Idosos acamados recebem equipamentos de apoio a saúde em periferias de BH
Projeto Viva Mais Periferia entrega equipamentos a 115 idosos acamados de baixa renda que vivem na capital, garantindo mais conforto, segurança e dignidade
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Siga noIlma Parreiras, de 61 anos, está acamada há mais de três anos no bairro Primeiro de Maio, na Região Norte de Belo Horizonte. A limitação de mobilidade, causada por complicações renais, mudou a rotina da família. Nesta sexta-feira (8), Ilma foi uma das idosas da capital mineira contempladas com equipamentos de apoio assistencial por meio do projeto Viva Mais Periferia, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em parceria com o Sistema Divina Providência. Ao todo, 102 idosos em situação de vulnerabilidade vão receber 115 equipamentos de acordo com a necessidade de cada um.
A entrega simbólica ocorreu em uma cerimônia oficial na Unidade Nita Chaves do Centro de Formação Profissional Divina Providência, localizada no Bairro Primeiro de Maio, na Região Norte da capital, e contou com a presença da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania Macaé Evaristo e do secretário nacional da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva.
Entre os itens distribuídos estão camas hospitalares, cadeiras de banho e de rodas, andadores, oxímetros e outros dispositivos destinados a garantir mais conforto e segurança para pessoas idosas acamadas ou com mobilidade reduzida.
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Para a irmã de Ilma, Denise da Consolação, os equipamentos chegam em um momento importante. Ela relata que a família buscava soluções por conta própria e que o atendimento domiciliar tem sido um desafio constante. “É difícil manter o cuidado sem a estrutura adequada. Agora, com esse apoio, vai ficar um pouco mais leve para todo mundo”, afirmou.
Outra beneficiada foi a idosa Ana, de 91 anos, moradora da mesma região. A cuidadora Aline das Graças Marques Barbosa, que a acompanha há três anos, disse que a chegada dos equipamentos deve facilitar o dia a dia. “Vai ajudar bastante para a locomoção e no banho. A gente não tinha acesso a isso antes”, comentou. Ela está acamada há um ano, após cair da cama. Embora não tenha sofrido fraturas, ficou com receio de andar.
O Brasil tem atualmente cerca de 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o equivalente a 15,6% da população, segundo o Censo 2022. Em relação a 2010, o crescimento foi de 56%. A projeção é que um terço dos brasileiros estará nessa faixa etária até 2060.
Minas Gerais é o terceiro estado com maior número de pessoas com 65 anos ou mais. Em Belo Horizonte, o Índice de Envelhecimento é de 128,62 o que significa que, para cada 100 pessoas com até 14 anos, há quase 129 pessoas idosas.
Regiões atendidas
Os bairros atendidos nesta fase do projeto em Belo Horizonte incluem Primeiro de Maio, Cabana Pai Tomás, Olhos D’Água e outras comunidades periféricas da capital. O público foi definido a partir de um mapeamento comunitário feito com apoio de lideranças locais, agentes públicos e trabalhadores sociais.
De acordo com a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania Macaé Evaristo, a realidade desses territórios é marcada por um envelhecimento mais precoce e maior vulnerabilidade social. “As pessoas morrem mais cedo nesses territórios. A gente fala muito de longevidade, mas, nas vilas e favelas, a média de idade é menor. Por isso, estamos trazendo políticas que olhem com prioridade para esse público”, disse durante o evento.
O secretário nacional da Pessoa Idosa Alexandre da Silva reforçou a importância do projeto para garantir dignidade a esse público. “É nosso dever garantir dignidade para os que ajudaram a construir este país. O que estamos fazendo aqui é só o começo. A proposta é replicar esse modelo em outros estados, para que nenhum idoso seja deixado para trás.”
A superintendente do Sistema Divina Providência Dolores Bertila destacou o trabalho direto nas comunidades para identificar as pessoas mais vulneráveis. “Foi um desafio convencer as pessoas idosas, porque era necessário entrar nas residências. Mas, como nossa equipe já é da comunidade, conseguimos fazer esse trabalho com muito respeito. Não conseguimos atender a todos, mas alcançamos os 115 idosos mapeados.”
Foco na vulnerabilidade
O Viva Mais Periferia é um projeto piloto que deve ser ampliado para outros estados. A proposta envolve três etapas: mapeamento, entrega dos equipamentos e avaliação dos resultados. A iniciativa é financiada por meio de edital público e faz parte de uma política nacional voltada à população idosa que vive em áreas periféricas ou rurais com menor acesso a serviços públicos.
Entre os equipamentos distribuídos estão cama hospitalar com colchão e grade de proteção, cadeira de banho reforçada, lavatório portátil para acamados, almofadas ortopédicas de posicionamento, CPAP, andadores e organizadores eletrônicos de medicamentos.
Segundo a ministra Macaé Evaristo, o envelhecimento da população tem ocorrido de maneira desigual no país, com impactos mais duros sobre quem vive em territórios com maior vulnerabilidade. “Muitas vezes o Estado não chega a esses lugares. O projeto busca mudar isso, levando assistência para dentro das casas”, disse.
Outras políticas públicas
Durante a cerimônia, a ministra também comentou outras ações da pasta. Uma delas é a destinação de 3% das unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida para pessoas idosas em situação de rua. Outra frente é a criação de Pontos de Apoio de Rua, com acesso a banho, lavanderia, água potável e alimentação. Na área da saúde, o governo federal retomou o programa Mais Médicos e lançou o Mais Especialidades, com foco em ampliar o acesso a médicos especialistas.
Macaé também destacou os desafios enfrentados por pessoas idosas que vivem em regiões controladas por facções ou milícias. “Levar o Estado para esses territórios é um passo necessário para garantir direitos. O projeto busca justamente alcançar quem, muitas vezes, fica invisível nas políticas públicas”, afirmou.
Conheça o SDP
O projeto Viva Mais Periferia conta com o apoio do Sistema Divina Providência (SDP), instituição do Terceiro Setor que atua em diversas áreas, como assistência social, educação, saúde, cultura e formação profissional. Criado em 1973, o SDP já impactou mais de 10 milhões de mineiros ao longo de mais de 50 anos, sendo a maior Organização da Sociedade Civil de Minas Gerais em estrutura e diversidade de atendimento.
Com 17 unidades em seis cidades e presença em mais de 50 municípios, a instituição beneficia mensalmente cerca de 22 mil pessoas entre crianças, jovens, adultos e idosos, por meio de 21 projetos, cinco programas e cinco serviços sociais.
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Para a ministra Macaé Evaristo, iniciativas como essa são essenciais para levar políticas públicas a quem mais precisa. “Muitas vezes o Estado não chega a esses lugares. O projeto busca mudar isso, levando assistência para dentro das casas e garantindo dignidade para os idosos que vivem em territórios vulneráveis”, afirmou.