A Justiça decidiu que a delegada Monah Zein não tentou, deliberadamente, assassinar quatro policiais civis. Assim, a servidora não irá a júri popular. Na decisão, a juíza de direito Ana Carolina Rauen Lopes de Souza considerou que "não se vislumbram elementos probatórios mínimos indicativos de dolo homicida por parte da acusada".
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O caso, porém, não está encerrado. As acusações contra a delegada não serão levadas a júri, mas ainda serão analisadas por uma vara criminal comum. Monah poderá responder por crimes como tentativa de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e disparo de arma de fogo.
A magistrada salientou que Monah não foi inocentada. "A absolvição sumária só tem lugar quando a invocada excludente despontar nítida e irrefutável do material probatório. Assim, a versão somente terá acolhimento nesta fase quando as provas forem inequívocas no sentido de que a acusada, utilizando-se moderadamente dos meios necessários, repeliu injusta agressão, atual ou iminente. E não é essa a hipótese dos autos", ponderou.
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Procurado pelo Estado de Minas, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que "irá avaliar a decisão e as medidas a serem adotadas." A reportagem tenta contato com Monah Zein e atualizará esta matéria caso haja retorno.
Entenda o caso
A suposta tentativa de homicídio teria ocorrido no dia 21 de novembro de 2023, quando os quatro policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core) compareceram à porta da casa de Monah com o alegado objetivo de dialogar com ela e ampará-la.
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Naquela ocasião, a delegada deveria retornar ao trabalho após o fim de uma licença médica, mas permaneceu ausente. Além disso, a servidora teria postado uma mensagem em um grupo de trabalho no WhatsApp que, segundo a denúncia apresentada pelo MPMG, tinha "cunho suicida".
A servidora também realizou uma transmissão ao vivo, na qual afirmou que vinha sofrendo episódios de assédio moral no trabalho e que, logo após o fim de suas férias, os "atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores" voltaram a acontecer. Aos mais de 700 espectadores, a delegada disse ter apresentado denúncias sobre o que estava passando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.
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Inicialmente, a delegada teria afirmado que não precisava de ajuda, mas a tensão entre as partes foi crescendo. Os policiais chegaram a disparar armas não letais contra Monah. Por sua vez, a delegada teria dado quatro tiros, sem, contudo, ferir os agentes da Core. O cerco permaneceu por 32 horas, até que a delegada foi retirada do imóvel e presa.
A juíza considerou que esses “fatos se mostram nebulosos desde o seu nascedouro”. Ainda de acordo com a sentença proferida pela magistrada, “não se pode negar que a forma escolhida para abordagem da ré em sua residência teve um impacto essencial em todo o ocorrido, que acabou tomando uma proporção avassaladora”.