BH: lixo acumulado em calçada revolta moradores do Mangabeiras
Segundo moradores, caminhão de coleta não atende trecho no fim da Avenida José do Patrocínio Pontes, próximo à entrada de parque
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Siga noMoradores da Avenida José do Patrocínio Pontes, no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, reclamam que a coleta de lixo não tem sido realizada regularmente. O Estado de Minas esteve na via na última terça-feira (29/7) e constatou o acúmulo de resíduos nas calçadas. Segundo os relatos, o lixo estava no local há cerca de uma semana. As casas afetadas ficam no fim da via, próximo à entrada do Parque Municipal das Mangabeiras.
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Ivete Ottoni de Carvalho, de 71 anos, mora na avenida e conta que, desde o início do ano, os moradores notam que o caminhão de limpeza da prefeitura passa pelas ruas próximas, mas não atende ao trecho em que mora. “Eu moro aqui há 50 anos. Desde o início de 2025 temos essa dor de cabeça, o lixo fica ali semanas”, conta.
Outro morador, José Eduardo, de 76 anos, também lamenta a situação. O advogado mora há 30 anos no local e conta que observa a situação de perto. “Como aqui é fim de linha, eles fazem retorno e vão embora para casa”, conta.
No site bhmap.pbh.gov.br, usado para consultar o dia e horário da coleta de ruas específicas consta que a coleta de lixo na avenida deve ocorrer de segunda a sábado, à noite. Apesar disso, moradores relatam que o serviço simplesmente não chega até o fim da via.
Impactos e riscos
Com os resíduos acumulados no local, Ivete e Eduardo explicam que animais silvestres, como os quatis, comuns na região, acabam mexendo e rasgando o lixo, deixando a rua ainda mais suja.
Ivete conta que, sabendo da presença de animais no local, os moradores tentam evitar colocar o lixo perto das 5 horas da manhã ou às 17h, mas acaba sendo inútil, já que o lixo permanece ali por semanas. “Fora os [animais] silvestres, [o lixo] ainda atrai baratas e ratos, que entram na nossa casa. Eu tive que adaptar meu portão para não ter risco dos ratos entrarem em baixo”, explica.
O mau cheiro também incomoda e os moradores relatam que quem passa pelo local, onde é comum ver pessoas caminharem ou praticarem atividade física, nota a situação e questiona o descaso. “Já tocaram aqui e perguntaram se a gente não vai fazer nada, porque parece que a calçada está abandonada”, conta Ivete. “Também é um problema estético. Aqui é uma área turística, o turista quer ver lixo?”, questiona José Eduardo.
Os moradores alertam que o acúmulo de resíduos também gera riscos à saúde. “O lixo ajuda a acumular água parada, o que me acende um alerta para a dengue, fora a quantidade de pragas. Minha casa fica cheia de barata”, explica José Eduardo.
Durante as fortes chuvas que atingiram a capital neste ano, outra situação que chamou a atenção da moradora foi o entupimento de um bueiro. Segundo Ivete, a boca de lobo entope de lixo e folhas, o que acaba atrapalhando o escoamento da água. “Entrou água na minha casa, perdi tapetes e cortinas, foi desesperador”, relata.
O que diz a prefeitura
Segundo José Eduardo, o caminhão de lixo não tem seguido o trajeto adequado para alcançar as residências localizadas próximas à entrada do Parque Municipal das Mangabeiras. Ele compartilhou com a reportagem um mapa detalhando o caminho que deveria ser percorrido: o veículo deve acessar a rua pela Professor Lourenço Menicucci Sobrinho, virar à direita na Avenida Patrocínio Pontes (sentido oposto ao das casas) e, logo à frente, fazer um retorno, seguindo em direção ao trecho onde estão as residências. No entanto, ainda segundo o morador, o caminhão segue em direção contrária, ignorando essa manobra e deixando o trecho final da avenida, próximo ao parque, sem atendimento.
A reportagem do Estado de Minas esteve no local na terça-feira (29/7) e registrou resíduos acumulados em frente às casas. As imagens foram encaminhadas à Prefeitura no mesmo dia. Em resposta, o Executivo afirmou que a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) realizou vistoria e constatou se tratar de restos de poda não realizados pela PBH, os quais não são recolhidos pela coleta urbana. A orientação foi para que os moradores levem os resíduos às Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs).
Diante da resposta, a reportagem encaminhou novamente as imagens no dia seguinte (quarta-feira, 30/7), questionando a nota da SLU, já que as fotos mostravam claramente sacos de lixo doméstico e não resíduos de poda. Na quinta-feira (31/7), a Prefeitura enviou uma nova nota, informando que os resíduos foram recolhidos e reforçando que os agentes de limpeza são orientados a realizar a coleta de resíduos domiciliares.
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A PBH afirmou ainda que têm sido registradas diversas ocorrências de descarte inadequado de podas de jardins e quintais sobre os passeios públicos. Segundo o órgão, esse tipo de resíduo, mesmo quando acondicionado em sacos plásticos, não é recolhido pela SLU, conforme diretrizes operacionais.
Mesmo assim, os moradores insistem: o lixo deixado na porta das casas era doméstico, como presenciado pela reportagem. “ O que temos enfrentado agora e em outras ocasiões é o não recolhimento de lixo doméstico mesmo”, reforça Ivete Ottoni. José Eduardo concorda: “Essa resposta da Prefeitura não condiz com o que realmente acontece”, declara.
Limpeza foi feita
Os moradores entraram em contato com a reportagem para comunicar que na manhã desta sexta-feira (1/8) um caminhão de lixo passou recolhendo os resíduos. Além disso, mais tarde a rua foi varrida.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice