Advogado deixa defesa de filho suspeito de matar professora em BH
Criminalista Gabriel Arruda renunciou à defesa de homem acusado de assassinar a mãe após confissão do crime, motivado por problemas financeiros
compartilhe
Siga noO escritório de advocacia representado pelo advogado criminalista Gabriel Arruda comunicou, nesta terça-feira (5/8) que não seguirá na defesa de Matteos França Campos, de 32 anos, acusado de matar a própria mãe, a professora Soraya Tatiana Bonfim França.
No comunicado em vídeo, o escritório afirmou: “Após criteriosa análise, decidimos em não dar prosseguimento à defesa no processo envolvendo a morte da professora Soraya Tatiana. Tal decisão refere-se a valores éticos e morais do nosso escritório. Já afirmamos os nossos sentimentos a todos familiares, amigos e alunos da querida professora Tati, nos colocando à disposição para qualquer esclarecimento”.
Ao Estado de Minas o advogado explicou que a decisão foi tomada após criteriosa análise, baseada em valores éticos e morais do escritório. Após avaliar o caso, optaram por não dar prosseguimento à defesa diante de discordâncias em relação a algumas questões às quais tiveram acesso na investigação.
Leia Mais
Ao Estado de Minas o advogado explicou que o pai do acusado, descrito como uma pessoa exemplar e de boa índole, foi comunicado sobre a decisão e orientado a procurar outro profissional para assumir a defesa. A renúncia será formalmente comunicada à Justiça por meio de documento protocolado no processo para que Matteos possa contratar um novo defensor. A comunicação da decisão ao cliente acontecerá em breve.
O advogado também comentou que o escritório recebeu ataques e mensagens maldosas por atuar no caso, mas que isso não abala os profissionais, acostumados a esse tipo de situação. No entanto, devido à gravidade e repercussão do crime, a equipe optou por não continuar na defesa, focando em outros casos.
Confissão e depoimento
O ex-servidor público foi preso e confessou o assassinato da mãe à Polícia Civil. Em depoimento, alegou estar em colapso financeiro por empréstimos e dívidas com apostas on-line, e cometeu o crime em um momento de surto. Ele contou aos policiais que discutiu com a mãe sobre o descontrole financeiro e, durante a briga, a enforcou. A causa da morte foi registrada como esganadura, termo técnico para asfixia com as mãos.
Matteos chegou a conceder uma entrevista emocionada no dia do enterro da mãe, dizendo que a família estava devastada e pedia apenas respostas. Ele esteve no velório e sepultamento da mãe no Cemitério da Paz, na Região Noroeste de Belo Horizonte, dois dias após a descoberta do corpo. Na ocasião, afirmou: “Não consigo expressar o que estamos sentindo de outro jeito que não seja perdidos e devastados”.
Relembre o caso
Soraya Tatiana Bonfim França desapareceu no dia 18 de julho. De acordo com familiares e amigos, ela planejava ir a uma festa de aniversário com amigas, mas desistiu após sentir um mal-estar. Por volta das 20h20, conversou com o filho, que estava saindo para viajar para a Serra do Cipó. Desde então, não teve mais contato com parentes ou amigos.
Imagens de câmeras de segurança próximas à residência mostraram, naquela noite, dois veículos estacionados na porta do prédio, mas não foi possível identificar ninguém entrando ou saindo do edifício nesse período.
No mesmo dia, Matteos registrou boletim de ocorrência alegando o desaparecimento da mãe. Na ocasião, afirmou ter viajado para a Serra do Cipó e que Soraya teria ficado sozinha em casa. Disse ainda ter tentado contato via mensagens, mas não obteve resposta. Familiares foram acionados para checar o apartamento, e um chaveiro foi chamado para abrir a porta, mas a professora não foi encontrada.
Cinco dias depois, a polícia recebeu uma denúncia anônima que levou à localização do corpo da professora próximo a um viaduto em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os restos mortais foram encontrados cobertos por um lençol. Soraya vestia uma roupa cinza, mas apenas na parte superior do corpo. Ela estava seminua, apresentava marcas de queimaduras na parte interna das coxas e manchas de sangue nas partes íntimas. No local, também foram encontrados seus óculos.
O corpo apresentava inicialmente indícios que levantaram suspeita de violência sexual, mas as investigações descartaram essa possibilidade. De acordo com a Polícia Civil, Matteos agiu sozinho. Em depoimento, confessou ter enforcado a mãe durante uma discussão motivada por problemas financeiros no apartamento onde ambos moravam. Após o crime, ele colocou o corpo no porta-malas do carro da vítima e o abandonou nas proximidades do viaduto.
Segundo as investigações, Matteos enfrentava dívidas relacionadas a apostas e havia contraído empréstimos consignados. A polícia aponta que o acusado “entrou em colapso” após a mãe reclamar da situação financeira. Em 27 de julho aconteceu a audiência de custódia e a Justiça decretou a prisão preventiva de Matteos, decisão assinada pela juíza Juliana Beretta Kirche. O processo corre em segredo de Justiça.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Desde a prisão, o acusado já foi transferido duas vezes: inicialmente para o Ceresp Gameleira, depois para o Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, e, no dia 30 de julho, para o presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice