Boletim InfoGripe divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na quinta-feira (17/7) indica diminuição de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na maior parte do país, embora os números permaneçam altos. Em Minas, porém, segundo o levantamento, há sinais de retomada do crescimento de casos de SRAG em idosos, embora ainda não seja possível identificar o vírus responsável por esse aumento.

O levantamento é relativo à semana epidemiológica 28, de 6 a 12 de julho. A Prefeitura de Belo Horizonte, no entanto, informou que desde a semana epidemiológica 22 (25 a 31 de maio), identificou uma tendência de queda nos pedidos de internação em decorrência de SRAG.

O estudo da Fiocruz mostra também que crianças menores de 2 anos são as mais afetadas pela SRAG, com o vírus sincicial respiratório (VSR) como principal causador. Já em idosos, a influenza A é a principal responsável por hospitalizações e mortes. Minas também está entre os estados que seguem em níveis de incidência de moderado a alto para casos de SRAG associados à influenza A. 

Desde o início do ano, 7.660 pessoas morreram vítimas de SRAG no Brasil. Destas, 4.112 (53,7%) testaram positivo para algum vírus respiratório, 2.828 (36,9%) tiveram resultado negativo e 154 (2%) ainda aguardam confirmação laboratorial. A maioria das mortes (54,7%) foi causada por influenza A, seguida por COVID-19 (23,3%), VSR (10,7%), rinovírus (10,2%) e influenza B (1,7%).

Em Minas, são 1.500 mortes contabilizadas, segundo o Painel de Doenças Respiratórias da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).


ALERTA

A pesquisadora do InfoGripe Tatiana Portella ressalta que a tendência de retomada no crescimento dos casos de SRAG em idosos é um sinal de alerta para as próximas semanas. “Na tendência de longo prazo, que corresponde às últimas seis semanas, temos uma variação negativa, mostrando uma queda. Mas nas últimas três semanas, essa tendência parece que quer se reverter. É como se a ponta da curva estivesse inclinada para cima”, explica. 

Segundo Tatiana, essa tendência pode ser uma variação de dados, que os pesquisadores chamam de oscilação. “Não sabemos se é uma tendência que vai se manter e teremos, realmente, uma retomada. Mas é um alerta e preocupa porque não só parou de cair, mas mostra um sinal de reversão da queda.”
Apesar de o alerta ser para os idosos, a pesquisadora destaca que todas as faixas etárias têm mostrado desaceleração da queda de casos. “Mas o sinal de reversão está mais forte nos idosos. Não sabemos também o vírus que pode estar causando essa possível retomada.”

Por isso, a população deve redobrar os cuidados. “Vacinação, tanto contra influenza quanto contra COVID. Usar máscaras em lugares fechados, com maior aglomeração de pessoas. Com o aparecimento de sintomas de gripes e resfriados, se possível, fazer o isolamento em casa para evitar transmitir o vírus. Além da etiqueta respiratória: lavar sempre as mãos e evitar compartilhar utensílios de uso comum.”

Tendência em BH

Apesar do alerta decorrente do boletim InfoGripe da Fiocruz, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informa que houve queda nos pedidos de internação por doenças respiratórias na capital. “Cabe destacar que, desde a semana epidemiológica 22 (25 a 31 de maio), a Secretaria Municipal de Saúde identificou uma tendência de queda nos pedidos de internação. Considerando todas as faixas etárias, o total de solicitações caiu de 716 para 359”, disse a PBH, em nota. 

Segundo o Executivo Municipal, neste ano, foram registradas 12.030 solicitações de internação motivadas por doenças respiratórias na rede SUS da capital. Desse total, 2.607 foram para crianças menores de 1 ano e 4.393 para pessoas com 60 anos ou mais – faixas etárias mais suscetíveis à internação por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Em 2025, já foram aplicadas, na capital, mais de 926 mil doses da vacina contra a gripe. Desse total, cerca de 383 mil foram administradas nos grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde: crianças de 6 meses a 5 anos, 11 meses e 29 dias (49,2%), idosos com 60 anos ou mais (63,5%) e gestantes (28,9%). A cobertura vacinal em Belo Horizonte alcançou 59,7%, sendo que a meta é de 90%.


CASO FULMINANTE

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e o Ministério da Saúde ainda investigam casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com evolução rápida em São Francisco, no Norte de Minas. Três pessoas que participaram de uma festa na zona rural do município entre 27 e 28 de junho apresentaram sintomas graves e duas delas morreram em curto espaço de tempo. O terceiro paciente foi internado no hospital municipal da cidade e já recebeu alta. Além disso, outras pessoas que estiveram no mesmo evento relataram sintomas inespecíficos. Todas elas têm vínculo familiar ou tiveram contato entre si.

Em nota, a SES-MG informa que, até o momento, foram detectados resultados laboratoriais para influenza, rinovírus, parainfluenza tipo 4 e vírus sincicial respiratório. “Todas as amostras analisadas para hantavirose, leptospirose e meningites bacterianas apresentaram resultados negativos. Amostras clínicas continuam sendo examinadas para confirmação etiológica e exclusão de outras hipóteses diagnósticas. As averiguações seguem em andamento, inclusive com equipes em campo coletando informações para novas análises. Nesse sentido, é necessário aguardar os resultados para conclusões definitivas”, diz o texto.
O Ministério da Saúde, também em nota, informou que atua em parceria com a SES-MG e a Secretaria Municipal de Saúde de São Francisco para apurar as mortes e internações ocorridas no município no final de junho. 

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“Até o momento, não há evidências de que os casos estejam relacionados a um agente novo ou desconhecido. As causas dos óbitos estão sendo avaliadas individualmente, considerando o histórico clínico dos pacientes. Em um dos casos, a principal hipótese é uma infecção respiratória, pelo vírus Influenza A H1N1, associada a comorbidades pré-existentes.”

O Ministério da Saúde reforça que não há, até o momento, indicativo de surto ou risco à população, e que todas as medidas necessárias estão sendo adotadas em articulação com as autoridades locais e estaduais. (Com Agência Brasil). 

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