encantam público na Praça da Liberdade
Em apresentação gratuita neste domingo, Alceu Valença emociona multidão na Praça da Liberdade com clássicos como 'Anunciação' e 'La belle de jour'
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Siga noEm uma noite marcada por emoção e repertório impecável, Alceu Valença e a Orquestra Ouro Preto encantaram milhares de pessoas na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, neste domingo (27/7). O concerto gratuito, parte das celebrações de 25 anos da instituição mineira, foi recebido com entusiasmo por um público que chegou cedo e acompanhou, em coro, cada canção do início ao fim.
O show começou por volta das 18h, já com a noite caindo sobre o coração da capital mineira. Mas desde muito antes, o entorno da praça já estava tomado por uma plateia ansiosa. Grupos de amigos, famílias e fãs de todas as idades se reuniram para garantir um bom lugar.
Ao som dos primeiros acordes, a multidão respondeu com entusiasmo. Entre o público que lotou a Praça da Liberdade estava Cândida Erhadt Moreira, de 43 anos, que assistiu ao espetáculo acompanhada do marido, Rodrigo Moraes Pinto, de 50. Fã de longa data, ela conta que a admiração por Alceu Valença vem da adolescência. “Desde que me entendo por gente, sou fã dele. Acho que comecei a ouvi-lo com uns 15 anos. Sempre gostei, principalmente da fase do Grande Encontro”, relembra.
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Cândida diz ter saído encantada com a noite. “Foi uma honra estar aqui. Adorei o evento, estava tudo muito bom. Um show como esse é um presente”, afirmou, ainda emocionada. Para ela, a música de Alceu faz parte de sua formação afetiva e cultural. “Desde que me entendo por gente que eu gosto de música, escuto música e sou fã do Alceu", disse.
Fernanda Almeida também esteve presente no concerto e descreveu a experiência como “um aconchego para a alma”. Fã do artista desde criança, por influência da mãe, ela já havia assistido à apresentação da turnê "Valencianas" em Ouro Preto, na Região Central de Minas, que reuniu mais de 50 mil pessoas. “A energia lá foi surreal, algo que transcende a música. É uma vibração que a gente sente no corpo inteiro”, contou.
Com a confirmação do show em Belo Horizonte, ela e um grupo de amigos se mobilizaram para garantir presença. “Foi um espetáculo, manteve a qualidade técnica, musical e organizacional. Ainda mais sendo na Praça da Liberdade, que, por si só, já tem esse valor cultural. Foi uma delícia de domingo, que eu até achei que era sábado, de tão leve que estava o clima”, brincou.
Repertório consagrado
O repertório apresentado na Praça da Liberdade é baseado nos álbuns "Valencianas I" e "II", frutos dessa união entre Alceu e a orquestra. O primeiro álbum foi pensado para celebrar os 40 anos de carreira de Alceu, enquanto o segundo foi gravado ao vivo no Porto, em Portugal. Com arranjos do maestro Mateus Freire, direção de cena de Paulo Rogério Lage e regência e direção musical do maestro Rodrigo Toffolo, as músicas ganham nova roupagem.
A combinação entre violinos, violoncelos, metais e a voz marcante de Alceu deu nova dimensão a músicas como "La belle de jour", "Tropicana", "Coração bobo" e "Anunciação". Clássicos consagrados, que ganharam frescor com os arranjos orquestrais e foram recebidos com entusiasmo pelo público, que cantou junto do início ao fim.
Mas a noite também teve espaço para surpresas: canções menos conhecidas, como "Borboleta", "Tesoura do desejo" e "Solidão", emocionaram os presentes. “Quem já conhece, vai ouvir exatamente o que foi gravado. Quem for pela primeira vez, vai se impactar com os arranjos”, adiantou Toffolo, antes da apresentação, o Estado de Minas. A promessa foi cumprida.
Para Fernanda Almeida, que esteve entre o público na Praça da Liberdade, o evento reafirmou a força da música como expressão cultural ampla. “Não é só um nicho, é muito maior. Estou apaixonada. Minha mãe também. Todo mundo ao redor ficou encantado”, descreveu.
Essa foi a quarta vez que a Orquestra Ouro Preto se apresentou na Praça da Liberdade. A última foi em 2023, com o espetáculo "Rotorquestra de Liquidificafu", em parceria com a banda mineira Pato Fu.
Para Rodrigo Toffolo, usar o espaço público como palco reforça um dos principais propósitos do grupo: tornar a música acessível a todos. “Estar com Alceu é uma aula de música. Quando tocamos com ele, a gente sempre sai maior de quando entrou. Ver as formas de ele pensar e de conduzir os arranjos com a orquestra é muito rico”, afirma o maestro.
Sucesso que atravessa fronteiras
A apresentação na capital mineira vem logo após uma bem-sucedida turnê internacional do projeto "Valencianas". Alceu Valença e a Orquestra Ouro Preto passaram por sete cidades da Europa, dentre elas Paris, Londres, Berlim e Amsterdã. A recepção, segundo o maestro Rodrigo Toffolo, superou todas as expectativas. “Esgotamos todas as datas. Foi muito melhor do que poderíamos sonhar”, afirma. Em Londres, por exemplo, os ingressos se esgotaram dois meses antes do concerto. “São salas imensas, com capacidade para mais de 2 mil pessoas”, revelou Toffolo.
Ao EM, o regente ainda adiantou que a turnê foi registrada em vídeo e vai render um documentário, ainda sem data de estreia confirmada. “Alceu é um furacão. Por onde ele passa, deixa uma marca. Muita gente vai se emocionar ao ver o que a gente viveu lá fora”, diz Toffolo, que ainda tenta assimilar a experiência. “Sentado no meu sofá em casa, ainda não consigo entender o que aconteceu. O mais legal é que descobrimos um equilíbrio entre brasileiros e estrangeiros nas plateias”, reflete.
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A parceria com o cantor pernambucano é a mais longeva da história da Orquestra Ouro Preto, fundada em 2000. São mais de dez anos de colaboração, com shows pelo Brasil e fora dele, dois álbuns lançados e uma proposta que une a tradição da música orquestral à vibração da canção popular.