Clara Maria: Justiça nega pedido de exame de insanidade mental de acusado
Thiago Schafer é acusado de assassinar e ocultar o corpo de Clara Maria Venâncio Rodrigues em março deste ano
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Siga noA Justiça negou, nessa terça-feira (19/08), o pedido da defesa de Thiago Schafer, de 21 anos, apontado como o responsável pelo enforcamento de Clara Maria Venâncio Rodrigues, para que fossem feitos exames de insanidade mental do cliente. Segundo a decisão, não foram verificados elementos que justificassem a solicitação.
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A juíza da primeira instância Ana Carolina Rauen Lopes de Souza afirma que a alegação de insanidade mental deve ser nas fases iniciais da instrução, “quando a questão pode ser adequadamente avaliada dentro do contexto probatório já produzido”. Entretanto, a defesa se manifestou apenas ao fim da audiência.
A magistrada esclarece também que não foi apresentada nenhuma documentação médica que indique o comprometimento da saúde mental do acusado. “Ausente, portanto, fundada dúvida sobre a capacidade de compreensão e autodeterminação do réu no curso do processo, não se justifica, nesta fase processual, a instauração de incidente de insanidade mental”, diz o documento.
Ana Carolina encerra sua decisão intimando as partes para apresentarem alegações finais, no prazo de dois dias, a começar pelo Ministério Público.
O Estado de Minas tentou entrar em contato com o advogado de Thiago Schafer, mas não obteve resposta.
Pedido de exames
Ao fazer o pedido, a defesa do acusado argumentou que, nos depoimentos de testemunhas e do próprio acusado, há indícios de comprometimento de sua saúde mental durante audiência na última terça-feira (12/8). Na segunda-feira (18/08), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) já havia se manifestado contrário à solicitação.
O MPMG declarou que, desde a fase inquisitorial até a presente etapa processual, Thiago apresentou pensamento e discurso organizados e coerentes, sem indicativo que sustente a instauração do incidente de insanidade mental. E que não há provas médicas ou documentos que mostrem que ele tinha algum comprometimento mental relevante.
Ainda segundo o Ministério Público, a defesa de Thiago alegou que ele é dependente químico. No entanto, ser dependente químico não é suficiente por si só para justificar a instauração de um incidente de insanidade mental. É necessário que exista dúvida razoável sobre a capacidade do acusado de entender e decidir sobre seus atos.
Relembre o caso
Clara Maria, de 21 anos, foi encontrada morta na casa de Thiago, no Bairro Ouro Preto, Região da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), em 12 de março. O assassinato ocorreu no dia 9 do mesmo mês, dia em que a jovem desapareceu.
Na noite do crime, Clara avisou ao namorado que iria se encontrar com o ex-colega de trabalho, Thiago, em frente a um supermercado na Avenida Fleming e depois iria para casa. Como ela não retornou, o namorado e amigos em comum iniciaram as buscas.
Thiago tinha uma dívida de R$ 400 com a vítima, contraída quando ambos trabalhavam em uma padaria, localizada no mesmo bairro onde o suspeito morava. No dia do desaparecimento, ele teria entrado em contato com Clara Maria e manifestado a intenção de pagar a dívida.
“Um detalhe importante é que essa dívida não estava sendo cobrada pela vítima, mas foi usada como desculpa para que o suspeito pudesse encontrá-la na noite do crime”, destacou o delegado Alexandre Oliveira da Fonseca em coletiva à imprensa na ocasião.
Qual foi a motivação?
Inicialmente, Thiago afirmou que a intenção ao atrair Clara até a sua casa era subtrair valores da conta bancária dela, por meio do celular. No entanto, ele também declarou que ficou com ciúmes quando, dias antes do assassinato, viu a jovem acompanhada do namorado em uma cervejaria.
Thiago estava sozinho em casa quando foi preso. Os investigadores relataram que já era possível sentir um forte cheiro assim que se aproximaram do imóvel. Logo na entrada, havia uma área de jardim com uma fina camada de cimento aplicada recentemente. A estrutura foi removida com facilidade e parte do corpo de Clara apareceu. O suspeito recebeu voz de prisão naquele momento.
E o segundo acusado?
Lucas Rodrigues Pimentel também foi preso em casa, em Santa Luzia, na Grande BH, acusado de auxiliar na ocultação do corpo. Ele trabalhava na mesma avenida onde fica a padaria onde Clara era auxiliar de cozinha. Foi nesse estabelecimento — localizado no mesmo bairro (Ouro Preto) onde o corpo dela foi encontrado — que ela e Thiago se conheceram.
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Lucas confessou, segundo a Polícia Civil, que nutria ódio pela jovem depois de ter sido repreendido por ela em público após fazer apologia ao nazismo. Depois, teria admitido a amigos que queria ver a jovem morta. Ele e Thiago respondem juntos ao mesmo processo.