A Lagoa da Pampulha, um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte, poderá voltar a receber embarcações turísticas até o fim de 2025. A liberação foi anunciada pelo prefeito Álvaro Damião (União Brasil) em entrevista à Rádio Tupi, do Diários Associados, nesta quinta-feira (24), que confirmou a existência de laudo técnico da Marinha autorizando a navegação. O processo, segundo ele, está em fase final de preparação e deve incluir esportes aquáticos, com segurança e controle ambiental.
As atividades como natação, pesca e navegação estão proibidas na Pampulha desde 1968, por causa da poluição e do risco à saúde pública. Essas restrições foram reforçadas recentemente por meio de um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, o que torna o novo plano da Prefeitura ainda mais simbólico. “Tudo está sendo preparado para que, até o fim do ano, a lagoa possa ser usada com responsabilidade. Ainda não será possível mergulhar, mas navegar, sim”, disse o prefeito.
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Luís Henrique Satler, de 52 anos, é funcionário público, mora no interior do estado e estava passeando com a família pela capital nesta quinta. Ele acredita que a novidade anunciada pelo prefeito vai favorecer o turismo. "Esse mundo político de promessas é complicado, mas parece que agora vai", diz.
Já o motorista José Carlos de Carvalho Gomes, de 54, está pessimista quanto à execução do projeto. "Eu acho uma ideia boa, mas na prática, todos que vieram antes dele disseram a mesma coisa. A população de BH está cansada de promessas. E, particularmente, duvido que isso vai acontecer. Se ele fizer mesmo, serei o primeiro a vir aqui para dar a ele os parabéns, mas eu, como bom mineiro que sou, eu duvido. Espero que eu esteja errado porque seria ótimo para a cidade", afirma.
No dia 8 de julho, uma visita técnica foi realizada por representantes da Capitania Fluvial de Minas Gerais, da Marinha do Brasil, e da Prefeitura de BH. A inspeção ocorreu a bordo de uma balsa de manutenção e serviu para apresentar os contratos e métodos utilizados pela administração municipal na conservação e limpeza da lagoa.
Em resposta ao Estado de Minas, a Capitania informou, na ocasião da visita, que está disponível para orientar tecnicamente o ordenamento da Pampulha, com foco em segurança da navegação, salvaguarda da vida humana e prevenção da poluição hídrica. “Por se tratar de uma visita preliminar, informações como as condições de navegabilidade do local serão avaliadas no decorrer do desenvolvimento do projeto”, destacou o órgão.
Para viabilizar o retorno da navegação, a PBH criou um grupo de trabalho intersetorial com representantes das secretarias de Esportes, Políticas Urbanas, Guarda Civil Municipal e outros órgãos. A proposta é construir os instrumentos legais e operacionais necessários para a regulamentação definitiva das atividades aquáticas.
Segundo a Prefeitura, os avanços na despoluição da Pampulha vêm sendo acelerados nos últimos meses. Durante evento realizado no dia 16 de maio, o prefeito revelou que apenas entre janeiro e abril deste ano, foram retiradas cerca de 600 toneladas de lixo flutuante da lagoa, uma média de 125 toneladas por mês.
A limpeza intensiva é uma das etapas fundamentais para a retomada da navegabilidade. Associar a possibilidade de atividades aquáticas à qualidade da água é, segundo técnicos, uma forma concreta de mensurar os avanços ambientais. “A condição da água é o que define se nadar, pescar ou navegar são possíveis. E estamos trabalhando para tornar isso realidade”, afirmou Damião.
Estruturas flutuantes
Outro ponto importante do processo de revitalização é a instalação de quatro estruturas flutuantes azuis, com aparência de caravelas, que estão ancoradas desde abril em áreas estratégicas da orla: o Mineirinho, o Parque Ecológico, o Museu de Arte da Pampulha e a Praça de Iemanjá.
Com 5 metros de comprimento, 3,5 metros de largura e 3 metros de altura, as estruturas fazem parte de uma parceria entre a Zurich Seguros e a startup Infinito Maré. Elas funcionam como filtros naturais, atraindo algas nativas, promovendo biodiversidade e formando turfas matéria orgânica que se acumula a partir da decomposição de vegetais aquáticos. O projeto utiliza uma Solução Baseada na Natureza (SbN), tecnologia inovadora para recuperação de ecossistemas aquáticos.
A Zurich Seguros e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informaram que ainda não foram divulgados os resultados das estruturas na lagoa, instaladas há quase cinco meses.
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Nova fase
Se o cronograma for cumprido, a Lagoa da Pampulha voltará a ser navegável ainda este ano, após mais de cinco décadas de proibição. A última vez que o local recebeu embarcações em caráter turístico foi nos anos 1970. A expectativa da Prefeitura é transformar a lagoa em um espaço de lazer integrado, com atividades sustentáveis e seguras para moradores e visitantes. “Essa será a nova imagem da Pampulha: viva, limpa e acessível para todos”, declarou Álvaro Damião.