INVESTIGAÇÃO

Mulher presa em Portugal sedava e asfixiava os filhos, aponta investigação

A suspeita de matar os cinco filhos, em Timóteo, estava foragida e foi presa em Portugal

Publicidade
Carregando...

A Polícia Civil de Minas Gerais aguarda a extradição da mineira Gisele Oliveira, de 40 anos, presa na terça-feira (5/8), em Portugal, suspeita de matar cinco de seus sete filhos biológicos, entre 2010 e 2023, para que seja ouvida e o inquérito que apura os crimes seja concluído. 

Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (7/8), em Ipatinga, no Vale do Aço, as delegadas Talita Martins Soares e Valdimara Teixeira de Paula Fernandes detalharam a investigação do caso, iniciada em 2023, e revelaram que a suspeita sedava e asfixiava os filhos. 

Segundo a delegada Valdimara Fernandes, a investigação teve início quando a quinta morte foi comunicada às autoridades policiais pelo hospital onde a criança foi levada. Foi então que duas mortes, ocorridas em 2019, com intervalo de dois meses e meio entre elas, chegaram ao conhecimento da polícia. As duas primeiras, ocorridas em 2010, com intervalo de 32 dias entre elas, chegaram a ser investigadas na época. Ainda de acordo com a delegada, “a materialidade delitiva restou demonstrada, mas não conseguiram definir a autoria.” 

A investigação apontou ainda que a mulher teria tentado matar o primeiro filho, em 2008. Um remédio usado para matar piolhos teria sido colocado na mamadeira da criança, que recebeu atendimento médico e sobreviveu. Gisele também é suspeita de ter tentado matar o marido, em 2022. Ele deu entrada no hospital com sintomas de intoxicação e se recuperou. A delegada informou ainda que as mortes de 2019 não foram registradas em boletins de ocorrência. Por isso, as autoridades não teriam tomado conhecimento delas. 

Segundo a investigação, a suspeita usava sempre o mesmo método: ela administrava sedativos para diminuir a consciência das crianças e depois as asfixiava. “Concluímos, no decorrer das investigações, depois de dezenas de depoimentos e muitos prontuários analisados, que a redução da consciência foi feita por meio de sedativos.” 

A delegada disse ainda que a necropsia feita em um bebê de 10 meses, morto em 2010, concluiu que a causa da morte foi intoxicação causada por alta dose de um medicamento antidepressivo. “Não é um trabalho fácil; estamos falando de uma investigação que começou em 2010.” 

Denúncia da tia 

As delegadas informaram que a denúncia partiu de uma tia das crianças e não da avó materna, como foi divulgado pela imprensa portuguesa. Segundo a delegada Valdimara Fernandes, a tia teria chegado ao hospital com a criança, reclamando que já era a quinta morte na família. 

O hospital acionou a polícia, e a investigação teve início. A mãe, então, teria sido intimada para depor e fugiu. Foi então que a Polícia Civil pediu a prisão preventiva dela. Segundo as delegadas, a suspeita foi ouvida no inquérito sobre as mortes de 2010.

O filho mais velho, que teria sofrido a tentativa de homicídio em 2008, também foi ouvido pelas autoridades. De acordo com as delegadas, boa parte das investigações partiu do depoimento dele. Segundo o jovem, a mãe continuava tentando medicá-lo, mas ele cuspia os medicamentos. Na época dos fatos, a suspeita teria tentado coagir uma criança a se responsabilizar pelo remédio colocado na mamadeira do menino.

“Todas as crianças eram saudáveis. A mãe não era a cuidadora principal. Os familiares relatam que as crianças passavam um tempo na casa dela e, quando voltavam, estavam diferentes. Há vídeos que mostram as crianças prostradas”, relatou a delegada Valdimara Fernandes.

Em entrevista ao jornal português Correio da Manhã, uma irmã da suspeita acredita que terceiros podem estar envolvidos nas mortes. “Graças a Deus, conseguimos o primeiro passo: uma justiça pelos meninos que morreram há 10 e 15 anos. Tivemos que conviver com a dúvida por muitos anos, angústias e medos”, disse Kiara Ayala.

Segundo as delegadas, Gisele Oliveira é investigada por cinco homicídios qualificados e duas tentativas de homicídio: contra o primeiro filho, em 2008, e contra o marido, em 2022. 

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Justiça para saber se o pedido de extradição da mineira já foi enviado à autoridade portuguesa. 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

“De acordo com o artigo 30 da Portaria 880/2019, que regulamenta os procedimentos relativos ao acesso e ao tratamento de informações e documentos no âmbito do MJSP, a solicitação de acesso em pedidos de cooperação jurídica internacional deve ser realizada junto à autoridade requerente, seja o pedido originário de inquérito policial, procedimento do Ministério Público ou de processo judicial”, informou a pasta, em nota.

Tópicos relacionados:

homic-dio homicidio minas-gerais portugal

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay